Na última semana contei o início da minha busca pelo Lugano em Assunção. Terminei a primeira parte do meu texto com os dizeres que até hoje ecoam em minha cabeça: "Sempre dependeu do interesse do São Paulo", lembrava Lugano, citando os acontecimentos de junho, quando retornou à América do Sul e avisou ao SPFC, porém não obteve retorno - apesar do jogador achar a situação normal, respeitar o momento e continuar grato pelo time. Tento aqui respeitar a condição de Diego que está em outro clube agora, então apenas prosseguirei com o final da história e um apelo à diretoria.
Lugano mudou de forma inteligente de assunto quando perguntei se ele queria voltar ao SPFC. Foi curto e grosso na resposta mas sabia que eu iria mais a fundo, então contou histórias do Cerro Porteño, da importância de estar jogando pelo título nacional, do pouco que fez e muito que conquistou. Disse que sempre preferia ficar em silêncio com a mídia para não soltar palavras com a cabeça quente e entristecer a torcida.
Como São Paulina puxei o assunto para o meu lado. Também se mantinha em silêncio durante anos por não querer entristecer o SPFC? Não sei quem estava falando, se era o torcedor ou o jogador, mas a forma descontraída desapareceu novamente para dizer: "Eu amo a torcida do São Paulo. Respeito muito o carinho que eles demonstram por mim. Não cito assuntos políticos ou boatos para não manchar o legado que deixei. Não poderia errar com a torcida do São Paulo. Gostaria que você deixasse claro no que escrevesse, eu sou um eterno agradecido pelo São Paulo, é o clube mais importante da minha carreira". Ele nos ama, ele nos admira, ele nos agradece. É como se o hoje dele ainda estivesse interligado ao que viveu no SPFC. Ele transparece isso. Cada vitória atual tem a ver com a conquista mundial. Deve se lembrar da taça do Mundial, da comemoração voltando do Japão e a multidão comemorando a esperar, de erguer à raça celeste junto à tricolor perante ao mundo e ser reconhecido por isso. Ele sabe que fez história, ele se emociona e sente-se grato por isso, mas eu queria saber se ele tinha noção que ainda pode fazer mais por nós e nós por ele.
VEJA TAMBÉM
PRIMEIRA PARTE: SAGA PELA VERDADE SOBRE DIEGO LUGANO
Envolvemos o bate-papo, se há tanto amor por quê o salário seria problema como divulgado pela diretoria de futebol em 2013/2014? Já vimos outros jogadores, como o Luis Fabiano, abrirem mão de salários, ofertas e multas milionárias para voltar ao SPFC. Lugano não poderia fazer o mesmo? Por que não reduziu o salário? "Nunca chegaram à questão do salário comigo, na verdade, nunca me procuraram nessas vezes. Sempre falam em meu nome, porque se chegam a falar de salário eu poderia conversar, mas nunca chegaram nem a me procurar, como poderia falar de valores?". Caiu uma bomba em mim. Eu que anunciei a notícia famosa dos telões de LED que foram depois confirmados pela diretoria que seriam para Lugano, mas a negociação não fechou pelo salário. Fiquei pasma. Ele percebeu. "Salário não foi problema, eles podem ter pensado que era, mas não chegaram a mim". Mais tarde Lugano me explicou que em outros times ele teve multas contratuais altíssimas e isso pode ter afastado o SPFC também por um tempo. O São Paulo sempre trabalha em um planejamento que condiz com sua realidade financeira.
Mas hoje! Falando de agora, se salário definitivamente não é problema, então qual é? Senti uma agonia, um sentimento angustiante em relação à diretoria de futebol que o renegou em junho. Com todo respeito, já se arriscaram por tantos nomes e tantos retornos que não deram certo, por que nem cogitaram a fundo o nome de Lugano? De um verdadeiro líder. Tento aqui não desprestigiar nossos jogadores mas temos um canhoto contratado da série D (hoje lesionado) no lugar de Lugano na última janela porque "precisávamos de um canhoto". Qual mundial ou título grandioso vencemos com um zagueiro canhoto mesmo? Ah, nenhum! Então, não entendi e abro o espaço pra que alguém me dê uma luz nessa equação. Não sou mais esperta ou entendo mais do que a diretoria e nem quero desrespeitá-la, longe de mim isso! Entendo o momento de junho que prefiro não comentar por estar inclusive em outra presidência/contexto, mas a realidade hoje é outra e o vento sopra a favor do celeste ao tricolor. Percebam! Sobre o futebol, destro ou canhoto, às vezes o que vale, é a habilidade e inteligência, penso eu. A energia que a torcida traria seria de uma força inimaginável: vocês estariam reacendendo a vela da esperança refazendo o time em 2016 e tendo como líder o eterno celeste.
