O mesmo jogo, a mesma fase, os mesmos estádios e a mesma competição. São Paulo e Cruzeiro vão se enfrentar mais uma vez pelas quartas de final da Libertadores.
As coincidências param por aí. Pelo menos é o que esperam os tricolores, ansiosos pela revanche justamente contra o clube que venceu com autoridade no ano passado e provocou a crise mais grave dos últimos seis anos no Morumbi.
Os números das campanhas são contraditórios com o momento de cada equipe dentro de campo. Com a eliminação do Corinthians, o São Paulo passou a ser o clube de melhor desempenho na Libertadores (levando em conta a fase de grupos) e, por isso, tem o direito de decidir seus mata-matas no Morumbi enquanto estiver vivo na competição. Já o Cruzeiro nem sequer conseguiu se classificar em primeiro lugar na chave.
A equipe mineira ficou atrás do Vélez Sarsfield (ARG), já eliminado, e teve de superar o Nacional (URU) nas oitavas de final disputando o segundo jogo na casa do adversário.
Entretanto, em campo, a torcida da Raposa tem ficado mais satisfeita com o futebol apresentado. Os mineiros já fizeram 18 gols na Libertadores, o dobro do São Paulo. Thiago Ribeiro (oito) e Kléber (sete) foram responsáveis por 15. A dupla de ataque será a principal preocupação dos tricolores nas quartas de final.
No setor defensivo, a vantagem é paulista. Entre os classificados, o Tricolor ostenta a zaga mais sólida, sofreu só dois gols em oito rodadas. O Cruzeiro foi vazado sete vezes.
A esperança são-paulina para devolver o passeio sofrido em 2009 está nas profundas mudanças. Sob novo comando técnico, agora de Ricardo Gomes, a equipe é bem diferente da orientada por Muricy Ramalho, que mudou bastante nos dois confrontos da temporada passada. Miranda, Hernanes e Jorge Wagner, por exemplo, foram titulares no Mineirão, mas não iniciaram no Morumbi. Há ainda os 12 reforços contratados e à disposição de Ricardo Gomes.
– É um clássico brasileiro e jogos assim não têm favoritos. O vencedor será decidido nos detalhes, temos de já ir estudando esses detalhes – ensinou Rodrigo Souto, uma das novidades mais bem sucedidas para 2010.
O Cruzeiro é praticamente igual. Agora, mais entrosado e experiente. O confronto vai provar se o São Paulo aprendeu as lições do último ano.
LIÇÕES PARA SE TIRAR DO DUELO DE 2009
Kléber
O atacante, revelado no São Paulo, vai provocar, driblar, passar o pé em cima da bola, cavar faltas, reclamar. Em 2009, os zagueiros resolveram marcá-lo com faltas duras e não adiantou.
Volantes
Fabrício, Marquinhos Paraná e Henrique são o motor do meio de campo e não se limitam a marcar. No Morumbi, no ano passado, Henrique fez um golaço. Os três têm bom chute de longa distância. Anular o trio será fundamental para evitar que o Cruzeiro ofereça perigo.
Disciplina
Na partida de volta, no Morumbi, Eduardo Costa foi expulso ainda no primeiro tempo e o São Paulo foi completamente dominado pelo Cruzeiro, como já ocorreu em outras decisões. Não receber cartões vermelhos será essencial.
Padrão
Muricy Ramalho ainda não havia definido o esquema tático. No Mineirão, usou o 4-4-2, com laterais improvisados. No Morumbi, recorreu aos três zagueiros. Nenhuma das equipes se entendeu no gramado.
Ousadia
Após o jogo do Mineirão, o presidente Juvenal Juvêncio disse que o São Paulo havia jogado como time pequeno. No Morumbi a coisa foi ainda pior: nenhum chute a gol. Para vencer o Cruzeiro, é preciso ser grande de fato.
Defesa
Nos dois jogos contra a Raposa, o Tricolor sofreu quatro gols, o dobro do que já levou em oito partidas na atual temporada. Para enfrentar o poderoso ataque cruzeirense, Alex Silva e Miranda precisarão ter a ajuda do meio e da frente.