Pintado, um dos ícones da raça Tricolor – por Peixoto

Fonte SPFC.Net
Pintado o pitbull do Telê Santana. (Crédito: gazetapress)
Certa vez, quando perguntado se era são-paulino, Pintado respondeu:
“Sou mais que um são-paulino, cara. Mais que um são-paulino. Sou um torcedor que teve a possibilidade de entrar em campo e ganhar duas Libertadores e um Campeonato Mundial. Isso foi muito valioso para mim.
Quando jogou pelo São Paulo, ele conquistou três vezes o Campeonato Paulista, duas Taças Libertadores e ainda foi campeão do Mundial Interclubes. Nasceu em Bragança Paulista no dia 17 de setembro de 1965. Fanático por futebol desde criança, a própria mãe tinha que busca-lo todas as tardes em um campinho que ficava próximo a casa dele.
Luis Carlos de Oliveira Preto foi revelado e iniciou carreira no Clube Atlético Bragantino, clube de sua cidade natal. Na época, atuava como lateral-direito. Antes, ele passou por times amadores da região que morava até ser descoberto pelo ex-jogador Flávio, treinador das categorias de base do Bragantino. Curiosamente, iniciou como zagueiro devido suas características e a altura de 1,82 m.
A origem de seu apelido, segundo o ex-jogador, vem de sua infância no interior. “Um dia, faltou o garoto que era o goleiro do meu time. O técnico, então, apontou para mim e, como eu era sardento, disse que o ‘Pintado’ seria o goleiro”, relembra. “A molecada começou a rir e o apelido pegou.”
Pintado firmou-se no time principal do Bragantino, mas teve dificuldades por conta dos salários atrasados e elenco reduzido. Em 1984 o técnico Boca, que o lançou no Bragantino, foi para o Palmeiras e Pintado o acompanhou, convidado para atuar na equipe sub-20 da equipe rival. Lutando por oportunidade em um time grande, treinou por 45 dias na SEP. Porém, sem definição, o São Paulo mostrou interesse e o contratou junto ao Bragantino. O atleta chegou ao Tricolor no final de 1984 e assinou seu primeiro contrato profissional. Sob o comando de Cilinho, não teve oportunidades. Fez duas partidas pelo Paulistão de 1985, mas participou da conquista do título estadual naquele ano. Para ganhar mais experiência, foi emprestado no final de 1986 ao Taubaté que disputava a segunda divisão do campeonato paulista.

Pintado (em pé ao centro) no Esporte Clube Taubaté. (Crédito: gazetapress)
Em 1987 retornou para o São Paulo. No ano seguinte foi, por empréstimo, para o Bragantino que o havia revelado. Foi treinado por Vanderlei Luxemburgo em 1989 e 1990. Naquela altura, já tinha passado por todas as posições da defesa. Em 1991 descobriu sua posição no campo. A estreia como volante acabou ocorrendo por acidente e foi promovida por Carlos Alberto Parreira. “O Parreira (treinador do Bragantino na época) me perguntou se eu queria jogar no meio ou na lateral. Pensei que ele estava se referindo ao miolo da zaga, mas, na verdade, estava falando do meio-de-campo”, diz. “Topei atuar no meio e, de repente, me vi escalado como volante (risos).”

BRAGANTINO - Pintado foi campeão da Intermediária, da Série B do Brasileiro e do Paulistão pelo time de sua terra natal. Em pé: Paulo César (com Paulo Júnior no colo), Pintado, Júnior, Souza, Gilmar, Biro Biro e Mococa; agachados: Valmir, Ivair, Gatãozinho, Zé Roberto e Luis Muller. ( Crédito: gazetapress)
O jogador estava cedido ao Bragantino, findando o contrato. Entretanto, no momento da renovação, Pintado não concordou com os baixos termos oferecidos pelo presidente Jesus Abi Chedid. O Tricolor foi busca-lo a pedido do mestre Telê Santana. Isso não impediu que, em sua volta ao São Paulo, o Bragantino tenha brigado na Justiça, na tentativa de manter o passe do jogador. "Felizmente, tudo acabou bem", declarou Pintado, ao ser escalado pela primeira vez para um jogo do São Paulo, ainda no banco de reservas, em 19 de fevereiro de 1992. "De repente, o Bragantino não queria me liberar. Mas, no tribunal, o São Paulo foi o vencedor, e estou feliz, porque agora posso jogar - disse Pintado em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na época.
Em recente entrevista ao GloboEsporte.com, Pintado revelou como se dedicava para o mestre Telê e ao Clube:
- O professor Telê Santana pediu para que eu voltasse. Eu já havia casado, estava precisando e queria mostrar muito o meu valor. Era o primeiro a chegar e o último a sair. Telê Santana pedia dez voltas ao redor do gramado no CT da Barra Funda, dava 12.

Pintado com o mestre Telê durante treino. (Crédito: gazetapress)
O jogador, de muita raça em campo, protagonizou uma cena marcante na Libertadores de 1992. Pintado comentou que, na ocasião, manteve-se dentro de campo mesmo após ter se machucado e ficar sangrando muito.
– O que ficou marcado daquela Libertadores é que eu realmente me entreguei ao time. Na final, eu tive um corte profundo no queixo e perdi muito sangue. Isso ficou marcado pra mim. Posso dizer que dei o sangue pelo São Paulo. Mas na época eu apenas tentei retribuir tudo o que o São Paulo me deu. O São Paulo forneceu todas as condições para aquela equipe de 92, que ganhou a Libertadores e o Mundial, desenvolver o melhor futebol possível – acrescentou.

