O São Paulo vai dormir este final de semana na zona de rebaixamento do campeonato paulista, desde 1936 não existia um começo de temporada tão ruim como este e, para completar, a defesa do tricolor já é a pior do campeonato em apenas 3 jogos. Todos estes fatos nos esbofeteiam a cara em meio aos rachas - desde o ano passado - do elenco, reforços desorientados e sem forma física, elenco desequilibrados entre jovens inexperientes e mimados, um treinador temperamental e teimoso que não tem energia de união de grupo e, o mais importante e desgastante: uma diretoria desorganizada, bipolar e sem meta esclarecida.





A diretoria de futebol, em conversa nesta tarde de sexta feira (04), afirmou que banca a permanência de Rogério Ceni, não somente para o campeonato paulista, mas por toda a temporada e falou "esquece o Crespo, ele nos fez quase cair no brasileirão". Teimosa que sou, relembrei a diretoria de alguns detalhes que falarei abaixo. Mas já digo, estou na torcida para que Ceni dê certo, afinal, ele está a frente do meu time de alma e finalizo a informação dizendo: não confio em diretoria quando banca técnico.

A torcida tricolor se manifesta nas redes sociais e com tanta confusão rolando em todos os setores, não se podia esperar que os torcedores estivessem em um consenso comum: alguns pedem a volta de Fernando Diniz, outros pedem o retorno de Crespo, outros defendem a permanência de Ceni. Todos, de forma geral, criticam o trabalho da diretoria e o racha dos jogadores.

A grande verdade para começarmos o raciocínio deste texto é que a diretoria já falha há muitos anos, mas especificamente na gestão Casares, a diretoria falha em não perder o comando do vestiário cedendo às reclamações de jogadores e empresários quando deveriam respaldar o cotidiano e a metodologia de cada treinador escolhido.

Foi desta forma, por exemplo, que Crespo caiu. Os jogadores e seus agentes ligavam para os dirigentes reclamando que Crespo passava muitos treinos e proporcionava rodízio demais no elenco, o que deixava os jogadores irritados por não jogar e os empresários mais ainda por sentirem que seus atletas estavam desvalorizando no mercado. A diretoria sentiu-se acuada com tantas reclamações, o presidente Júlio Casares estava internado há um mês se tratando da Covid-19, na época, quando retornou encontrou um quadro insustentável e para demitir Crespo colocaram "a culpa" nas metas estabelecidas para soarem como "gestão profissional".

Esqueceram que Crespo havia entregue e superado todas as metas estabelecidas: era pra chegar nas quartas do Paulistão? Ele ergueu a taça. A meta era chegar nas oitavas da Copa do Brasil? Foi além. Era pra passar da fase de grupos da Libertadores? Por um erro de Volpi quase chegou à semifinal. Mas superou todas as metas e, se tivesse respaldo da diretoria, poderia reverter o brasileirão e pegar G6.

Quando a diretoria deveria ter pulso firme de bancar o planejamento e responder aos jogadores: "este é o perfil de treinador que nós escolhemos, esta é a metodologia dele e você, como jogador, deve cumpri-la e dar o seu melhor no dia a dia durante os treinamentos e em campo". Não, eles cederem, deixaram que o clima de insatisfação crescesse, panelinhas se formassem, fofocas gerassem um clima insustentável e a "solução" era demitir Crespo.

Assim chega Rogério Ceni, com um elenco que se desentrosou e percebemos que os próprios atletas não souberam o caminho de volta quando tiveram que "parar de derrubar o técnico". Por isso, é injusto queimar Miranda, Arboleda, Rigoni, Calleri...os poucos que sempre foram comprometidos e agora sofrem fora de posicionamento tático e tem suas melhores qualidade e características queimadas.

Exatamente neste segundo fator de formação tática está aparcela de responsabilidade de Ceni pelo momento do São Paulo: não é um cara de grupo, é temperamental e arrogante, não conhece bem as características de seus próprios jogadores e, por isso, os escala em suas posições corretas mas com funções desabituais e promove rodízios.



A união de fatores que nos faz dormir na zona de rebaixamento é preocupante e contrastante: se o Ceni, de perfil, é conhecido por não ser um cara de vestiário, como pode dar certo em um grupo rachado sem respaldo de uma diretoria sem pulso? A tendência é vivermos um ciclo de caça às bruxas onde um setor culpará o outro por falta de resultados.

A diretoria, sem pulso com o elenco e sem completar o planejamento mesmo sabendo que não tinha dinheiro para tal mas prometendo a Ceni, vai culpar o técnico (porque culpar e demitir um é mais fácil do que "educar" um elenco de 30 jogadores). Ceni vai culpar a diretoria que não cumpriu suas promessas e os jogadores que não se entregam. Os jogadores paneleiros mimados que se acham joias (70% do elenco) vão culpar o Ceni. E o torcedor.... vai sofrer pra não cair.