Escândalo no Morumbi: dirigentes pedem licença após áudios vazarem

A segunda-feira trouxe uma reviravolta para o São Paulo Futebol Clube, com a divulgação de áudios que revelam um esquema ilegal de comércio de ingressos para shows no Morumbi. As conversas, que envolvem Douglas Schwartzmann, diretor adjunto da base, e Mara Casares, ex-esposa do presidente Julio Casares e atual diretora cultural e de eventos, expõem a implicação dos dois em irregularidades na venda de ingressos.

De acordo com o que foi reportado, Schwartzmann admitiu no áudio que ele, Mara e outros envolvidos lucraram com esse esquema. Notavelmente, ele menciona que Mara recebeu um camarote do superintendente Marcio Carlomagno e comercializou ingressos para o show da cantora Shakira, realizado em fevereiro deste ano. Carlomagno, descrito como o braço direito de Julio Casares, tem um papel influente dentro do clube, especialmente em vista da eleição prevista para 2026.

O camarote envolvido na controvérsia é conhecido como 3A, localizado no setor leste do Morumbi e identificado em documentos do clube como "sala presidência", posicionado em frente ao escritório do presidente. O acordo para o uso do camarote foi repassado a Rita de Cassia Adriana Prado, intermediária no esquema, que tinha como responsabilidade a venda de ingressos para os shows, incluindo o de Shakira, gerando uma expectativa de faturamento de cerca de R$ 132 mil apenas com esse espaço.

No entanto, com o passar dos meses, desavenças surgiram. Em junho, a empresa de Rita, The Guardians Entretenimento Ltda., processou Carolina Lima Cassemiro, da Cassemiro Eventos Ltda., alegando que ela retirou de forma não autorizada um envelope com 60 ingressos do camarote 3A, justamente na data do show da cantora colombiana. Segundo Rita, os ingressos foram adquiridos pela empresa de Carolina por R$ 132 mil, mas apenas R$ 100 mil foram pagos a ela, levando-a a não querer entregar o envelope.

A situação se complicou ainda mais com a intervenção da Justiça. Após o registro de um Boletim de Ocorrência, Douglas e Mara tentaram pressionar Rita a retirar a ação judicial antes que o caso se tornasse público. Durante as conversas gravadas, Schwartzmann destacou que todos estavam cientes da natureza clandestina do esquema e expressou preocupação com as repercussões que poderiam afetar Carlomagno.

Após vir à tona o conteúdo das gravações, o São Paulo Futebol Clube se manifestou oficialmente, informando que tanto Douglas quanto Mara solicitaram licença de seus cargos. O clube ressaltou que está realizando uma investigação sobre os fatos e que, dependendo da apuração, tomará as medidas necessárias.