Técnico do São Paulo sub-17 critica redes sociais de jogadores e revela ensinamentos de Muricy

Mário Ramalho, atual técnico do sub-17 do São Paulo, vem desempenhando um papel fundamental na formação de jovens atletas em um cenário em que a pressão por resultados e a exposição nas redes sociais são cada vez maiores. Em uma recente entrevista, ele compartilhou suas percepções sobre os desafios enfrentados na formação de jogadores e a importância de construir sua própria identidade no futebol, dissociando-se da fama do tio, o renomado Muricy Ramalho.

O treinador destacou que, além das habilidades táticas e técnicas, um dos maiores obstáculos que enfrenta é a necessidade de manter os jovens jogadores equilibrados emocionalmente. Nos dias atuais, as redes sociais exercem uma pressão significativa sobre os atletas, que buscam, de maneira incessante, apresentar uma imagem de sucesso a seus seguidores. Mário observa que essa autocobrança gerada pela exposição digital pode ser ainda mais desafiadora do que o interesse de clubes europeus. "Vejo uma tendência muito grande nos garotos de sentirem a necessidade de serem protagonistas o tempo todo", afirmou.

Para lidar com essa situação, Mário opta por uma abordagem de sinceridade e transparência. Ele acredita que a comunicação clara e honesta pode ajudar os jogadores a amadurecerem no contexto esportivo. "Nosso papel é orientar e decidir. Temos que ter coragem de educar e, lá na frente, eles vão entender o porquê", ressaltou o treinador.

Mário também compartilhou experiências pessoais que moldaram sua filosofia como treinador. Uma delas envolveu Henrique Carmo, um jogador que teve um grande destaque ao ser instrumentalizado para desenvolver novas habilidades. Apesar da resistência inicial do atleta em jogar em uma posição que não era a sua favorita, essa mudança se revelou crucial para seu desenvolvimento. "Trabalhamos esses elementos para aproveitar o que o jogador tem de bom, mas sempre trazendo algo a mais", explicou.

Formado em Educação Física, Mário Ramalho traz uma perspectiva diversa ao seu trabalho, adquirida por meio de experiências em áreas distintas, como natação e projetos sociais. Essa bagagem o ajuda a promover um ambiente de aprendizado que se afasta das práticas convencionais. Ele busca incorporar atividades lúdicas em seus treinos, como jogos de rua, para desenvolver outras competências nos atletas.

Mesmo com o sobrenome Ramalho, Mário enfatiza que deseja ser reconhecido pelo seu trabalho, e não simplesmente como "o sobrinho de Muricy". Ele tem em seu tio uma fonte de inspiração, destacando a importância da transparência e coragem nas decisões, características fundamentais para qualquer treinador. "Se o atleta perceber que temos medo de decidir, ele perde a confiança", adverte.

Entre suas referências, Mário cita técnicos como Fernando Diniz e Renato Gaúcho, admirando suas abordagens únicas no manejo de equipes e jogadores. Ele valoriza a autonomia e o desenvolvimento de uma identidade própria dentro da equipe, buscando sempre criar um ambiente onde os jovens atletas possam expressar sua criatividade dentro de campo.

Por fim, Mário fala sobre a evolução dos atletas e a importância de respeitar o ritmo de cada um no processo de formação. Ele menciona casos específicos de jogadores, como Antony, que não eram destaques em idades menores, mas que gradualmente se desenvolveram e se destacaram no cenário do futebol. "É o treino que desenvolve o atleta, o jogo é um complemento do treino", afirma Mário, reforçando seu compromisso com a formação integral dos jogadores.