A diretoria do São Paulo optou por não entrar em um embate com Daniel Alves depois que o lateral criticou o clube após a conquista da medalha de ouro, nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A avaliação da direção são-paulina foi de que a maior parte das críticas não tinham relação com a gestão de Julio Casares, que assumiu a presidência no início do ano, mas com a anterior, comandada por Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco.
Daniel Alves foi contratado pelo São Paulo em agosto de 2019. Na época, a ideia do clube era conseguir investidores e usar a imagem do lateral para conseguir receitas que possibilitariam pagar seus salários para aliviar os cofres são-paulinos. A estratégia ficou no papel e a dívida com Daniel Alves atingiu os R$ 11 milhões, como revelado por Julio Casares meses atrás.
Em participação no programa "Os Donos da Bola", em abril, Casares disse que a dívida era composta por direitos de imagens atrasados e por um bônus que foi incluído no contrato de Daniel Alves quando ele fechou com o São Paulo. Já o valor da CLT estaria em dia.
E manter os pagamentos em dia enquanto se reorganiza financeiramente é uma das estratégias da atual direção para lidar com o problema. O próprio Casares sempre fala abertamente em entrevistas que existe uma dívida com o jogador. Isso reforço para a direção a ideia de que a irritação de Daniel Alves não é de agora.
Além de entender que não é o principal alvo dos ataques, a direção são-paulina sabe que um confronto com Daniel Alves poderia resultar em um problema ainda maior. Uma saída antes do fim do contrato significaria o pagamento de uma rescisão, além de uma possível ação do lateral na Justiça para receber tudo que tem direito. Para um clube com uma dívida na casa dos R$ 600 milhões, seria algo bem longe do ideal.
Publicamente, o clube preferiu apenas parabenizar a conquista do ouro e desconversar sobre o assunto. "A diretoria do São Paulo Futebol Clube está focada nas disputas do Brasileiro, da Libertadores e da Copa do Brasil, mas não pode deixar de parabenizar a equipe brasileira que ganhou a medalha de ouro. Felicitamos, também, o lateral-direito Daniel Alves, nosso representante, que contou com todos os esforços do clube para se recuperar de lesão após desfalcar o time na final do Paulistão e conseguiu defender a seleção com excelência. Seguimos com as atenções voltadas para a partida deste sábado, contra o Athletico-PR, e também para os duelos com o Palmeiras pela Libertadores, competição em que buscamos nosso quarto título", disse, por meio da assessoria de imprensa, quando procurada pelo UOL Esporte.
Esportivamente, um rompimento com Daniel Alves também não seria interessante. O camisa 10 voltou a atuar na lateral-direita desde a chegada de Crespo e tem sido peça importante quando está à disposição. Em sua ausência, Igor Vinícius ocupou o posto, mas teve suas atuações contestadas. Contratado por R$ 13 milhões, Orejuela é a outra opção, mas começou a ter oportunidades regulares apenas nas últimas semanas.
Nesse cenário, perder Daniel Alves afetaria os planos do São Paulo para a temporada. A equipe está nas quartas de final da Copa do Brasil e da Libertadores, além de ainda tentar engrenar no Campeonato Brasileiro.
A crise com Daniel Alves promete novos capítulos nos próximos dias. O lateral deve chegar ao Brasil na madrugada de segunda-feira (10). Um dia depois, o São Paulo faz a primeira partida das quartas de final da Libertadores contra o Palmeiras. Ainda não se sabe se Daniel Alves terá condição de jogo.
"Para mim, o Daniel é um grande jogador e vou saber nas próximas horas qual vai ser a programação de volta da seleção brasileira. Depois falarei com ele. Vamos ver a situação que está e vamos escolher o que acredito que seja a melhor opção", disse Crespo, na entrevista coletiva depois da vitória sobre o Athletico. O treinador não quis opinar sobre as declarações do lateral.
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