Em uma recente entrevista ao portal Players Tribune, o volante Luan compartilhou uma experiência difícil que viveu no início deste ano, quando buscava uma oportunidade no São Paulo sob a supervisão do técnico Luis Zubeldía. Após uma passagem positiva por empréstimo no Vitória, Luan retornou ao clube, mas não fazia parte dos planos da equipe, o que o deixou angustiado e desamparado.
"Caramba, estava tudo tão difícil para mim... Apesar da esperança que eu tinha de retomar a minha história interrompida no São Paulo, me avisaram que eu não fazia parte dos planos e passei a treinar sozinho, separado do grupo e em horários alternativos, enquanto aguardava uma definição", revelou Luan, sobressaindo a dor e a incerteza que sentia.
O volante relatou que a ansiedade tomou conta de suas noites, fazendo-o passar horas acordado, preocupado em nunca mais vestir a camisa do Tricolor. "Passava noites em claro, achando que nunca mais vestiria a camisa do Tricolor, me perguntando o que fazer com aquele aperto no peito, aquela sensação ruim de ter um trabalho importante para terminar e não conseguir", destacou.
Durante esse período conturbado, Luan tomou medidas desesperadas para tentar alterar sua situação. Ele se dirigiu ao diretor de futebol, Carlos Belmonte, implorando por uma chance de participar da pré-temporada. "Esperava o Zubeldía nos corredores e implorava por uma oportunidade de treinar com o time", contou ele, relutando em aceitar o isolamento ao qual fora submetido.
Uma das memórias mais marcantes desse período foi uma situação que Luan descreveu vivamente. Após um dia de treinos, ele foi ao refeitório e, ao pegar uma marmita, encontrou seu nome acompanhado da palavra "jantar". Isso evocou recordações profundas. "Um dia, treinei de tarde e fui jantar. Estava tudo quieto e vazio no refeitório do CT da Barra Funda. Um ou dois funcionários lavavam os pratos e as panelas lá dentro, e o barulho dos meus chinelos se arrastando no piso só aumentava a tristeza", relatou, enfatizando a solidão que o acompanhava.
Em um momento de reflexão, ele decidiu tirar uma foto da marmita, que se tornou um símbolo de sua luta interna. "Levantei o celular, pum!, fiz rapidinho a foto e salvei. Não postei nem enviei para ninguém. Era um particular meu. Uma fotografia que me contava uma história de mil palavras", explicou, expressando como aquele simples ato significava mais do que se poderia imaginar. "Não sei direito por que fiz a foto. Talvez porque, naquele momento, a marmita fosse a única coisa me dizendo: 'Você existe, Luan. Você existe'", finalizou.
