Recentemente, o nome de Mirray Leme Vieira voltou a ser mencionado no cenário esportivo, não apenas por suas promessas não cumpridas, mas também pela sua história intrigante. Conhecido como o “novo Kaká” na base do São Paulo, Mirray enfrentou a pressão de ser comparado a um dos melhores jogadores da história do futebol brasileiro. Em 2009, ele foi uma das estrelas do time sub-15 que conquistou o Mundial na Inglaterra, marcando dois gols na final contra o Werder Bremen. Este sucesso inicial culminou em um contrato milionário que permitiu ao atleta proporcionar uma casa própria para seus pais e, ao mesmo tempo, carregar um fardo considerável: as expectativas depositadas sobre ele.
Contudo, sua trajetória não seguiu a curva ascendente esperada. Mirray teve que se adaptar às duras realidades do futebol mais tarde, quando não conseguiu se firmar no time profissional e foi cedido a clubes menores, como Nacional-SP e São Bento. Com a passagem do tempo, ele experimentou o contraste entre a infraestrutura e o suporte oferecidos pelo São Paulo e as dificuldades estruturais que enfrentou em times menores, que muitas vezes mal conseguiram honrar seus compromissos financeiros.
Após cair na realidade desafiadora de clubes com menos recursos, Mirray decidiu encerrar sua carreira profissional aos 27 anos. Ele refletiu sobre a pressão de seu passado e como se sentiu após ter que buscar novas oportunidades em equipes que, conforme ele mencionou, não ofereciam o mesmo nível de proteção e suporte aos atletas. “É muito difícil lidar com a transição de um clube grande para outro que não possui a mesma estrutura. Isso impacta tudo, desde alimentação até o cuidado com os atletas”, afirmou Mirray.
Agora, aos 31 anos e sem competir profissionalmente há quatro anos, ele encontrou um novo caminho em sua cidade natal, Guariba, no interior de São Paulo. Mirray dirige uma escolinha de futsal e criou um grupo voluntário de corrida chamado “Pace que Salva”, além de participar de torneios amadores. Ele expressa satisfação em sua nova vida, reconhecendo que muitas pessoas ainda enfrentam dificuldades nos clubes de menor expressão e que o suporte for uns poucos é muitas vezes insuficiente.
Embora tenha sido rotulado como uma grande promessa do futebol e tenha assinado um contrato que lhe assegurou um status elevado, Mirray aborda sua trajetória de uma forma madura e grata. “O futebol é uma caixinha de surpresas, tanto para o lado bom quanto para o lado ruim. Fui realizado ao longo deste caminho, e sou muito grato por tudo que vivi no esporte. Tudo que tenho hoje é fruto do que consegui por meio dele”, concluiu Mirray, ressaltando a importância de viver outras experiências e projetos fora do campo profissional.