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SEGUNDA PARTE: A saga pela verdade sobre Diego Lugano em Assunção - por Layla Reis

Há multa contratual? Salário é problema? Podemos ter Lugano de volta? Eu convoco a campanha #VoltaLugano

Na última semana contei o início da minha busca pelo Lugano em Assunção. Terminei a primeira parte do meu texto com os dizeres que até hoje ecoam em minha cabeça: "Sempre dependeu do interesse do São Paulo", lembrava Lugano, citando os acontecimentos de junho, quando retornou à América do Sul e avisou ao SPFC, porém não obteve retorno - apesar do jogador achar a situação normal, respeitar o momento e continuar grato pelo time. Tento aqui respeitar a condição de Diego que está em outro clube agora, então apenas prosseguirei com o final da história e um apelo à diretoria.

Lugano mudou de forma inteligente de assunto quando perguntei se ele queria voltar ao SPFC. Foi curto e grosso na resposta mas sabia que eu iria mais a fundo, então contou histórias do Cerro Porteño, da importância de estar jogando pelo título nacional, do pouco que fez e muito que conquistou. Disse que sempre preferia ficar em silêncio com a mídia para não soltar palavras com a cabeça quente e entristecer a torcida.

Como São Paulina puxei o assunto para o meu lado. Também se mantinha em silêncio durante anos por não querer entristecer o SPFC? Não sei quem estava falando, se era o torcedor ou o jogador, mas a forma descontraída desapareceu novamente para dizer: "Eu amo a torcida do São Paulo. Respeito muito o carinho que eles demonstram por mim. Não cito assuntos políticos ou boatos para não manchar o legado que deixei. Não poderia errar com a torcida do São Paulo. Gostaria que você deixasse claro no que escrevesse, eu sou um eterno agradecido pelo São Paulo, é o clube mais importante da minha carreira". Ele nos ama, ele nos admira, ele nos agradece. É como se o hoje dele ainda estivesse interligado ao que viveu no SPFC. Ele transparece isso. Cada vitória atual tem a ver com a conquista mundial. Deve se lembrar da taça do Mundial, da comemoração voltando do Japão e a multidão comemorando a esperar, de erguer à raça celeste junto à tricolor perante ao mundo e ser reconhecido por isso. Ele sabe que fez história, ele se emociona e sente-se grato por isso, mas eu queria saber se ele tinha noção que ainda pode fazer mais por nós e nós por ele.

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Envolvemos o bate-papo, se há tanto amor por quê o salário seria problema como divulgado pela diretoria de futebol em 2013/2014? Já vimos outros jogadores, como o Luis Fabiano, abrirem mão de salários, ofertas e multas milionárias para voltar ao SPFC. Lugano não poderia fazer o mesmo? Por que não reduziu o salário? "Nunca chegaram à questão do salário comigo, na verdade, nunca me procuraram nessas vezes. Sempre falam em meu nome, porque se chegam a falar de salário eu poderia conversar, mas nunca chegaram nem a me procurar, como poderia falar de valores?". Caiu uma bomba em mim. Eu que anunciei a notícia famosa dos telões de LED que foram depois confirmados pela diretoria que seriam para Lugano, mas a negociação não fechou pelo salário. Fiquei pasma. Ele percebeu. "Salário não foi problema, eles podem ter pensado que era, mas não chegaram a mim". Mais tarde Lugano me explicou que em outros times ele teve multas contratuais altíssimas e isso pode ter afastado o SPFC também por um tempo. O São Paulo sempre trabalha em um planejamento que condiz com sua realidade financeira.

Mas hoje! Falando de agora, se salário definitivamente não é problema, então qual é? Senti uma agonia, um sentimento angustiante em relação à diretoria de futebol que o renegou em junho. Com todo respeito, já se arriscaram por tantos nomes e tantos retornos que não deram certo, por que nem cogitaram a fundo o nome de Lugano? De um verdadeiro líder. Tento aqui não desprestigiar nossos jogadores mas temos um canhoto contratado da série D (hoje lesionado) no lugar de Lugano na última janela porque "precisávamos de um canhoto". Qual mundial ou título grandioso vencemos com um zagueiro canhoto mesmo? Ah, nenhum! Então, não entendi e abro o espaço pra que alguém me dê uma luz nessa equação. Não sou mais esperta ou entendo mais do que a diretoria e nem quero desrespeitá-la, longe de mim isso! Entendo o momento de junho que prefiro não comentar por estar inclusive em outra presidência/contexto, mas a realidade hoje é outra e o vento sopra a favor do celeste ao tricolor. Percebam! Sobre o futebol, destro ou canhoto, às vezes o que vale, é a habilidade e inteligência, penso eu. A energia que a torcida traria seria de uma força inimaginável: vocês estariam reacendendo a vela da esperança refazendo o time em 2016 e tendo como líder o eterno celeste.

