Início tardio e sem passagem por categorias de base. A carreira de Amauri tinha tudo para dar errado. Mas após oito anos na Itália, o atacante que sempre se imaginou vestindo a camisa nove do São Paulo já sente segurança em afirmar que pode completar uma passagem pelo futebol perto do que considera perfeito.
Para um são-paulino roxo, nada seria mais apropriado do que começar e terminar a sua trajetória no Morumbi. Mas a primeira parte falhou. Até os 19 anos de idade, o máximo que Amauri conseguia fazer era pular de teste em teste em clubes paulistas, sempre com um resultado que diminuía a sua esperança de explodir no futebol.
Na infância, as primeiras memórias de Amauri remetem à rivalidade em casa. A mãe, Janete Oliveira, não conseguiu fazer o filho corintiano e teve até que mandar o filho deixar a sala durante um jogo. "Só porque eu gritei gol do Palmeiras contra o Corinthians", relembra o atacante, que provocava a mãe até quando o seu São Paulo não estava em campo.
Nos gramados de Carapicuíba, cidade da Grande São Paulo onde nasceu, Amauri dava seus primeiros chutes no clube amador Planalto. Chamava a atenção pela seriedade em campo, parecida com a de seu ídolo Raí, mas as alegrias no futebol ficavam restritas ao seu time de coração.
Em casa, a vida era apertada, com o pai Sebastião Oliveira precisando se desdobrar como motorista para sustentar uma família de cinco pessoas - Amauri tem duas irmãs. Aos 16 anos, passou por uma crise e pensou em parar a carreira. Ou melhor, de tentar a carreira.
"Ainda não tinha jogado em nenhum clube, nem passado por juniores e mirim. Tinha uma idade que se você não jogou em lugar nenhum lugar, dificilmente as coisas poderiam dar certo. Vendo a dificuldade em casa, não podia permitir que meu pai tivesse que me manter também", lembra.
Chorou o dia inteiro, foi incentivado pela mãe a continuar apenas com o esporte, mas passou a trabalhar meio período. Foi ajudante de pedreiro, estoquista de supermercado e auxiliar em uma carvoaria. O futebol ficou em segundo plano.
Ainda continuava batendo bola no Planalto e a tão sonhada oportunidade apareceu por intermédio do ex-jogador do Palmeiras Leivinha. Em 1999, já com 19 anos, se profissionalizou no clube Santa Catarina e fez sucesso. Oito gols em 14 jogos da Série B catarinense e uma excursão do clube pela Europa mudariam seu rumo.
Bastaram alguns lances e o Napoli se interessou pelo jovem de estilo europeu, que de tamanha seriedade em campo nem comemorava muito os gols. Acabou emprestado para o suíço Bellinzona, mas voltou ao clube do sul da Itália no mesmo ano. Sorte igual à de Roni e Cristiano, que também foram diretamente do Santa Catarina para a Europa
Jogou ao lado de Edmundo no Napoli, mas na metade de 2001 foi para o Piacenza. Ficou um ano e meio no clube, em seu momento mais difícil na Itália. "O treinador (Walter Novellino) não me colocava para jogar. Agora ele está no Torino e dá declarações que quer um jogador como o Amauri", conta.
Ainda passou pelo Messina, antes de chegar ao Chievo, primeiro clube no qual fez sucesso. Já neste momento, se distanciou de Roni e Cristiano, que tiveram caminhos bem diferentes depois da chegada à Itália: o primeiro teve como último time o Mirassol e o segundo encerrou a carreira sem fazer sucesso.
Depois de três anos no Chievo, a carreira de Amauri decolou de vez no Palermo. Gols e mais gols deixaram equipes de toda a Europa interessadas no jogador, que na metade de 2008 finalmente chegou a um clube de ponta, a Juventus de Turim, time pelo qual marcou 13 gols em 23 jogos na atual temporada.
No futuro próximo, a Europa segue como prioridade. Mas se o São Paulo aparecer no caminho... "Quero vestir a camisa do São Paulo para falar que foi uma carreira perfeita. Seria o máximo", diz, para tristeza de sua mãe. "Ela disse que não vai morrer antes de me ver com a camisa do Corinthians. Mas essa satisfação eu não vou dar".
Enquanto não veste a camisa são-paulina, Amauri tem momentos de dupla felicidade, como no dia 7 de dezembro de 2008. Nesta data, o São Paulo foi hexacampeão brasileiro e o atacante marcou um gol contra a Lecce no Campeonato Italiano. "Fiquei duas vezes feliz". Só ficaria mais se já estivesse jogando pelo São Paulo.
Amauri quer completar "conto de fadas" no São Paulo
No Chievo, em 2005, Amauri pela primeira vez fez sucesso no futebol italiano
Fonte Terra
27 de Dezembro de 2008
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