Por que continuar arriscando em tiros no escuro? Em julho deste ano, estive no apartamento do Dr. Marco Aurélio Cunha e perguntei da lesão de Lugano: "Eu o garanto 100% recuperado, não existem sequelas!". Perguntei ao próprio sobre isso e ele mesmo disse: "Estive no Reffis e depois nos EUA para tratamentos. Eu jamais voltaria a campo se não estivesse 100%, não poderia envergonhar o time que visto a camisa. Eu me recuperei por inteiro mas continuo me cuidando". Comentou que no final da temporada deste ano planeja voltar aos EUA para refazer exames e melhorar sua condição física para 2016.
Falamos da aposentadoria do Rogério e eu tive que dizer que o São Paulo não terá mais líder e que precisa de alguém que represente a braçadeira com honra. Que o São Paulo tinha tradição e padrão, mas que seus valores estão se aposentando junto com Rogério nos últimos anos. Ele sabia que era uma indireta e sorriu. Sorriu com a boca larga. Comentei que vi sua postura com o técnico e com o preparador físico ao cumprimentá-los no treino, atitude de líder que passa confiança, transmite certezas. O São Paulo necessita disso. Ele continuou a sorrir e agradeceu, não disse palavras, mas transpareceu tudo o que eu precisava saber. Sung também percebeu e mostrou os braços se arrepiando. Ah, ele sabe que ele é esse líder. Ele sabe que essa braçadeira deve ser dele. Ele não pode dizer, jamais desrespeitaria o contrato que honra, mas ele quer. Ele é ético. Um silêncio de um minuto ficou no ar enquanto todos sorríamos e ele volta ao assunto do quanto acompanha o carinho da torcida com ele. Sem dúvida, ele não disse, mas quer e sonha, porém, ele não acredita na concretização.
Lugano comentou acompanhar as mídias que falavam do seu nome. Ali, senti porque ele abriu a casa para dois desconhecidos. Ele achava injusto que a torcida, o clube e todos os envolvidos pudessem sofrer com mentiras, notícias fora de contexto ou declarações precipitadas. "Às vezes acho errada a forma como manuseiam meu nome no meio de tudo, entende?" Talvez eu tenha entendido errado, mas o nome Lugano era e é tão citado em toda janela que verdadeiramente esquecemos de quem estamos falando e sobre o que - vou procurar não criticar o passado mas ajudar no futuro: estamos falando de um ex-campeão mundial, garra-celeste, líder, dono de um legado que ama nosso clube e é idolatrado por nossa torcida. Eu disse a ele que o nome dele, como de muitos outros ex-jogadores, deveria ser tratado com mais respeito em reportagens ou até mesmo em menções na mídia. Então, ele retornou ao ponto que o incomodava: "A torcida sofre com isso, é injusto com todos. Devemos manusear isso de forma ética". De repente, no fim do túnel, este texto trouxe um pouco da ética que ele queria.
Depois desse bate-papo me restavam duas coisas para conversar. A primeira foi um pedido pessoal. Tarde da noite, lá pelas 23h (considere aqui fuso-horário de Brasília), eu pedi que Lugano fizesse uma ligação para minha mãe. Ela atendeu: "Tudo bem, filha? Como foi aí?". Eu pedi calma e disse que uma pessoa especial falaria com ela. Segurei o choro, difícil manter o profissionalismo, meus dois ídolos se falando. Eu ouvia a conversa, ela emocionada, sem assunto, parabenizando, segurando o choro com a voz trêmula, dizendo que acompanhava os jogos dele no Cerro (e acompanha mesmo, ela é mais fanática que muito macho de bar), agradecendo pela atenção que ele deu para mim e para o Sung, dizendo que o queria de volta ao São Paulo e relembrando coisas do passado. Ela estava emocionada, eu estava emocionada, ele estava sem palavras. "Em breve irei conhecê-la pessoalmente!", disse o celeste à minha mãe. Que inesperado. Lembrei do jogo de despedida do Rogério, ele devia estar falando dessa data, mas minha mãe completou: "E eu espero que seja pela sua volta ao São Paulo!" Ele riu como se fosse uma piada: "Não condicione a isso!", disse, terminando a conversa. Ele não acredita que um dia o SPFC irá procurá-lo, não me disse, mas tenho certeza. Minha mãe como torcedora São Paulina fanática expressou a ele em dois minutos de conversa a emoção que toda torcida sente por ele. Brinquei com o Lugano: "Imagine 60 mil assim em um estádio?". Os olhos brilharam. Rimos, mas o profissional sempre mudava de assunto, embora entusiasmado.
