Juvenal Juvêncio alertou Adilson Batista, durante a semana passada, de que um tropeço em Goiânia custaria seu cargo.
Imediatamente após a derrota do São Paulo para o Atlético-GO por 3 a 0, na noite de domingo, anunciou a demissão.
O presidente são-paulino admite decepção com o trabalho do treinador, embora o defina como “sério e trabalhador”, e corre atrás do substituto, missão considerada difícil no Morumbi.
Seu descontentamento, no entanto, não se limita a Adilson. Juvenal lembra que boa parte dos jogadores não está rendendo o esperado individualmente.
Rivaldo, sempre aclamado pelo torcedor, é um dos que não agradam ao presidente. Seu contrato não será renovado para 2012, independentemente do que ocorra na reta final do Campeonato Brasileiro e na Copa Sul-Americana. “Rivaldo é um grande profissional, disciplinado, mas já não é mais aquele jogador.”
Na visão da diretoria, o técnico insistiu demais com Rivaldo, talvez até de maneira inconsciente, por causa dos pedidos da torcida e da simpatia que carrega dentro do grupo. A cúpula tricolor não se conformou com o fato de o veterano jogador ter atuado durante os 90 minutos contra o Internacional, na quarta-feira (empate por 0 a 0), apesar do cansaço no segundo tempo e da baixa produtividade.
Milton Cruz assume o comando da equipe interinamente – quarta, o desafio é em casa, contra o Libertad, pela Copa Sul-Americana. Mas o objetivo do clube é contratar até a próxima semana um novo treinador. “Não existe no mercado um técnico que tenha unanimidade no São Paulo”, comentou Juvenal. “Precisamos trazer alguém que tenha currículo, a torcida exige nome forte.”
Scolari faz parte desse pequeno grupo. Juvenal acredita, porém, ser difícil acertar com o palmeirense agora. Embora a situação de Felipão não seja nada boa no Palestra Itália.
Nesta entrevista exclusiva ao JT, dada segunda, por telefone, Juvenal diz ainda ser possível conquistar o Brasileiro, afirma que o time vai com força máxima na busca pelo título da Sul-Americana e fala da
confiança no futebol de Luis Fabiano.
O que ocorre com o São Paulo?
As coisas não estão indo bem. Esperávamos mais, uma campanha melhor. Nosso time é competitivo, mas algumas peças não estão rendendo o que poderiam individualmente.
O senhor se decepcionou com o trabalho do Adilson Batista?
Em primeiro lugar, o Adilson é um bom sujeito, um cara sério e trabalhador. Essas são qualidades que deveriam ser naturais do ser humano, mas não são. Por isso, é importante ressaltá-las. Mas ele não foi bem, os resultados estão aí para mostrar. Ele cometeu erros. Não deveria ter se preocupado em ficar dando explicações do passado (referindo-se às passagens sem sucesso por Corinthians e Santos). Ele não se mostrava seguro em alguns jogos e percebi que não estava bem.
Quais erros o senhor destacaria?
Às vezes, ele parecia querer atender ao pedido do torcedor para pôr o Rivaldo. E muitas vezes não era o caso... Contra o Inter, por exemplo, o Rivaldo ficou o jogo todo em campo, mas não estava bem. Perdeu um gol claro. Adilson é um bom cidadão, mas não deveria querer
contemporizar, agradar à torcida, ao grupo ou à mídia. O compromisso aqui é com a instituição.
Em que momento o senhor começou a pensar na demissão?
Na semana passada, o Adilson declarou ter convicção de que o São Paulo venceria o Atlético-GO. Baseado no quê? O time não vinha jogando bem. Eu demorei para tomar a decisão porque é preciso ter segurança numa
hora como essa. É necessário escolher o momento certo. Eu mesmo disse ao Adilson antes do jogo com o Atlético: “Se não vencermos, você sabe que não conseguirá subir a escada do Morumbi no jogo seguinte
(amanhã, contra o Libertad), não haverá clima. A torcida vai te vaiar, inclusive eu”. O torcedor vive de paixão e está frustrado. Como não dá para trocar os 11 jogadores, trocamos o técnico.
Já há nome para substituí-lo?
Não existe um nome que seja unanimidade no clube. Talvez nem entre os treinadores empregados. Está difícil. Começamos a analisar e conversar internamente sobre esse tema.
O Felipão é um nome forte, com currículo... Não poderia ser contratado agora?
O Felipão, sem dúvida, tem nome, currículo. A torcida do São Paulo exige nome forte, não quer um iniciante. Mas ele está no Palmeiras, é muito difícil
pensar nele agora.
E o Dunga?
Agora não. Já quisemos o Dunga no passado, mas ele está em contato com duas ou três seleções e deve fechar com alguma delas.
O Milton Cruz pode ficar até o fim do ano no comando?
Nosso objetivo é que o Milton Cruz fique nos dois próximos jogos, mas não até o fim do ano.
Como o São Paulo vai encarar a Sul-Americana?
Vamos com tudo, nosso objetivo é conquistar o título.
Ainda há chance de conquistar o Brasileiro?
Vou usar um jargão popular: “O jogo só termina quando acaba”. Vamos lutar até o último minuto. Não é impossível, porque o Brasileiro de 2011 está diferente, não é um campeonato de ganha, perde e empata. Os times perdem, perdem de novo, empatam...
Como está a situação do Dagoberto? Não concorda que ele tem feito ótima temporada?
Ele está indo muito bem mesmo. Mas agora, com a lei nova, quando chega o fim do contrato a situação depende muito mais do jogador. O Dagoberto tem dúvidas, parece não fazer força para ir ao exterior. Aqui ele tem os filhos, os pais, gosta do São Paulo, não quer ir para outro lugar. Podemos dizer que está 50 a 50 (possibilidade de ficar ou sair).
O que está achando do Luis Fabiano?
Se ele tivesse feito um gol, aquele de pênalti contra o Cruzeiro, por exemplo, já estaria melhor, mais tranquilo, menos ansioso. Mas é apenas questão de ajuste, logo ele estará bem.
Juvenal fala da crise no São Paulo
Fonte Jornal da Tarde
18 de Outubro de 2011
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