Foto: Divulgação
O São Paulo estreia na Libertadores nesta quinta-feira, na altitude de 3.850 metros da cidade de Juliaca, na fronteira do Peru com a Bolívia. É por estar entre os dois países que o time, campeão nacional peruano, chama-se Binacional.
LEIA TAMBÉM: É HOJE!!! Como está o seu coração para a estreia do São Paulo na Libertadores 2020
Para alcançar o melhor desempenho possível, o São Paulo decidiu passar o primeiro dia em Santa Cruz de la Sierra, exatamente como fez antes de enfrentar Bolívar e San José, na campanha do primeiro título, em 1992.
O preparador físico da época, Moracy Sant'Anna, lembra como começaram os estudos e relata como funciona hoje o trabalho para jogar muito acima do nível do mar.
PVC: Era difícil o convencimento das pessoas de que se necessitava de um trabalho específico para jogar na altitude?
Moracy: Olha, não foi fácil. A nossa comissão técnica, com o Turíbio Leite de Barros, fisiologista, foi procurar literatura para saber como proceder para atenuar os efeitos da altitude. Não encontramos absolutamente nada. Então, o Turíbio descobriu um professor em Santa Cruz de la Sierra que tinha um estudo que dizia ser melhor chegar à altitude no dia do jogo. No dia zero. Porque os dias ímpares eram os piores, os de mais efeitos aparentes como náuseas e tonturas.
PVC: Mas vocês conseguiram na época um aparelho que simulava a altitude?
Moracy: Sim. E começamos a fazer os testes antes da viagem. Era um simulador dos efeitos da altitude. Em uma semana, fizemos todos os testes com os jogadores e vimos como o organismo se comportava na situação normal altitude de 750 metros, em São Paulo. Na semana seguinte, repetimos os testes, com 26% menos de oxigênio, situação semelhante à que se encontra acima de 3 mil metros de altitude. O Palhinha, por exemplo, estava muito bem para essa situação e fez três gols no jogo contra o San José, em Oruro.
PVC: Tem a história de que o Macedo...
Moracy: Chegou em Santa Cruz de la Sierra e falou para o médico que não estava passando bem, que era efeito da altitude. Então, dissemos a ele que em Santa Cruz era nível do mar.
PVC: Teve também a história de que ele deu um pique acima do normal quando entrou em campo
Moracy: Teve. A gente tentava simular situações de jogo e o estudo indicava que nos primeiros 15 minutos vinha a maior queimação e a maior chance de haver problemas. Fui para o aquecimento com o Macedo, expliquei isso e tentei fazer essa parte da preparação para entrar em campo mais forte do que o normal, para evitar que o desconforto fosse na partida. Eu disse a ele que na volta do ataque viesse andando ou correndo devagar. Ele começou bem, tanto que deu o passe para um gol do Palhinha, em Oruro, mas voltava correndo e sentiu o cansaço. Então, encostou no banco e disse: "Me tira, me tira, porque eu vou morrer."
PVC: Como mudou a experiência? O que hoje se repete e o que há de novo para se preparar para a altitude, como no jogo de hoje, em Juliaca?
Moracy: Até hoje, a preparação prevê passar por Santa Cruz de la Sierra. O São Paulo desceu lá, antes de subir para a altitude de Juliaca. Mas há outros equipamentos. Em 2003, o falecido doutor Renato Lotufo encontrou na Universidade de Santa Maria um estudioso que havia construído um equipamento chamado Oxigen G2. Ele simulava situações de altitude. Fizemos uso desse aparelho um mês antes de viajar para a Bolívia. O aparelho fazia o oxigênio entrar simulando situações. Começamos um mês antes, saindo de 2400 metros e chegando a 4000 metros de altitude. Lembro-me que ganhamos do Strongest por 2 x 0, com gol do Liedson. Até hoje, juntam-se todas as experiências, toda a literatura para jogar muito acima do nível do mar.
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O São Paulo estreia na Libertadores nesta quinta-feira, na altitude de 3.850 metros da cidade de Juliaca, na fronteira do Peru com a Bolívia. É por estar entre os dois países que o time, campeão nacional peruano, chama-se Binacional.
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Para alcançar o melhor desempenho possível, o São Paulo decidiu passar o primeiro dia em Santa Cruz de la Sierra, exatamente como fez antes de enfrentar Bolívar e San José, na campanha do primeiro título, em 1992.
O preparador físico da época, Moracy Sant'Anna, lembra como começaram os estudos e relata como funciona hoje o trabalho para jogar muito acima do nível do mar.
PVC: Era difícil o convencimento das pessoas de que se necessitava de um trabalho específico para jogar na altitude?
Moracy: Olha, não foi fácil. A nossa comissão técnica, com o Turíbio Leite de Barros, fisiologista, foi procurar literatura para saber como proceder para atenuar os efeitos da altitude. Não encontramos absolutamente nada. Então, o Turíbio descobriu um professor em Santa Cruz de la Sierra que tinha um estudo que dizia ser melhor chegar à altitude no dia do jogo. No dia zero. Porque os dias ímpares eram os piores, os de mais efeitos aparentes como náuseas e tonturas.
PVC: Mas vocês conseguiram na época um aparelho que simulava a altitude?
Moracy: Sim. E começamos a fazer os testes antes da viagem. Era um simulador dos efeitos da altitude. Em uma semana, fizemos todos os testes com os jogadores e vimos como o organismo se comportava na situação normal altitude de 750 metros, em São Paulo. Na semana seguinte, repetimos os testes, com 26% menos de oxigênio, situação semelhante à que se encontra acima de 3 mil metros de altitude. O Palhinha, por exemplo, estava muito bem para essa situação e fez três gols no jogo contra o San José, em Oruro.
PVC: Tem a história de que o Macedo...
Moracy: Chegou em Santa Cruz de la Sierra e falou para o médico que não estava passando bem, que era efeito da altitude. Então, dissemos a ele que em Santa Cruz era nível do mar.
PVC: Teve também a história de que ele deu um pique acima do normal quando entrou em campo
Moracy: Teve. A gente tentava simular situações de jogo e o estudo indicava que nos primeiros 15 minutos vinha a maior queimação e a maior chance de haver problemas. Fui para o aquecimento com o Macedo, expliquei isso e tentei fazer essa parte da preparação para entrar em campo mais forte do que o normal, para evitar que o desconforto fosse na partida. Eu disse a ele que na volta do ataque viesse andando ou correndo devagar. Ele começou bem, tanto que deu o passe para um gol do Palhinha, em Oruro, mas voltava correndo e sentiu o cansaço. Então, encostou no banco e disse: "Me tira, me tira, porque eu vou morrer."
PVC: Como mudou a experiência? O que hoje se repete e o que há de novo para se preparar para a altitude, como no jogo de hoje, em Juliaca?
Moracy: Até hoje, a preparação prevê passar por Santa Cruz de la Sierra. O São Paulo desceu lá, antes de subir para a altitude de Juliaca. Mas há outros equipamentos. Em 2003, o falecido doutor Renato Lotufo encontrou na Universidade de Santa Maria um estudioso que havia construído um equipamento chamado Oxigen G2. Ele simulava situações de altitude. Fizemos uso desse aparelho um mês antes de viajar para a Bolívia. O aparelho fazia o oxigênio entrar simulando situações. Começamos um mês antes, saindo de 2400 metros e chegando a 4000 metros de altitude. Lembro-me que ganhamos do Strongest por 2 x 0, com gol do Liedson. Até hoje, juntam-se todas as experiências, toda a literatura para jogar muito acima do nível do mar.
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