A segunda coisa foi para fechar com chave de ouro a conversa. Eu não podia sair de lá sem saber a mais importante informação: existe uma multa, existe uma condição contratual especial para o São Paulo? Ele me respondeu. Boa parte pediu que não dissesse detalhes, que respeitasse o momento, mas posso resumir de uma forma: não existe multa contratual unicamente para o time que precisa dele ano que vem. Com exclusividade, a maior prova de amor de um eterno agradecido, a prova do sonho que ainda existe no coração do menino que ganhou um Mundial e se transformou em um profissional sábio e coerente. A prova de um profissional ético que não pôde me dizer isso em palavras, mas expressou de forma fenomenal: para nós há exclusividade! Me arrepio aqui enquanto escrevo e lembro. O time que deu não a ele em junho, foi lembrado enquanto ele assinava seu contrato pelo sonho de retornar brevemente. Gustavo de Oliveira, Ataíde Gil, para o São Paulo, não há multa.
Nos despedimos por que a noite se aprofundava e nós (Sung e eu) tínhamos que voltar para São Paulo no dia seguinte. Eu perguntei como último assunto do tweet que o filho dele deu há algumas semanas com três bolinhas: vermelha, preta e branca. Ele riu: "Foi por causa do jogo! Ele estava assistindo e twitou! É são paulino, né!". Não precisa me dizer, mas o pai também é.
Nos acompanhou até o elevador e eu comentei das campanhas que fiz de #VoltaLugano, avisei a ele que fui à Assunção como torcedora a realizar um sonho e jornalista atrás da verdade, mas que a história não acabava ali, que todo aquele bate-papo para mim era o início de uma batalha interna pelo seu retorno. Ele riu, acha difícil, como se fosse um milagre. Eu disse: "Moveremos montanhas por você! Não duvide de nós". Ele respondeu que em breve nos falaríamos e a porta do elevador se fechou. Chorei.
Sung ficou sem palavras enquanto eu chorava de cabeça baixa. Permanecemos assim por pelo menos 15 minutos, eu escorrendo lágrimas e ele procurando cervejas: "Preciso entender tudo o que aconteceu hoje", me dizia.
Andamos pela madrugada em Assunção em ritmo de despedida. "Será que podemos fazer este milagre?" Juntamos as peças do quebra-cabeça para entregar este texto à diretoria do São Paulo. Prestem atenção: não há multa, ele ganha abaixo do nosso teto salarial (Michel Bastos ganha mais do que ele, por exemplo), Lugano é o elo partido entre os jogadores e a torcida, ele tem condicionamento físico, habilidade, sabedoria, raça, ama o clube, é grato ao clube, joga bem e, principalmente - minha opinião como torcedora - ele quer a braçadeira que Rogério deixará vaga.
Aos diretores de futebol eu deixo aqui o meu apelo. Não baseado em fontes emocionais, mas sim na parte mais racional: este site se organiza a partir de agora com a campanha #VoltaLugano
Convocamos toda a torcida e convidamos todos da mídia tricolor para nos unirmos em prol deste trabalho. Mover montanhas, fazer milagre, ressuscitar os valores, resgatar a energia perdida, a vontade de guerreiro, o dom celeste, a filosofia de futebol que sai das quatro linhas e transcende no ar em 60 mil vozes que empurram um time envolto pela sede única de vitória. Lançamos a campanha que busca o retorno da positividade nos vestiários e em campo. Lançamos oficialmente a campanha #VoltaLugano.
