Exatos 358 dias depois, o São Paulo devolveu a honra e o orgulho a seu machucado torcedor ao superar o Flamengo na soma dos dois jogos da final e ficar com o título da Copa do Brasil . Uma conquista enorme: pelo ineditismo, pelos adversários derrubados ao longo do caminho e pelo significado simbólico e prático.
Porque em 1º de outubro de 2022, o time de Rogério Ceni foi dominado pelo Independiente del Valle em Córdoba, tomou 2 a 0 com direito a baile e viu o título da CONMEBOL Sul-Americana ir por água abaixo. Naquele dia, escrevi ainda da Argentina e aqui mesmo no ESPN.com.br que a equipe conseguiu um feito: humilhar seu próprio torcedor .
Não, não pela derrota, mas como ela se deu. O time foi presa fácil para os equatorianos, não competiu, não guerreou. Sequer viu a bola.
Completamente diferente do que o São Paulo de Dorival Júnior fez em dois domingos seguidos diante de um rival que tem o melhor elenco das Américas. Disputa e vibração a todo momento. Entrega total. E sem medo de agredir o Flamengo. No Rio, a apresentação tricolor foi acima, daí a vitória merecida; na capital paulista, o time rubro-negro até foi superior, mas não a ponto de transformar isto em triunfo.
A coroação veio neste 24 de setembro de 2023. E de uma forma muito melhor: no Morumbi lotado, bem diferente do estádio em Córdoba em que a Conmebol precisou até dar centenas de ingressos a locais para encher um pouco mais os muitos espaços vazios.
Sim, há várias diferenças de peças daquele São Paulo da final da Sula para este da Copa do Brasil . Apenas quatro jogadores que começaram aquela decisão na Argentina iniciaram esta diante do Flamengo: Pablo Maia, Alisson, Rodrigo Nestor e Calleri. Sim, SETE outros jogadores entre os titulares.
Em 2022: Felipe Alves, Igor Vinícius, Diego Costa, Léo e Reinaldo; Pablo Maia, Rodrigo Nestor, Alisson e Patrick; Luciano e Calleri;
Em 2023: Rafael, Rafinha, Arboleda, Beraldo e Caio Paulista; Pablo Maia, Alisson e Rodrigo Nestor; Wellington Rato, Lucas e Calleri.
Dos reforços para este ano, Lucas fez o gol decisivo contra o Corinthians na semifinal e deu no Morumbi, nos minutos derradeiros e após jogadaça individual, a bola do título para Luciano, que perdeu; Rato fez aquele golaço na volta contra o Corinthians e na ida da decisão, no Rio, clareou e inverteu lindamente uma bola da direita para esquerda que chegou para um livre Caio Paulista avançar e dar para Nestor cruzar perfeitamente na cabeça de Calleri. Fatal!
Rafael foi o melhor do São Paulo no jogo de volta, mas Nestor será sempre o lembrado pela torcida: seu golaço pegando de primeira e naquele momento (logo após o gol de Bruno Henrique) vai demorar para sair da memória dos tricolores (se é que sairá). Vai ser tratado como ídolo agora, assim como Rafinha, o capitão, Arboleda (que pecado a lesão nos minutos iniciais, mas Diego Costa, seu substituto, fez uma partida exuberante), Luciano e Calleri.
E a tal máxima?
Explico: com este título, o São Paulo reforçou a máxima de que no futebol é preciso chegar para ganhar. E este São Paulo chega!
Com Diniz, com Crespo, com Ceni, com Dorival. Com o primeiro, semi da Copa do Brasil em 2020, na qual foi eliminado pelo Grêmio mesmo tendo jogado mais na soma das duas partidas; com o segundo, final e campeão do Campeonato Paulista em cima do fortíssimo Palmeiras da ‘era Crefisa’ – ufa, fim da fila, mas um estadual há muito tempo não é uma conquista de primeira prateleira; com o terceiro, ídolo e ícone como jogador, duas decisões, Paulista e Sula, mas dois vices amargos.
Com o quarto e atual, final e título inédito da Copa do Brasil. E derrubando, um a um e nesta ordem, Palmeiras, Corinthians e Flamengo.
O São Paulo de Dorival tem mais qualidade em peças, é verdade, mas é melhor, mais competitivo e sabe sofrer mais não só por isto, mas muito pelo trabalho dele e de sua comissão técnica – e também, é preciso reconhecer, pelo esforço de Muricy, Belmonte e Casares nos bastidores e na administração.
Com este grupo reforçado em setores pontuais, o clube pode almejar mais no Campeonato Brasileiro do ano que vem e, quem sabe, na CONMEBOL Libertadores , na qual já está garantido. Com estes mesmos atletas, precisa se recuperar no Brasileiro atual, e isto já começa na próxima quarta-feira (27) diante do Coritiba , em um Morumbi que deverá receber ótimo público após este título que devolveu, repito, a honra e o orgulho ao torcedor tricolor.
Próximos jogos do São Paulo:
Coritiba (C) - 27/09, 19h (de Brasília) - Brasileirão
Corinthians (C) - 30/09, 18h30 (de Brasília) - Brasileirão
Vasco (F) - 07/10, 18h30 (de Brasília) - Brasileirão
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