Por que continuar arriscando em tiros no escuro? Em julho deste ano, estive no apartamento do Dr. Marco Aurélio Cunha e perguntei da lesão de Lugano: "Eu o garanto 100% recuperado, não existem sequelas!". Perguntei ao próprio sobre isso e ele mesmo disse: "Estive no Reffis e depois nos EUA para tratamentos. Eu jamais voltaria a campo se não estivesse 100%, não poderia envergonhar o time que visto a camisa. Eu me recuperei por inteiro mas continuo me cuidando". Comentou que no final da temporada deste ano planeja voltar aos EUA para refazer exames e melhorar sua condição física para 2016.

Falamos da aposentadoria do Rogério e eu tive que dizer que o São Paulo não terá mais líder e que precisa de alguém que represente a braçadeira com honra. Que o São Paulo tinha tradição e padrão, mas que seus valores estão se aposentando junto com Rogério nos últimos anos. Ele sabia que era uma indireta e sorriu. Sorriu com a boca larga. Comentei que vi sua postura com o técnico e com o preparador físico ao cumprimentá-los no treino, atitude de líder que passa confiança, transmite certezas. O São Paulo necessita disso. Ele continuou a sorrir e agradeceu, não disse palavras, mas transpareceu tudo o que eu precisava saber. Sung também percebeu e mostrou os braços se arrepiando. Ah, ele sabe que ele é esse líder. Ele sabe que essa braçadeira deve ser dele. Ele não pode dizer, jamais desrespeitaria o contrato que honra, mas ele quer. Ele é ético. Um silêncio de um minuto ficou no ar enquanto todos sorríamos e ele volta ao assunto do quanto acompanha o carinho da torcida com ele. Sem dúvida, ele não disse, mas quer e sonha, porém, ele não acredita na concretização.

Lugano comentou acompanhar as mídias que falavam do seu nome. Ali, senti porque ele abriu a casa para dois desconhecidos. Ele achava injusto que a torcida, o clube e todos os envolvidos pudessem sofrer com mentiras, notícias fora de contexto ou declarações precipitadas. "Às vezes acho errada a forma como manuseiam meu nome no meio de tudo, entende?" Talvez eu tenha entendido errado, mas o nome Lugano era e é tão citado em toda janela que verdadeiramente esquecemos de quem estamos falando e sobre o que - vou procurar não criticar o passado mas ajudar no futuro: estamos falando de um ex-campeão mundial, garra-celeste, líder, dono de um legado que ama nosso clube e é idolatrado por nossa torcida. Eu disse a ele que o nome dele, como de muitos outros ex-jogadores, deveria ser tratado com mais respeito em reportagens ou até mesmo em menções na mídia. Então, ele retornou ao ponto que o incomodava: "A torcida sofre com isso, é injusto com todos. Devemos manusear isso de forma ética". De repente, no fim do túnel, este texto trouxe um pouco da ética que ele queria.

Depois desse bate-papo me restavam duas coisas para conversar. A primeira foi um pedido pessoal. Tarde da noite, lá pelas 23h (considere aqui fuso-horário de Brasília), eu pedi que Lugano fizesse uma ligação para minha mãe. Ela atendeu: "Tudo bem, filha? Como foi aí?". Eu pedi calma e disse que uma pessoa especial falaria com ela. Segurei o choro, difícil manter o profissionalismo, meus dois ídolos se falando. Eu ouvia a conversa, ela emocionada, sem assunto, parabenizando, segurando o choro com a voz trêmula, dizendo que acompanhava os jogos dele no Cerro (e acompanha mesmo, ela é mais fanática que muito macho de bar), agradecendo pela atenção que ele deu para mim e para o Sung, dizendo que o queria de volta ao São Paulo e relembrando coisas do passado. Ela estava emocionada, eu estava emocionada, ele estava sem palavras. "Em breve irei conhecê-la pessoalmente!", disse o celeste à minha mãe. Que inesperado. Lembrei do jogo de despedida do Rogério, ele devia estar falando dessa data, mas minha mãe completou: "E eu espero que seja pela sua volta ao São Paulo!" Ele riu como se fosse uma piada: "Não condicione a isso!", disse, terminando a conversa. Ele não acredita que um dia o SPFC irá procurá-lo, não me disse, mas tenho certeza. Minha mãe como torcedora São Paulina fanática expressou a ele em dois minutos de conversa a emoção que toda torcida sente por ele. Brinquei com o Lugano: "Imagine 60 mil assim em um estádio?". Os olhos brilharam. Rimos, mas o profissional sempre mudava de assunto, embora entusiasmado.

