Vinte e oito dias após a fratura que o deixará fora de combate por, no mínimo, quatro meses, Rogério Ceni voltou a frequentar o Centro de Treinamentos da Barra Funda para dar início à segunda fase de seu tratamento. O goleiro falou sobre vários assuntos, desde o dia-a-dia em sua casa até o início do Brasileirão.
Qual foi o período mais difícil neste primeiro mês?
O mais doloroso foi a primeira semana, os dois dias após a cirurgia, especificamente, mas também tem a parte mais difícil de entender que você terá que ficar de fora por tanto tempo e que essa é uma coisa que não depende de você. Não está ao meu alcance mudar isso, você sabe que pode encurtar o tempo de recuperação se dedicando, trabalhando firme, mas isso não vai acabar com o problema de uma hora pra outra. Eu estou conformado e sei que não posso desanimar, tenho confiança de que estarei voltando bem, tanto tecnicamente quanto fisicamente, até melhor de quando me machuquei. Tenho certeza disso.
Ainda sente dores no tornozelo?
Quando estou parado não, agora posso até apoiar o pé no chão com a proteção. Só sinto algum incômodo no fortalecimento, que tenho que fazer força nos movimentos e a musculatura não está tão forte. Fazer gelo também é desconfortável.
As filhas (Beatriz e Clara) estão estanhando ver o pai em casa por tanto tempo?
Elas estão adorando. Eu fico mais na cama e não posso brincar muito com elas, mas só com o fato da minha presença em casa elas ficam muito felizes porque nunca tiveram isso desde que nasceram, então está sendo diferente pra elas.
Como é o comportamento delas com o pai machucado?
Elas não têm noção do que é a minha lesão, mas sabem que estou machucado. Então, elas cuidam de mim. Elas falam uma pra outra que tem que tomar cuidado com o pé do papai, sobem na cama pra ficar comigo, fazem carinho, abraçam. E são muito curiosas, perguntam tudo, outro dia perguntaram se um dia eu vou tirar a muleta, por que já sabem que quando eu tirar a muleta volto a ficar longe delas, jogando.
Agora que está de volta ao CT, estava com saudade do convívio?
Acredito que é necessário estar aqui. É legal conviver com o pessoal, conversar com todos, ver os parceiros de trabalho. Tem o lado ruim, que é ver os outros treinando e não poder estar junto, mas há outros bons, porque tenho o contato com a fisioterapia de uma forma maior, posso ter mais idéia do que é a lesão e acompanhar a evolução dela.
Como você pode ajudar estando diariamente com os atletas novamente?
Na verdade, eu não sei. O que eu posso dizer é que eles terão que se ajudar mutuamente, na Libertadores, são seis jogos que os separam do título, jogos que podem valer um ano inteiro. É essa a consciência que eles têm que ter e colocar isso em prática, usando a vantagem que conseguiram na primeira fase. O que eu posso fazer é incentivar, dar força, é nesse aspecto que posso ajudar.
O que fazia no período que teve que ficar em casa?
Por incrível que pareça, tinha muita coisa pra fazer. Pra começar, tinha a parte do gelo, dos exercícios com peso, da fisioterapia, que consumia um bom tempo. Com a nossa vida corrida, muitas coisas ficam pendentes pra resolver, então acabei conseguindo colocar muitas coisas em dia. Em casa eu ficava com as crianças, via os jogos do São Paulo, acompanhava as partidas da televisão, principalmente as de quarta-feira à noite. E também tinha muitos aspectos do livro que eu tinha acabado de lançar. Sempre tem coisas pra serem feitas, eu não fico parado nunca.
Quem chamou atenção na primeira rodada do Campeonato Brasileiro?
Pra mim, quem chamou atenção foi quem venceu fora, o que é muito difícil, principalmente já de cara. Então, o Internacional e o Vitória eu posso destacar. Além disso, os gols do Nilmar e do Pedrão foram diferenciados, então posso destacar os dois jogadores.