"Eu acho que não está na hora de provocar os jogadores nesse sentido (adotando estilo linha-dura). Nosso objetivo está muito claro. Preciso de um rendimento maior e estou em busca disso", disse o comandante, já imaginando aumentar o nível de exigência no início de 2012. "Eu ainda quero fazer muitas coisas que o campeonato não me permite".
"Tudo depende do momento. Na pré-temporada, você é o carrasco de tudo, porque vai cobrar recuperação, vai exigir mais empenho dos preparadores, dos fisiologistas e principalmente dos atletas, porque tem tempo. Agora faltam seis rodadas", comentou Leão, que tem intercalado atitudes mais duras com afagos.

Rivaldo foi o primeiro a conhecer os métodos do treinador. O veterano, acostumado a reclamar da reserva com Carpegiani e Adilson, sequer viajou ao Paraguai para a estreia de Leão - derrota por 2 a 0 para o Libertad e eliminação na Sul-americana. Mas ficou calado e recebeu elogios antes e depois do empate por 0 a 0 com o Vasco, partida em que atuou por alguns minutos.
Cícero, por sua vez, não soube lidar com o corte. O camisa 16 chiou publicamente quando descobriu que não ficaria nem no banco de reservas em São Januário e ouviu do treinador que precisava ser mais inteligente. As arestas foram aparadas com um pedido de desculpas no início da semana e o atleta será titular contra o Bahia, neste sábado.
"Tem hora para tudo. Sou pago para observar e acho que minha observação tem que ser válida. Observei que precisava de um homem um pouquinho mais tático, diferente, por isso o Cícero treinou no lugar do Juan", explicou Leão, lembrando que decidiu não levar Juan a Salvador por entender que um descanso fará bem ao lateral esquerdo.
Até o capitão Rogério Ceni sentiu a diferença. "Fominha", o goleiro suportou dores para ir a campo em algumas partidas e bateu recorde no clube ao disputar 133 jogos em sequência. Com Leão, o camisa 01 foi substituído contra o Libertad e desfalcou o time ante o Vasco. Para o duelo contra o Bahia, está vetado novamente. O técnico não quer atletas atuando no sacrifício.
Nos treinos, o ex-goleiro distribui broncas - algumas até constrangedoras - quando percebe um equívoco de sua equipe. Independente disso, os jogadores costumam ir aos gramados do CCT da Barra Funda sorrindo, já que as atividades consideradas "chatas" foram trocadas por animados trabalhos de aquecimento, sempre com bola.
Leão só não abre mão de trabalhar nas primeiras horas do dia e costuma marcar os treinos para o período da manhã, às 9 horas (de Brasília), pelo menos 30 minutos mais cedo do que os antecessores. Se ficar no ano que vem, as atividades podem até ser antecipadas.
"Já pensou se fossem às 7 horas? Muita gente trabalha nesse horário, mora longe, vai de ônibus... Às 9 horas o sol já está queimando, companheiro. Talvez ano que vem a gente melhore para às 8h30. Se você treina mais cedo, você dorme mais cedo, seu café é melhor e você é mais saudável", justificou ele, que já relevou um atraso de Willian José. Em outros clubes, casos como esse faziam com que o treino do dia seguinte fosse antecipado em meia hora.