LIBERTADORES 1992. Pintado abaixado ao centro. SPFC: Zetti, Cafu, Antônio Carlos, Ronaldão e Ivan; Adílson, Pintado e Raí (capitão); Muller (Macedo), Palhinha e Elivélton. (Crédito: saopaulofc.net)
Outra demonstração de fibra do jogador aconteceu no Japão, na conquista do Mundial de 1992 contra o Barcelona, quando as duas equipes estavam enfileiradas antes de subir a campo. O volante Pintado apresentou seu cartão de visitas. Se virou para o meia dinamarquês Michael Laudrup do Barça, conhecido pela arrogância, e disse ao adversário:
“Vou te matar. Vou te matar lá dentro” – disse, apontando para o campo. O craque dinamarquês não entendeu, mas não viu a cor da bola naquele jogo vencido pelo São Paulo por 2x1.

MUNDIAL 1992. Pintado, o quinto em pé da esquerda pra direita. SPFC: Zetti; Vítor, Adílson, Ronaldão e Ronaldo Luís; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho, 38'/2), Raí (capitão) e Cafu; Palhinha e Müller. (Crédito: saopaulofc.net)
Uma das cenas mais emocionantes de sua carreira aconteceu na final do Paulista de 1992, quando debaixo de um aguaceiro, regeu a torcida tricolor na comemoração do título. Já era um ídolo, mas, a partir daquele momento, lembrou os grandes deuses da raça tricolor, como Armando Renganeschi, De Sordi, Chicão, Pedro Rocha, Pablo Forlán, Darío Pereira, Diego Lugano.

PAULISTÃO 1992. Pintado em pé ao centro dos jogadores. SPFC: Zetti; Vítor (Válber), Adílson, Ronaldão e Ronaldo Luís; Pintado, Toninho Cerezo (Dinho), Cafu e Raí; Palhinha e Müller. (Crédito: saopaulofc.net)

LIBERTADORES 1993. Pintado em pé ao centro. SPFC: Zetti; Vítor (Toninho Cerezo), Válber, Gilmar e Marcos Adriano; Pintado, Dinho, Cafu e Raí (capitão); Palhinha e Müller. Técnico: Telê Santana. (Crédito: saopaulofc.net.)
Após conquistar a segunda Libertadores, transferiu-se em 1993 para o México e tornou-se ídolo na equipe do Cruz Azul.

CRUZ AZUL-MEX. Pintado campeão mexicano pelo Cruz Azul em 1996. (Crédito: site do Cruz Azul)
Ele foi emprestado ao Santos em 1995, onde disputou 13 partidas. Retornou novamente para o Cruz Azul e permaneceu lá até 1997. Já com 32 anos, Pintado ainda teve passagens por Améfica-MG (1997), Atlético-MG (1998), Cerezo Osaka (1998), Portuguesa (1999), Atlético-MG novamente (2000), Democrata-GV (2001), Inter de Limeira (2001), Bragantino (2001), União São João (2002), Santa Cruz (2003) e Braziliense (2003). Encerrou a carreira de jogador no Pelotas em 2003.

AMÉRICA-MG. Pintado, quarto da direita em pé, foi o capitão na conquista do Campeonato Brasileiro da Série B, em 1997. (Crédito: Marcelo Sant’Anna-EM)
Depois, tornou-se técnico e atuou em diversas equipes. Em 2013 enfrentou o São Paulo como técnico do Clube Atlético Penapolense no Paulistão. Quando foi técnico do América-MG em 2004, pagou do próprio bolso a reforma da cozinha e refeitório onde os jogadores se alimentavam no clube mineiro. Atualmente comanda o América-RN na série B do Brasileirão.
Pintado faz 48 anos nesse 17 de setembro de 2013. É um são-paulino nato, preto, branco e vermelho:
“Com humildade, eu faço parte da história deste gigante mundial e isso, para mim, é muito importante. O reconhecimento, respeito e o carinho desse torcedor me deixam muito feliz. Isso vale mais que qualquer dinheiro. O São Paulo me deu tanta coisa que é impossível não agradecer ou não querer o bem do clube. Tudo o que eu faço, todo o meu trabalho, meus estudos, os sacrifícios, são para um dia estar bem preparado e poder retornar. Meu sonho é voltar ao São Paulo” – disse Pintado.

(Crédito: saopaulofc.com)
Peixoto
Avalie esta notícia: 34 21
VEJA TAMBÉM
- Zagueiro estrangeiro encaminhado? São Paulo se aproxima de fechar contratação de zagueiro de time da Europa
- 3 Milhões para festa junina!! São Paulo aprova orçamento para 2026 com diferença de 5 votos e conta com gastos suspeitos
- Adeus da joia? São Paulo avalia proposta do Botafogo por Pablo Maia no mercado
- BOMBA NO TRICOLOR: São Paulo deve realizar troca tripla com o Botafogo
- São Paulo avança por Joaquín Correa e negocia troca com Ferraresi



Comentários

Nenhum comentario!
Enviar comentário
Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui.

Próximo jogo - Brasileiro

Dom - 16:00 - Barradao -
Vitoria
Vitoria
São Paulo
São Paulo
FórumEntrar

+Comentadas Fórum

Entrar

+Lidas Notícias

LogoSPFC.net
©Copyright 2007 - 2025 | SPFC.net