O ano do São Paulo foi repleto de agitações e polêmicas, culminando em uma temporada sem títulos e marcada por lesões frequentes em seus jogadores. Além dos desafios em campo, o clube também enfrentou questões políticas que abafaram o desempenho esportivo, resultando em duas investigações em andamento na polícia civil de São Paulo.
No aspecto esportivo, o desempenho foi abaixo das expectativas. O São Paulo teve um desempenho irregular no Campeonato Paulista e na Copa do Brasil, sendo eliminado mais cedo do que o esperado. No Campeonato Brasileiro, a equipe terminou na oitava colocação, enquanto a expectativa inicial era terminar em sexto lugar. Na Copa Libertadores, o time alcançou a fase de quartas de final, mas já está certo de que não poderá participar do torneio continental em 2026.
Uma das mudanças significativas na temporada foi o retorno de Hernán Crespo, um treinador apreciado pela torcida, que assumiu após uma fase complicada no Campeonato Brasileiro, quando o time chegou a flertar com a zona de rebaixamento. Crespo trabalhou com os jogadores disponíveis, mas a escassez de recursos no mercado de transferências limitou as opções. Apesar das tentativas de trazer reforços, como a volta de Oscar, que acabou frustrada por problemas de saúde, e a espera pelo atacante Marcos Leonardo, o clube se viu obrigado a manter uma postura conservadora dada a realidade financeira apertada.
No campo médico, a temporada foi marcada por um número alarmante de lesões. Jogadores como André Silva, Calleri e Ryan Francisco estiveram indisponíveis por longos períodos devido a lesões ligamentares no joelho, o que afetou severamente o ataque. Outros atletas, como Lucas Moura, também enfrentaram dificuldades semelhantes, tornando difícil a montagem de uma equipe competitiva. Além disso, a saúde de alguns jogadores gerou situações inesperadas, como a síndrome vasovagal de Oscar, que pode resultar em sua aposentadoria, e o tromboembolismo pulmonar de Luiz Gustavo, que levou à rescisão de seu contrato.
Para agravar o quadro, mais de 70 ocorrências de lesões foram registradas, um número bastante acima do esperado. O departamento médico tornou-se alvo de polêmica quando um nutrólogo que trabalhava para o clube foi acusado de usar canetas emagrecedoras em atletas, com o agravante de que esses produtos não eram autorizados pela Anvisa. Após a divulgação desses fatos, o São Paulo optou por rescindir o contrato do profissional e promover desligamentos em outras áreas do departamento médico.
A política interna do clube também se intensificou nos últimos meses do ano, com protestos contra a diretoria e pedidos de demissão de figuras como Carlos Belmonte. O ambiente tumultuado se agravou com a divulgação de vazamentos de áudios e informações sensíveis, onde personalidades como Mara Casares e Douglas Schwartzmann foram citadas em um suposto esquema de venda ilegal de ingressos, situação que está sob investigação pela Polícia Civil. Pouco depois, surgiram novas denúncias de desvio de dinheiro em negociações de jogadores, que também estão sendo apuradas.
Com um novo ciclo se aproximando em 2026, o clube se prepara para as eleições, mas ainda enfrenta incertezas sobre a sucessão de Julio Casares. Enquanto os nomes como Márcio Carlomagno ganham força nos bastidores, figuras da oposição, incluindo Marco Aurélio Cunha, José Carlos Pinotti e o próprio Belmonte, começam a se articular. O ano de 2023, portanto, encerra-se em meio a incertezas, desafios e a expectativa de uma reformulação necessária para levar o São Paulo a melhores resultados no futuro.