Carpegiani, inclusive, pediu esforços à diretoria são-paulina pela contratação do volante Guiñazu, do Internacional, já que o argentino tem as características consideradas ideais pelo treinador para “acordar” o São Paulo. E, enquanto a negociação se arrasta, ele continua tentando incentivar os jogadores atuais a jogarem com a atitude desejada, embora alguns admitam que não têm o perfil, como é o caso de Rodrigo Souto.
“Ele deixou bastante claro lá em Cotia que quer mais vibração”, diz o volante, em referência a um treino em que Carpegiani chegou a se exaltar com alguns jogadores. “Mas não é muito a minha característica ficar gritando, gesticulando. Eu me entrego correndo, ajudando meus companheiros em campo. Se for em favor do grupo, vamos tentar ajudar da melhor forma possível”, completou.

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Durante treino do São Paulo, Carpegiani orienta Alex Silva, principal candidato a "xerifão" do time
O lateral-esquerdo Juan, que sempre foi considerado um dos mais “raçudos” enquanto defendia o Flamengo, minimiza a suposta falta de vontade do São Paulo. “Isso acontece com muitos times. Tem vontade, tem vibração, mas às vezes deixa as coisas acontecerem um pouco e vai ter que correr atrás depois que toma o gol. Mas, quando se une, é um time muito forte, que consegue fazer boas partidas”, disse.
Para o atacante Fernandinho, outro que vem sendo titular neste começo de ano, como Souto e Juan, “é só impressão” a falta de vibração do São Paulo. Ele destaca a determinação dos jogadores, principalmente nos trabalhos físicos, e diz que “o grupo está fechado para colher os frutos em campo”.
Apesar da ligeira insatisfação, Carpegiani faz questão de ressaltar que já está contente com o grupo que tem em mãos. Em breve, ele ainda vai receber os reforços dos jogadores que estão com a seleção brasileira sub-20 disputando o Sul-Americano da categoria no Peru, e afirma que vai encontrar uma maneira de fazer a equipe jogar como ele quer.
“Tenho o Lucas, que estava fazendo o lado direito muito bem, espero que ele retorne do mesmo jeito. É um jogador vibrante. O grupo é bom e nós vamos tornar esse time competitivo. Eu vou conseguir deixar essa equipe vibrante e competitiva, nem que tenha que ir trocando e trocando até encontrar [a formação ideal]”, afirmou o treinador após a vitória sobre o Linense na semana passada.
Quem é o “xerifão”?
Para Carpegiani, Guiñazu seria o nome ideal para o São Paulo por ser um jogador de meio de campo, posição de onde teria maior facilidade para “empurrar” todo o time. Mas o fato é que o clube do Morumbi há muito tempo não tem um jogador desta posição com essa característica. Mesmo na recente fase vitoriosa, entre 2005 e 2008, os volantes e meias sempre foram atletas discretos.
Nas campanhas dos títulos da Copa Libertadores e do Mundial em 2005 e dos Campeonatos Brasileiros de 2006, 2007 e 2008, o setor foi ocupado por jogadores como Mineiro, Josué, Danilo, Souza, Richarlyson, Hernanes, Jean e Jorge Wagner. Desses, talvez o mais vibrante fosse Richarlyson, que acabou tendo como um dos motivos para sair do São Paulo justamente o grande número de cartões amarelos e expulsões.
Assim, as grandes lideranças do time nos últimos anos têm sido jogadores de defesa. Nos títulos de 2005, um dos principais destaques da “raça” exigida por Carpegiani e pelos torcedores com certeza foi o zagueiro uruguaio Lugano, ao lado do goleiro e capitão Rogério Ceni. E nos anos seguintes, Rogério assumiu o posto na maior parte das vezes praticamente sozinho.
Atualmente, além do camisa 1, o jogador que mais agrada à torcida pela vontade é o zagueiro Alex Silva. Depois de desfalcar a equipe nas últimas três rodadas do Paulistão, o camisa 3 volta a ficar à disposição de Carpegiani. E em seu perfil no Twitter, ele deu diversas declarações que podem encher o treinador de esperanças por ver um time mais vibrante em campo no próximo domingo, contra a Portuguesa.