Ninguém no Parque São Jorge confirma as desavenças com o Fenômeno e até a demissão do técnico, em outubro do ano passado, foi oficialmente tratada como "de comum acordo". Mas Adilson não gosta de tocar no assunto. Tanto que desconversou ao pedido de uma comparação às recuperações dos camisas 9 do Corinthians em 2010 e do Tricolor em 2011.
"Já tínhamos uma previsão com o Luis que está se confirmando. Ele está em boas condições de suportar grande parte do jogo [contra o Flamengo, no domingo, no Morumbi, em sua reestreia pelo clube]. Vamos vivenciar o Luis Fabiano e o São Paulo em busca dos nossos objetivos", limitou-se a dizer o comandante.
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Adilson Batista foi extremamente cauteloso desde o início de seu contato com Luis Fabiano e sua lesão...
Quando o técnico chegou ao clube alvinegro, Ronaldo tratava de lesão na panturrilha direita que o deixou fora dos campos por 112 dias. O Fenômeno recepcionou bem o profissional que havia sido seu companheiro no Cruzeiro, em 1993, chegando a publicar em seu Twitter uma mensagem de boas-vindas com um vídeo do chefe comemorando uma vitória do Cruzeiro com carrinho em uma placa de publicidade.
Em retribuição, Adilson se disse disposto a recuperar o artilheiro e pedia paciência a cada pergunta sobre sua condição física. Só pôde escalar o camisa 9 quando já estava há mais de um mês no cargo, no triunfo por 2 a 1 sobre o Vitória, no Pacaembu. Voltou a fazê-lo novamente no empate por 1 a 1 com o Atlético-PR, em Curitiba, quando o Fenômeno balançou as redes cobrando pênalti. Foram as duas únicas vezes que usou o craque, sempre atrapalhado por dores musculares na curta passagem do chefe pelo Parque São Jorge.
O treinador chegou ao Corinthians e encontrou um planejamento pronto para Ronaldo ser útil ao time sem se machucar tanto, mas, na prática, viu o Fenômeno como presença quase fixa no departamento médico e ainda ouviu rumores de que ele arquitetara sua queda. Por isso, foi ainda mais cauteloso com Luis Fabiano, que reestreia pelo Tricolor no domingo após 210 dias de inatividade - passou por duas cirurgias no período por conta de lesão em tendão próximo ao joelho direito.
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... ensinamento assimilado após não se entender com Ronaldo a ponto de torná-lo mais útil em campo
Desta vez, Adilson transparece que sabe lidar melhor com a pressão de ter um astro influente e contundido. "É um jogador que exerce a liderança, com voz ativa, é positivo, quer vencer e tem a ansiedade e a expectativa de jogar bem e ajudar. O São Paulo tem um ganho muito importante com a volta dele", enalteceu sobre Luis Fabiano.
O chefe tem decorado também todos os atributos que fazem do atacante um ídolo mesmo tendo conquistado só o Rio-São Paulo de 2001 e o Supercampeonato Paulista de 2002 pelo Tricolor. "É tudo pela qualidade dele. É um jogador de Seleção Brasileira, artilheiro, guerreiro. Já acompanho o Luis desde o início de sua carreira, na Ponte Preta. Sempre o admirei e hoje tenho o prazer de estar com ele."
Adilson, contudo, mistura alívio às cobranças sobre Luis Fabiano com um aviso ao resto de seus comandados: ele não joga sozinho. "O Luis dispensa comentários, fortalece muito o grupo. Mas será muito importante como os demais. O futebol é coletivo, e gosto do coletivo." Um recado claro ao elenco.