PS: Pedi que após cada texto publicado por mim que ele olhasse suas menções no twitter e se poderia ler todos os comentários do texto. Quero que ele sinta o que minha mãe passou pelo telefone: a vibração da torcida que o quer de volta.
Leco, Gustavo, Ataíde: Para uma nova história, um novo líder! Volta, Lugano 2016!
Layla Reis Equipe SPFC.Net
Lugano mudou de forma inteligente de assunto quando perguntei se ele queria voltar ao SPFC. Foi curto e grosso na resposta mas sabia que eu iria mais a fundo, então contou histórias do Cerro Porteño, da importância de estar jogando pelo título nacional, do pouco que fez e muito que conquistou. Disse que sempre preferia ficar em silêncio com a mídia para não soltar palavras com a cabeça quente e entristecer a torcida.
Como São Paulina puxei o assunto para o meu lado. Também se mantinha em silêncio durante anos por não querer entristecer o SPFC? Não sei quem estava falando, se era o torcedor ou o jogador, mas a forma descontraída desapareceu novamente para dizer: "Eu amo a torcida do São Paulo. Respeito muito o carinho que eles demonstram por mim. Não cito assuntos políticos ou boatos para não manchar o legado que deixei. Não poderia errar com a torcida do São Paulo. Gostaria que você deixasse claro no que escrevesse, eu sou um eterno agradecido pelo São Paulo, é o clube mais importante da minha carreira". Ele nos ama, ele nos admira, ele nos agradece. É como se o hoje dele ainda estivesse interligado ao que viveu no SPFC. Ele transparece isso. Cada vitória atual tem a ver com a conquista mundial. Deve se lembrar da taça do Mundial, da comemoração voltando do Japão e a multidão comemorando a esperar, de erguer à raça celeste junto à tricolor perante ao mundo e ser reconhecido por isso. Ele sabe que fez história, ele se emociona e sente-se grato por isso, mas eu queria saber se ele tinha noção que ainda pode fazer mais por nós e nós por ele.
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PRIMEIRA PARTE: SAGA PELA VERDADE SOBRE DIEGO LUGANO
Envolvemos o bate-papo, se há tanto amor por quê o salário seria problema como divulgado pela diretoria de futebol em 2013/2014? Já vimos outros jogadores, como o Luis Fabiano, abrirem mão de salários, ofertas e multas milionárias para voltar ao SPFC. Lugano não poderia fazer o mesmo? Por que não reduziu o salário? "Nunca chegaram à questão do salário comigo, na verdade, nunca me procuraram nessas vezes. Sempre falam em meu nome, porque se chegam a falar de salário eu poderia conversar, mas nunca chegaram nem a me procurar, como poderia falar de valores?". Caiu uma bomba em mim. Eu que anunciei a notícia famosa dos telões de LED que foram depois confirmados pela diretoria que seriam para Lugano, mas a negociação não fechou pelo salário. Fiquei pasma. Ele percebeu. "Salário não foi problema, eles podem ter pensado que era, mas não chegaram a mim". Mais tarde Lugano me explicou que em outros times ele teve multas contratuais altíssimas e isso pode ter afastado o SPFC também por um tempo. O São Paulo sempre trabalha em um planejamento que condiz com sua realidade financeira.
Mas hoje! Falando de agora, se salário definitivamente não é problema, então qual é? Senti uma agonia, um sentimento angustiante em relação à diretoria de futebol que o renegou em junho. Com todo respeito, já se arriscaram por tantos nomes e tantos retornos que não deram certo, por que nem cogitaram a fundo o nome de Lugano? De um verdadeiro líder. Tento aqui não desprestigiar nossos jogadores mas temos um canhoto contratado da série D (hoje lesionado) no lugar de Lugano na última janela porque "precisávamos de um canhoto". Qual mundial ou título grandioso vencemos com um zagueiro canhoto mesmo? Ah, nenhum! Então, não entendi e abro o espaço pra que alguém me dê uma luz nessa equação. Não sou mais esperta ou entendo mais do que a diretoria e nem quero desrespeitá-la, longe de mim isso! Entendo o momento de junho que prefiro não comentar por estar inclusive em outra presidência/contexto, mas a realidade hoje é outra e o vento sopra a favor do celeste ao tricolor. Percebam! Sobre o futebol, destro ou canhoto, às vezes o que vale, é a habilidade e inteligência, penso eu. A energia que a torcida traria seria de uma força inimaginável: vocês estariam reacendendo a vela da esperança refazendo o time em 2016 e tendo como líder o eterno celeste.
