Ao mesmo tempo em que há confiança para um acordo, a cada dia a negociação entre São Paulo e Daniel Alves se torna mais tensa. Há boa vontade e diálogo diário entre as partes, mas um fator surge como importante e responsável por aumentar a tensão da conversa: a janela de transferências do futebol brasileiro.
Com a iminência da saída do São Paulo, Daniel Alves tem até o dia 24 para entrar em acordo, assinar a rescisão e acertar com um novo clube. Nesta data se encerram os novos registros para o Campeonato Brasileiro, única competição que o lateral-direito pode ainda disputar em 2021. O jogador de 38 anos disputou apenas seis jogos na Série A.
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A atual temporada ainda surge como importante em um objetivo do veterano: figurar na lista de Tite para a Copa do Mundo de 2022. Daniel Alves está no grupo e foi convocado para a última janela de Eliminatórias; porém, precisa seguir atuando em bom nível para seguir no grupo da Seleção, que já está próxima da vaga.
Diante deste contexto, o São Paulo crê em um acordo de rescisão amigável nos próximos dias, embora esteja ciente do aumento da pressão conforme o tempo passa. O clube não trabalha com o prazo de dez dias, mas quer evitar que as conversas se arrastem por conta do já grande desgaste no caso.
Fontes ouvidas dizem que há “evolução” no diálogo para a rescisão sair em tempo hábil para Daniel, caso queira, mudar de clube no Brasil. As conversas para um acordo ocorriam antes mesmo do ápice da crise entre o lateral e o São Paulo, no fim da semana passada.
Depois do jogo entre Brasil x Peru, na quinta-feira, os representantes de Daniel Alves comunicaram o São Paulo sobre a ausência do lateral no trabalho de sexta-feira. O clube reagiu horas depois e promoveu uma entrevista coletiva com a diretoria, comunicando que o veterano não atuaria mais no Tricolor enquanto houver pendências.
Essas horas só catapultaram a tensão de toda a negociação, que agora tem um tempo limite para Daniel Alves conseguir se resolver e continuar a carreira em outro clube.
Desde o comunicado, fatores extras como postagens enigmáticas do jogador nas redes sociais e a presença de Daniel Alves como pauta no Flamengo serviram para elevar essa temperatura.
Os diálogos diários ainda possuem questões desalinhadas, que o São Paulo espera encerrar logo para evitar novos capítulos na história com o ala, que agora busca receber um milionário débito gerado desde a chegada ao clube do Morumbi.
“Custo rescisão”
O São Paulo reconhece a dívida com Daniel Alves, inclusive publicamente. O valor ultrapassa os R$ 18 milhões por itens no contrato como direitos econômicos, comissões, bônus e premiações, por exemplo. Há alguns conceitos ainda em discussão e que travam as conversas.
A primeira condição exigida pelo clube está no parcelamento da dívida. Pegando exemplos recentes, um corte mínimo de 36 parcelas mensais é adotado como exemplo. Essa divisão vai depender do acordo financeiro a ser fechado.
Nesta questão financeira, as partes ainda se encontram em divergência. Como mostrou o Blog do Menon no UOL, o São Paulo não quer mais arcar com o contrato até dezembro de 2022 assim que sair a rescisão, enquanto o lateral deseja sustentar o pagamento até o fim.
O custo da rescisão também é debatido. Afinal, com o fim do compromisso, o São Paulo vai precisar arcar com pagamentos firmados por lei como FGTS e férias remuneradas, já que Daniel Alves e os outros atletas são registrados em carteira.
O São Paulo espera aliviar parte das contas com Daniel Alves reduzindo esses vencimentos até o fim do contrato. Há casos nos últimos anos dentro do clube em que atletas abriram mão de metade do valor para conseguir a rescisão imediata do compromisso.
O que deu errado?
Dois fatores surgem na autoavaliação são-paulina como fundamentais para os atrasos que culminaram no iminente fim de relação conturbada com Daniel Alves.
Não houve a chegada de patrocinadores para arcar com parte do contrato firmado ainda sob a gestão passada.
A pandemia também atrapalhou o clube. Somente em 2020, o São Paulo perdeu R$ 150 milhões em receitas, em virtude de alguns fatores como o veto ao público no Morumbi e a paralisação do futebol por meses graças à Covid-19.
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