O presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Wilson Seneme, disse que o computador no qual o VAR foi utilizado para o jogo entre Palmeiras e São Paulo, na Copa do Brasil, foi resetado pela empresa Hawk-Eye, fornecedora da tecnologia do VAR, e, por isso, não seria possível traçar a linha de possível impedimento de Calleri. Apesar da imagem original resetada, a CBF tem armazenadas as imagens do VAR daquela partida.
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O procedimento de "reset" das máquinas é padrão, geralmente feito imediatamente antes da rodada posterior. No entanto, a CBF guarda armazenados os clipes do VAR deste lance e de todas as competições que organiza no futebol brasileiro.
Então por que mesmo com as imagens a CBF alega que não pode traçar as linhas? A entidade justifica a ausência do procedimento por falta de qualidade nas imagens exportadas.
Veja o que diz a CBF:
"Os clipes da partida foram enviados e ficam armazenados pela Comissão de Arbitragem da CBF para fins de análise e treinamento. Porém, o formato do arquivo retirado do sistema não permite que as linhas virtuais sejam traçadas no padrão de qualidade e resolução do VAR. Por isso, não há como reinserir as imagens no sistema do VAR e simular o procedimento que, pelo protocolo, é realizado durante o jogo."
O caso é semelhante ao que ocorreu na partida entre Bragantino e Botafogo, quando o clube paulista questionou o traçado das linhas em gol anulado de Artur. Mas com a diferença de que, na ocasião, a empresa que opera o VAR admitiu o erro de "calibração" da ferramenta, mas depois, "retroativamente", emitiu nota dizendo que verificou que decisão foi correta. Ou seja, a linha foi traçada novamente antes do "reset" da máquina. Procedimento distinto ao da partida entre Palmeiras e São Paulo.
Como previsto em contrato entre fornecedoras de tecnologia do VAR, após a partida, a empresa (no caso da Série A, é a Hawk-Eye) envia todos lances de VAR para o seu cliente, a CBF, que, por protocolo, precisa repassar as imagens para IFAB e a Fifa - numa espécie de controle de qualidade do VAR. E assim foi feito.
O caso revoltou a diretoria do Palmeiras, que divulgou nota com críticas à Comissão de Arbitragem e à CBF. Os árbitros de vídeo Emerson de Almeida Ferreira e Marcus Vinicius Gomes, que trabalharam no Choque-Rei, foram retirados da escala da CBF para a 17ª rodada do Brasileirão e enviados ao Programa de Assistência ao Desempenho de Arbitragem (Pada).
A Hawk-Eye, braço da Sony que comanda o VAR na Série A desde a implantação no Brasil, tem contrato com a CBF até o fim deste ano e faz o serviço também na Copa do Brasil. Nas Séries B, C e D, o serviço está a cargo da Sportshub.
Desde que chegou à Comissão de Arbitragem, Seneme tenta implantar seu estilo na CBF. Mudou pessoas em toda a equipe que comanda, contratou gente nova e repetiu o procedimento que usava na Conmebol, de divulgação de áudios e vídeos dos lances de uso do VAR.
Jogo polêmico
Ao divulgar o áudio do VAR no último sábado, a CBF admitiu que houve erro da cabine, que esqueceu de traçar a linha para verificar se Calleri estava impedido antes de sofrer o pênalti de Gustavo Gómez que foi marcado com auxílio da arbitragem de vídeo.
Dois dias depois, o Palmeiras solicitou oficialmente que fosse traçada a linha para saber se Calleri estava em condição legal. Porém, Seneme disse não ser viável atender ao pedido da diretoria do clube.
Após derrota por 1 a 0 para o São Paulo no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, o Palmeiras vencia a volta por 2 a 0 quando houve o lance polêmico. Calleri entrou na área e caiu após disputa com Gustavo Gómez.
O árbitro Leandro Vuaden nada marcou, mas foi chamado pelo VAR para rever o lance no monitor. Após a observação apenas do contato entre os dois jogadores - sem que a cabine traçasse a linha -, o juiz marcou o pênalti. Na cobrança, Luciano fez o gol e decretou o placar final da partida. Na disputa de penalidades, o São Paulo levou a melhor e avançou às quartas.
Na entrevista coletiva depois da vitória sobre o Cuiabá pelo Brasileirão, na última quinta-feira, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, deixou claro que permanece irritado com o lance.
– Foi o Palmeiras, mas depois pode ser outra equipe que será prejudicada. Não vai alterar, estamos fora, o São Paulo vai seguir em frente. Que sirva de exemplo. O primeiro passo é assumir o erro, quem assumiu o erro? O segundo é corrigir o erro e melhorar para a próxima vez. O que vale a pena para o bem da verdade esportiva e da credibilidade do futebol.
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