Por que continuar arriscando em tiros no escuro? Em julho deste ano, estive no apartamento do Dr. Marco Aurélio Cunha e perguntei da lesão de Lugano: "Eu o garanto 100% recuperado, não existem sequelas!". Perguntei ao próprio sobre isso e ele mesmo disse: "Estive no Reffis e depois nos EUA para tratamentos. Eu jamais voltaria a campo se não estivesse 100%, não poderia envergonhar o time que visto a camisa. Eu me recuperei por inteiro mas continuo me cuidando". Comentou que no final da temporada deste ano planeja voltar aos EUA para refazer exames e melhorar sua condição física para 2016.
Falamos da aposentadoria do Rogério e eu tive que dizer que o São Paulo não terá mais líder e que precisa de alguém que represente a braçadeira com honra. Que o São Paulo tinha tradição e padrão, mas que seus valores estão se aposentando junto com Rogério nos últimos anos. Ele sabia que era uma indireta e sorriu. Sorriu com a boca larga. Comentei que vi sua postura com o técnico e com o preparador físico ao cumprimentá-los no treino, atitude de líder que passa confiança, transmite certezas. O São Paulo necessita disso. Ele continuou a sorrir e agradeceu, não disse palavras, mas transpareceu tudo o que eu precisava saber. Sung também percebeu e mostrou os braços se arrepiando. Ah, ele sabe que ele é esse líder. Ele sabe que essa braçadeira deve ser dele. Ele não pode dizer, jamais desrespeitaria o contrato que honra, mas ele quer. Ele é ético. Um silêncio de um minuto ficou no ar enquanto todos sorríamos e ele volta ao assunto do quanto acompanha o carinho da torcida com ele. Sem dúvida, ele não disse, mas quer e sonha, porém, ele não acredita na concretização.
Lugano comentou acompanhar as mídias que falavam do seu nome. Ali, senti porque ele abriu a casa para dois desconhecidos. Ele achava injusto que a torcida, o clube e todos os envolvidos pudessem sofrer com mentiras, notícias fora de contexto ou declarações precipitadas. "Às vezes acho errada a forma como manuseiam meu nome no meio de tudo, entende?" Talvez eu tenha entendido errado, mas o nome Lugano era e é tão citado em toda janela que verdadeiramente esquecemos de quem estamos falando e sobre o que - vou procurar não criticar o passado mas ajudar no futuro: estamos falando de um ex-campeão mundial, garra-celeste, líder, dono de um legado que ama nosso clube e é idolatrado por nossa torcida. Eu disse a ele que o nome dele, como de muitos outros ex-jogadores, deveria ser tratado com mais respeito em reportagens ou até mesmo em menções na mídia. Então, ele retornou ao ponto que o incomodava: "A torcida sofre com isso, é injusto com todos. Devemos manusear isso de forma ética". De repente, no fim do túnel, este texto trouxe um pouco da ética que ele queria.
Depois desse bate-papo me restavam duas coisas para conversar. A primeira foi um pedido pessoal. Tarde da noite, lá pelas 23h (considere aqui fuso-horário de Brasília), eu pedi que Lugano fizesse uma ligação para minha mãe. Ela atendeu: "Tudo bem, filha? Como foi aí?". Eu pedi calma e disse que uma pessoa especial falaria com ela. Segurei o choro, difícil manter o profissionalismo, meus dois ídolos se falando. Eu ouvia a conversa, ela emocionada, sem assunto, parabenizando, segurando o choro com a voz trêmula, dizendo que acompanhava os jogos dele no Cerro (e acompanha mesmo, ela é mais fanática que muito macho de bar), agradecendo pela atenção que ele deu para mim e para o Sung, dizendo que o queria de volta ao São Paulo e relembrando coisas do passado. Ela estava emocionada, eu estava emocionada, ele estava sem palavras. "Em breve irei conhecê-la pessoalmente!", disse o celeste à minha mãe. Que inesperado. Lembrei do jogo de despedida do Rogério, ele devia estar falando dessa data, mas minha mãe completou: "E eu espero que seja pela sua volta ao São Paulo!" Ele riu como se fosse uma piada: "Não condicione a isso!", disse, terminando a conversa. Ele não acredita que um dia o SPFC irá procurá-lo, não me disse, mas tenho certeza. Minha mãe como torcedora São Paulina fanática expressou a ele em dois minutos de conversa a emoção que toda torcida sente por ele. Brinquei com o Lugano: "Imagine 60 mil assim em um estádio?". Os olhos brilharam. Rimos, mas o profissional sempre mudava de assunto, embora entusiasmado.