A segunda coisa foi para fechar com chave de ouro a conversa. Eu não podia sair de lá sem saber a mais importante informação: existe uma multa, existe uma condição contratual especial para o São Paulo? Ele me respondeu. Boa parte pediu que não dissesse detalhes, que respeitasse o momento, mas posso resumir de uma forma: não existe multa contratual unicamente para o time que precisa dele ano que vem. Com exclusividade, a maior prova de amor de um eterno agradecido, a prova do sonho que ainda existe no coração do menino que ganhou um Mundial e se transformou em um profissional sábio e coerente. A prova de um profissional ético que não pôde me dizer isso em palavras, mas expressou de forma fenomenal: para nós há exclusividade! Me arrepio aqui enquanto escrevo e lembro. O time que deu não a ele em junho, foi lembrado enquanto ele assinava seu contrato pelo sonho de retornar brevemente. Gustavo de Oliveira, Ataíde Gil, para o São Paulo, não há multa.

Nos despedimos por que a noite se aprofundava e nós (Sung e eu) tínhamos que voltar para São Paulo no dia seguinte. Eu perguntei como último assunto do tweet que o filho dele deu há algumas semanas com três bolinhas: vermelha, preta e branca. Ele riu: "Foi por causa do jogo! Ele estava assistindo e twitou! É são paulino, né!". Não precisa me dizer, mas o pai também é.

Nos acompanhou até o elevador e eu comentei das campanhas que fiz de #VoltaLugano, avisei a ele que fui à Assunção como torcedora a realizar um sonho e jornalista atrás da verdade, mas que a história não acabava ali, que todo aquele bate-papo para mim era o início de uma batalha interna pelo seu retorno. Ele riu, acha difícil, como se fosse um milagre. Eu disse: "Moveremos montanhas por você! Não duvide de nós". Ele respondeu que em breve nos falaríamos e a porta do elevador se fechou. Chorei.

Sung ficou sem palavras enquanto eu chorava de cabeça baixa. Permanecemos assim por pelo menos 15 minutos, eu escorrendo lágrimas e ele procurando cervejas: "Preciso entender tudo o que aconteceu hoje", me dizia.

Andamos pela madrugada em Assunção em ritmo de despedida. "Será que podemos fazer este milagre?" Juntamos as peças do quebra-cabeça para entregar este texto à diretoria do São Paulo. Prestem atenção: não há multa, ele ganha abaixo do nosso teto salarial (Michel Bastos ganha mais do que ele, por exemplo), Lugano é o elo partido entre os jogadores e a torcida, ele tem condicionamento físico, habilidade, sabedoria, raça, ama o clube, é grato ao clube, joga bem e, principalmente - minha opinião como torcedora - ele quer a braçadeira que Rogério deixará vaga.

Aos diretores de futebol eu deixo aqui o meu apelo. Não baseado em fontes emocionais, mas sim na parte mais racional: este site se organiza a partir de agora com a campanha #VoltaLugano

Convocamos toda a torcida e convidamos todos da mídia tricolor para nos unirmos em prol deste trabalho. Mover montanhas, fazer milagre, ressuscitar os valores, resgatar a energia perdida, a vontade de guerreiro, o dom celeste, a filosofia de futebol que sai das quatro linhas e transcende no ar em 60 mil vozes que empurram um time envolto pela sede única de vitória. Lançamos a campanha que busca o retorno da positividade nos vestiários e em campo. Lançamos oficialmente a campanha #VoltaLugano.

PS: Pedi que após cada texto publicado por mim que ele olhasse suas menções no twitter e se poderia ler todos os comentários do texto. Quero que ele sinta o que minha mãe passou pelo telefone: a vibração da torcida que o quer de volta.

Leco, Gustavo, Ataíde: Para uma nova história, um novo líder! Volta, Lugano 2016!

Layla Reis Equipe SPFC.Net



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