O técnico Muricy Ramalho foi pego de surpresa, em sua primeira entrevista em 2009, quando um repórter avisou que neste dia 14 de janeiro comemora-se o "dia do técnico". O comandante do São Paulo não sabia que tinha uma data especial para seu segmento profissional. Brincou com a função que escolheu e lembrou que para chegar ao tricampeonato brasileiro precisou passar por muitas dificuldades.

- É tão importante que ninguém sabe. É uma profissão boa quando você está em um time grande como o São Paulo, mas para chegar aqui tem que comer cachorro e não perceber, ficar longe da família, não receber (risos) - relembrou o treinador.

Para Muricy, uma das grandes dificuldades no trabalho de um treinador é aguentar a pressão e conviver com os palpites de todos os "técnicos" que existem no Brasil: jornalistas, dirigentes, comentaristas...

- Todo mundo no Brasil acha que é técnico. Todos conhecemos um pouco de futebol, mas o técnico sabe mais, e mesmo assim não o respeitam, acham que tem que ser de outro jeito, mas estão lá em cima, com água, alguém abanando (risos). Quem está embaixo tem que ser homem pra caramba. Hoje está bom, mas imagina a minha responsabilidade na semana do jogo contra o Goiás. Se perde, o técnico sempre é o culpado e o único burro no futebol - ressaltou.

Muricy agora está na história do São Paulo como o único técnico tricampeão brasileiro por um único clube. Certamente vai ganhar destaque nas salas que homenageiam os heróis são-paulinos no Morumbi, mas por enquanto não pensa em viver das glórias conquistadas, e sim de novas metas.

- Sou tricampeão, vou entrar ali no museu e quando estiver velhinho vou me ver lá, mas agora é hora de pegada, cobrança, trabalho. Se não fizer isso me mandam embora. Cada dia é o mais difícil da minha vida, é assim que encaro os desafios - completou.