A segunda coisa foi para fechar com chave de ouro a conversa. Eu não podia sair de lá sem saber a mais importante informação: existe uma multa, existe uma condição contratual especial para o São Paulo? Ele me respondeu. Boa parte pediu que não dissesse detalhes, que respeitasse o momento, mas posso resumir de uma forma: não existe multa contratual unicamente para o time que precisa dele ano que vem. Com exclusividade, a maior prova de amor de um eterno agradecido, a prova do sonho que ainda existe no coração do menino que ganhou um Mundial e se transformou em um profissional sábio e coerente. A prova de um profissional ético que não pôde me dizer isso em palavras, mas expressou de forma fenomenal: para nós há exclusividade! Me arrepio aqui enquanto escrevo e lembro. O time que deu não a ele em junho, foi lembrado enquanto ele assinava seu contrato pelo sonho de retornar brevemente. Gustavo de Oliveira, Ataíde Gil, para o São Paulo, não há multa.
Nos despedimos por que a noite se aprofundava e nós (Sung e eu) tínhamos que voltar para São Paulo no dia seguinte. Eu perguntei como último assunto do tweet que o filho dele deu há algumas semanas com três bolinhas: vermelha, preta e branca. Ele riu: "Foi por causa do jogo! Ele estava assistindo e twitou! É são paulino, né!". Não precisa me dizer, mas o pai também é.
Nos acompanhou até o elevador e eu comentei das campanhas que fiz de #VoltaLugano, avisei a ele que fui à Assunção como torcedora a realizar um sonho e jornalista atrás da verdade, mas que a história não acabava ali, que todo aquele bate-papo para mim era o início de uma batalha interna pelo seu retorno. Ele riu, acha difícil, como se fosse um milagre. Eu disse: "Moveremos montanhas por você! Não duvide de nós". Ele respondeu que em breve nos falaríamos e a porta do elevador se fechou. Chorei.
Sung ficou sem palavras enquanto eu chorava de cabeça baixa. Permanecemos assim por pelo menos 15 minutos, eu escorrendo lágrimas e ele procurando cervejas: "Preciso entender tudo o que aconteceu hoje", me dizia.
Andamos pela madrugada em Assunção em ritmo de despedida. "Será que podemos fazer este milagre?" Juntamos as peças do quebra-cabeça para entregar este texto à diretoria do São Paulo. Prestem atenção: não há multa, ele ganha abaixo do nosso teto salarial (Michel Bastos ganha mais do que ele, por exemplo), Lugano é o elo partido entre os jogadores e a torcida, ele tem condicionamento físico, habilidade, sabedoria, raça, ama o clube, é grato ao clube, joga bem e, principalmente - minha opinião como torcedora - ele quer a braçadeira que Rogério deixará vaga.
Aos diretores de futebol eu deixo aqui o meu apelo. Não baseado em fontes emocionais, mas sim na parte mais racional: este site se organiza a partir de agora com a campanha #VoltaLugano
Convocamos toda a torcida e convidamos todos da mídia tricolor para nos unirmos em prol deste trabalho. Mover montanhas, fazer milagre, ressuscitar os valores, resgatar a energia perdida, a vontade de guerreiro, o dom celeste, a filosofia de futebol que sai das quatro linhas e transcende no ar em 60 mil vozes que empurram um time envolto pela sede única de vitória. Lançamos a campanha que busca o retorno da positividade nos vestiários e em campo. Lançamos oficialmente a campanha #VoltaLugano.
PS: Pedi que após cada texto publicado por mim que ele olhasse suas menções no twitter e se poderia ler todos os comentários do texto. Quero que ele sinta o que minha mãe passou pelo telefone: a vibração da torcida que o quer de volta.
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Layla Reis Equipe SPFC.Net
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