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Zagueiro conta como deixou de vender panelas para virar investidor no SP

Bruno Alves gosta de buscar informações sobre o mercado econômico (Marcello Zambrana/AGIF)


Bruno Alves foge do estereótipo do jogador de futebol que gosta de gastar fortunas com carros potentes. Ciente de que não será atleta profissional até o fim da vida, ele faz planos para o futuro e mostra preocupação com a economia. No dia a dia, além de acompanhar o noticiário esportivo, o zagueiro do São Paulo busca informações sobre o mercado financeiro e estuda quais são os melhores investimentos para garantir a segurança da família.



"A gente sabe que a carreira de jogador de futebol é curta, por isso tem de pensar no nosso futuro. O meu empresário me indicou um profissional que trabalha com blindagem de patrimônio e seguro de vida. Tenho também um amigo que é corretor. Converso com eles e procuro fazer o meu investimento, para na aposentadoria ter um pouco mais para gastar e para ajudar o meu filho", disse o defensor do Tricolor, em entrevista exclusiva para o UOL Esporte.

A vida no futebol nem sempre permitiu que Bruno Alves pudesse pensar em dias mais prósperos. Durante a carreira, ele enfrentou diversas dificuldades até chegar ao São Paulo, em agosto do ano passado. Em períodos de crise, o jogador precisou até vender os seus pertences para se sustentar.

"Acredito que o momento mais difícil foi no CRAC, em 2013, quando o time brigava para não cair da Série C para a D. Fiquei três meses sem receber. Então, foi um momento crítico, mas que me deu mais força para buscar os meus objetivos. Nessa época, eu ganhava pouco. Tivemos de vender as panelas, os móveis da casa e a geladeira. Cada dia vendíamos uma coisa. No último dia, só tínhamos a cama, o travesseiro e a televisão na sala. Hoje, a gente dá risada disso", contou o zagueiro, de 27 anos.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Bruno Alves:

Fundo do poço


Passei por dois momentos muito difíceis na carreira. Um foi em 2011, em Portugal, quando fui emprestado para um time da terceira divisão [Desportivo Ribeirão]. O futebol era quase amador lá. Isso me desanimou bastante. Quando voltei ao Brasil, em 2013, fui para o CRAC e fiquei três meses sem receber. Eu não podia pedir dinheiro para a minha mãe, porque eu era quem dava para ela. Sofri calado. A sorte é que eu tinha um amigo, o Héber, que me ajudou bastante. Falei para ele, que tinha chegado ao fundo do poço. Era hora de me levantar. Coincidentemente, voltei ao Figueirense em 2014, renovei meu contrato, em 2015 tive as oportunidades, e comecei a jogar. Hoje, o Héber também está bem.

Economia

Eu sempre gostei disso. Na época do Figueirense, eu guardava um pouco, mas não conseguia investir. Agora, no São Paulo, as coisas estão acontecendo de uma maneira melhor e podemos fazer um planejamento para o nosso futuro.

Indicação de investimento aos colegas de São Paulo?

Já conversei com o Edimar e o Tréllez sobre isso. É bacana quem aceita ouvir, porque é para a segurança deles. Se é uma coisa boa, não tem motivo para não indicar para os outros. Eles também gostaram e estão indo para o mesmo caminho.

Vida após pendurar as chuteiras

Eu, na verdade, ainda tenho bastante tempo para pensar nisso. Mas a minha meta é quando parar de jogar futebol fazer o dinheiro trabalhar para mim. Isso você consegue com investimentos, para ter uma rentabilidade boa e ter um ganho mensal para não trabalhar, e não precisar abrir nada. Você vai poder se dedicar a outras coisas. Seria bacana poder ajudar, indicar [investimentos para outros jogadores], porque o jogador tem uma vida muito corrida. São concentrações, jogos, pressão... Ele não tem muito tempo para pensar nessas coisas. Você ter alguém de confiança para poder ajudar é legal. Alguns jogadores ganham muito dinheiro, mas não sabem como investir. Colocam o dinheiro em carros e imóveis. Se você comprar um apartamento de R$ 400 mil, vai receber um aluguel de R$ 2,5 mil. Se você investir esse dinheiro, pode ganhar R$ 4 mil ou R$ 5 mil sem tirar a verba do banco. Então, são coisas que alguns jogadores não sabem, mas acredito que, com o passar do tempo, todos vão ter um planejamento melhor para o seu dinheiro.

Bolsa de valores

Com bolsa eu não mexo ainda, porque é mais arriscado. Eu trabalho mais com fundo multimercado, que tem um pouquinho de risco, porque você varia a aplicação. Tem uma frase que os investidores dizem que eu levo para mim: 'você não pode colocar todos os ovos na mesma cesta'. Então, é bom fazer variações para chegar ao fim e ter números bons. E gosto de ler e estar bem informado para ter assunto e debater com os investidores.

Colegas de São Paulo

Eles falam que eu estou louco. Perguntam de onde eu tiro esses números de investimento. Mas quem não procura a informação não sabe da realidade. Às vezes, o banco fala para você que consegue rendimento de 0,7% com o seu dinheiro, e vem uma financeira e diz que pode obter rendimento de 1,3% por mês. E você vai se perguntar como pode ter essa diferença, mas você não foi para todos os bancos para saber qual é a melhor taxa.

Busca por informações

Um amigo meu que é corretor me manda diariamente o que acontece, se o dólar abaixou ou subiu, a cotação do euro... Eu procuro as notícias também, entro em sites de economia, vejo empresários dando dicas. As eleições também influenciam bastante. Então, ficamos atentos para ver o que vai acontecer no cenário brasileiro.

Humilde

Eu gosto de viver bem, também. Uma coisa com a qual eu não ligo de gastar é para comer bem. Vou aos restaurantes, mas temos de pensar no futuro também. Não dá para comprar um carro de R$ 300 mil, quando você pode comprar um bem mais barato, que vai levá-lo ao mesmo lugar. Penso dessa forma. Tem de economizar. Tem uma frase que diz: 'a meta é você ser rico, não aparentar ser rico.' Sou um cara bem humilde e tranquilo, mas na hora do lazer, eu também gasto.



Estatísticas no futebol

Gosto de ver a minha parte, o rendimento individual: quantos passes eu faço certos e errados; desarmes; interceptações; rebatidas. Eu gosto de ver os números, porque acredito que desta maneira podemos evoluir. Acho que estamos em uma evolução boa e podemos melhorar. Estamos no caminho certo.

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