Após o terceiro título mundial em 70, a Seleção Brasileira estava confiante na conquista do tetra. Mas, sob comando de Zagallo, a equipe não fez uma boa companha em 74, na Alemanha, e perdeu para a Holanda por 2 a 0, na semifinal. Com isso, disputou o terceiro lugar do campeonato contra a Polônia. Apesar de o Brasil não ter jogado bem durante o torneio, poucos esperavam uma vitória polonesa. Porém, uma falha do lateral-esquerdo Marinho Chagas abriu espaço para atacante polonês Grzegorz Lato fazer o gol da vitória. Mais de 35 anos depois, Emerson Leão, o goleiro da Seleção na época e atual técnico do São Paulo, ainda credita a derrota ao erro do companheiro de equipe.
- Infelizmente não ganhamos. Por mérito e inteligência da Polônia, que tinha no seu principal atleta um carequinha chamado Lato, que tinha uma velocidade muito grande pela direita. Foi por ali que esse mesmo Lato fez o gol, nas costas do nosso lateral, que era indisciplinado taticamente para a época e avançou desordenadamente - disse em entrevista exclusiva ao "SporTV Repórter".

Após a derrota e o quarto lugar na competição, Leão admite que se desentendeu com Marinho Chagas no vestiário.
- O que aconteceu é que ele foi indisciplinado e mal educado nas respostas quando nós o chamamos para fazer uma fixação pela lateral esquerda. Como era o último jogo, ele disse que era 'jogador show'. Nós não estávamos para dar show, estávamos ali cumprindo uma determinação e representando um país. Nós perdemos por causa disso também. E aí, dentro do vestiário, nós nos desentendemos. Coisa natural de dois homens que pensam diferente. Esquece do objetivo comum que era um bom resultado.
Questionado se a discussão chegou "às vias de fato", Leão foi suscinto:
- Muito pouco.
Apesar da derrota, o ex-goleiro da Seleção relembra que o Brasil jogou melhor que a Polônia e merecia ter ficado com a terceira colocação no campeonato.
- Nós massacramos a Polônia, mas perdemos de 1 a 0. Inteligência do técnico da Polônia, que soube explorar o nosso lado, eu diria, aberto e com um possível erro.
Wladyslaw Zmuda, que defendeu a Polônia em quatro Copas do Mundo, relembra a mentalidade que a seleção polonesa tinha na época, dois anos depois de ter conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Munique. Para eles, era possível vencer qualquer adversário. (Veja a íntegra do programa no vídeo ao lado)
- Não éramos favoritos antes da Copa de 74. Tínhamos Itália, Argentina e Haiti em nosso grupo. Diziam que íamos lutar pelo terceiro lugar com o Haiti, mas surpreendemos já na primeira fase. Na decisão do terceiro lugar, entramos muito cansados. O Brasil é uma ótima seleção, sempre entra com grandes jogadores, mas se nós estavamos com medo? Não acredito. Éramos verdadeiros guerreiros. Na nossa cabeça, tanto fazia pegar o Brasil ou Argentina que nós lutariamos até o fim. Sempre nos consideramos iguais a nossos adversários. E essa mentalidade funcionou durante a Copa do Mundo - afirmou o ex-zagueiro.