Palmeiras e São Paulo fazem neste domingo (4), no Mineirão, a primeira final do futebol brasileiro em 2024. Os campeões do Brasileirão e da Copa do Brasil duelam pela Supercopa Rei , em clássico que promete ser histórico e com bola rolando a partir de 16h (de Brasília).
O caminho para a primeira final nacional da história do Choque-Rei foi pavimentado na temporada passada, com os títulos conquistados por palmeirenses e são-paulinos no segundo semestre. Mas como é que os times evoluíram até levantar os canecos e se garantir em uma decisão logo no segundo mês de 2024?
Abaixo, a ESPN destrincha todo o processo enfrentado por Abel Ferreira e Dorival Júnior (substituído por Thiago Carpini após aceitar o convite da seleção brasileira) e explica como todo esse caminho pode ajudar a decidir o troféu em Belo Horizonte.
PALMEIRAS
Para chegar ao título do Brasileirão, o Palmeiras teve de recalcular sua rota. Foram 11 jogos em uma "nova formação" para o 12° título do torneio. O problema central atendia pelo nome de Dudu . Sem o camisa 7, que perdeu o restante da temporada devido a lesão, a dinâmica ofensiva do Verdão ficou bastante comprometida, ainda mais pelas más fases de Rony e Artur.
A solução encontrada por Abel após um considerável período tateando quais seriam as opções ideais (período esse que incluiu uma dolorosa eliminação em casa para o Boca Juniors na CONMEBOL Libertadores ) foi alterar o sistema tático para um 3-4-1-2, com alas abrindo o campo e liberdade para Raphael Veiga encostar com maior frequência na dupla de atacantes.
A primeira partida dessa nova estrutura foi com vitória por 2 a 0 contra o Coritiba . Mas a confirmação de que a mudança de sistema era o ideal para correr atrás do duodecacampeonato foi uma sonora goleada por 5 a 0 justamente sobre o São Paulo. Protegidos pela segurança de três zagueiros, os alas Mayke e Piquerez alargavam o campo e participavam de dinâmicas ofensivas enquanto que, por dentro, Breno Lopes, Endrick e Veiga combinavam suas características.
Esse "trio de frente" permitiu a Abel ter um Raphael Veiga mais presente na área e um Endrick que muitas vezes baixava entrelinhas para gerar linhas de passe para progredir em campo, seja por meio de controles orientados, seja associando-se com outros companheiros.
Breno Lopes também pôde atacar as costas da linha defensiva, o que potencializou o jogo de Endrick. Trocando em miúdos, um melhorou o jogo do outro. Tais dinâmicas surtiram efeito e geraram gols para o Palmeiras na arrancada rumo ao título, mas, para a Supercopa Rei, o contexto é outro.
Abel não conta com Endrick, mas vê Flaco López melhorar ganhar confiança, assim como tem em Aníbal Moreno um autêntico camisa 5 que pode dar maior liberdade a Zé Rafael em contextos específicos. Nem o próprio São Paulo é o mesmo, agora comandado pelo jovem Thiago Carpini. O campo mostrará como as equipes vão interagir e quais estratégias irão se sobressair.
SÃ O PAULO
Em abril de 2023, Dorival Júnior assumiu um São Paulo com claros padrões de jogo e mentalidade competitiva, mas que esbarrava em tabus e longos anos sem um título de expressão – motivo que, em decisões, jogava contra a equipe. O técnico, então, assumiu a missão: manter o nível de desempenho, mas, dessa vez, sem passar batido.
Ideia incutida e comprada por elenco, restou ajustar questões táticas deixadas por Rogério Ceni. Se com o ex-goleiro a equipe tinha o costume de atacar pelas laterais, o corredor forte passou a ser o central. Dentre outros pontos, como Jonathan Calleri se tornando mais associativo e Alisson ganhando protagonismo como meio-campista box to box ao lado de Pablo Maia. Sem esquecer as chegadas de James Rodríguez e Lucas Moura , que elevaram o nível técnico do time.
O roteiro da conquista, fosse dito ao torcedor antes do início da Copa do Brasil, seria motivo de chacota. Levantar um troféu inédito superando Palmeiras, Corinthians e Flamengo ? A chance podia ser mínima, mas tornou-se realidade.
No mata-mata, Dorival não abriu mão do que tornou o São Paulo tão competitivo ao longo do ano. Saída de bola de pé a pé (com foco no zagueiro Lucas Beraldo , canhoto, conduzindo e rompendo), meio-campistas entre as linhas e atacando a janela entre lateral e zagueiro e pressão pós-perda com gatilhos pré-determinados. A cereja do bolo foi Lucas. Ainda na intensidade da Premier League e livre pelo ataque, destoou.
A bem da verdade, embora qualificados e contando com grandes nomes em seus elencos, Palmeiras, Corinthians e Flamengo fizeram frente apenas por história e pelo que poderiam jogar. Em campo, o São Paulo foi superior durante grande parte de seus confrontos. Com a Copa do Brasil conquistada, o momento era de planejar 2024 baseado nas ideias de Dorival. Mas Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, surgiu.
Com Dorival assumindo a seleção, a gestão do presidente Julio Casares resolveu apostar em Thiago Carpini, que levou o Água Santa à decisão do Campeonato Paulista e, no mesmo ano, assumiu o Juventude na Série B brigando contra o rebaixamento e o conduziu à primeira divisão.
Com menos de um mês comandando o clube do Morumbi, seria heresia decretar qual futebol a equipe de Carpini pratica. No entanto, com quatro partidas disputadas (todas pelo Estadual), é possível analisar seu trabalho em algumas frentes.
Pela ótica das estatísticas, o ESPN TruMedia mostra um desempenho acima da média. De acordo com a plataforma, o time é, entre todas as equipes do Paulistão, líder em vitórias (3), aproveitamento (83,3%), gols marcados (7), minutos para marcar (51,4) e posse de bola (61,7%), além de ter as melhores médias em passes realizados (506,8), passes certos (442,5) e ser o segundo em grandes chances criadas (3,8).
Se olharmos apenas para o campo, o desempenho também não se desprende. Inicial e naturalmente, a maioria dos padrões de defesa e ataque foram mantidos. Sob Carpini, o que mudou foi a forma como a bola é levada ao campo rival e como as bolas paradas ofensivas são trabalhadas.
Com Dorival, o time era mais paciente e acionava menos Calleri pelo alto – ainda que acontecesse. Em 2024, o time, com toques curtos e rápidos, aproveita todo e qualquer campo aberto deixado pelo adversário, assim como busca seu atacante pelo alto em muitos momentos. Detalhes que fazem a diferença (como fez contra o Corinthians).
Thiago Carpini tem mais documentos e munições para estudar seu adversário, visto que o português tem mais bagagem e tempo de cargo. É uma vantagem. Assim como, para Abel Ferreira, é vantajoso encarar um time em início de trabalho.
Próximos jogos do Palmeiras
São Paulo (N): 4/2, 16h (de Brasília) - Supercopa do Brasil
Ituano (C): 8/2, 21h (de Brasília) - Campeonato Paulista
Santo André (F): 12/2, 19h (de Brasília) - Campeonato Paulista
Próximos jogos do São Paulo
Palmeiras (N): 4/2, 16h (de Brasília) - Supercopa do Brasil
Água Santa (C): 7/2, 21h30 (de Brasília) - Campeonato Paulista
Ponte Preta (F): 10/2, 18h (de Brasília) - Campeonato Paulista
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