A Polícia Civil, por meio do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), iniciou uma investigação nesta terça-feira sobre um suposto esquema ilegal de comercialização de um camarote para shows no estádio do Morumbi, que é o lar do São Paulo Futebol Clube. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) havia solicitado a abertura de um inquérito, pedido que foi aceito pela Polícia Civil, dando início às apurações que, por enquanto, estão sob segredo de Justiça.
Em uma nota, o São Paulo Futebol Clube afirmou que não tem conhecimento sobre qualquer investigação em andamento, mas se comprometeu a cooperar plenamente caso seja oficialmente chamado para prestar esclarecimentos. Paralelamente, o clube instaurou duas sindicâncias, uma externa e outra interna, para investigar a situação. A sindicância externa coletará depoimentos dos envolvidos, enquanto a interna está sendo realizada pelo departamento de compliance do clube. Além disso, o caso foi enviado à Comissão de Ética do Conselho Deliberativo do São Paulo para uma apuração detalhada.
A investigação surgiu após a divulgação de áudios que revelaram um esquema envolvendo Douglas Schwartzmann, diretor adjunto da base do clube, e Mara Casares, ex-esposa do presidente Julio Casares e atual diretora cultural e de eventos. Nos áudios, Schwartzmann admite que ele, Mara e outros obtiveram lucro com a venda ilegal de ingressos de um camarote, especificamente durante um show da cantora colombiana Shakira realizado em fevereiro deste ano.
O camarote em questão, designado como 3A, está localizado no setor leste do Morumbi e é identificado nos documentos do clube como "sala presidência", situado em frente ao escritório do presidente. Diante do escândalo, confluindo pressão política e institucional, Julio Casares declarou que a condução das investigações será feita com total transparência e objetividade, visando a preservação da imagem da instituição.
A expectativa dentro do clube é que os relatórios resultantes dessas apurações forneçam subsídios para a tomada de decisões administrativas e disciplinares, apenas caso sejam confirmadas as irregularidades. Este incidente se configurou como um dos mais delicados da atual gestão. Em resposta aos escândalos, a oposição protocolou um pedido de impeachment contra Julio Casares, reunindo assinaturas de 57 conselheiros, incluindo 13 que até então eram considerados aliados do presidente.