Edcarlos mostra com orgulho um dos CD's da
banda (Foto: Fernando Martins / Globoesporte.com)


Que jogador de futebol e samba estão diretamente ligados não há a menor dúvida. Basta acompanhar o som nos carros da boleirada, após os treinamentos, que o gênero musical toma conta. Além disso, alguns jogadores já foram vistos em clipes musicais como o ex-lateral da seleção, Júnior, na década de 80, ou se apresentando em palcos de programas de TV, como Marcelinho Carioca e o seu samba gospel 'Divina Inspiração'.

Mas para o zagueiro do Cruzeiro, Edcarlos, é o axé que tem uma importante ligação em sua carreira. Tudo porque Beto Jamaica, vocalista e um dos líderes do grupo 'É o Tchan!', foi o responsável por apoiar e incentivar seu jovem caseiro de 14 anos a mudar de vida e se tornar um jogador de futebol profissional.

- Ele (Beto Jamaica) comprou uma chácara na minha rua e comecei a ajudar o caseiro com as tarefas de jardinagem. Pouco tempo depois fui trabalhar lá e a partir dali surgiu nossa amizade – relembrou o zagueiro da Raposa.

Aquele magro e alto menino não sabia que seu destino já havia mudado. O cantor, juntamente com a irmã 'Cacau' e com o irmão 'Caboquinho', resolveram apostar no sonho do jovem caseiro de se tornar jogador de futebol.

- Vimos que ele gostava muito de futebol e que tinha tentado uma oportunidade em escolinhas de Salvador. Resolvemos ajudá-lo porque ele sempre foi uma pessoa muito boa, um amigo de todos lá em casa – disse Beto.

Os irmãos do cantor levavam diariamente Edcarlos aos treinos em outra escolinha de futebol, que posteriormente deu oportunidade ao garoto de fazer um teste para as categorias de base do Grêmio e do São Paulo.

- Não passei na do Grêmio, mas graças a Deus consegui passar na do São Paulo. Agradeço muito a eles, que me ajudaram muito – declarou o defensor.

Edcarlos conquistou o título do Mundial Interclubes de 2005, a Copa Libertadores do mesmo ano e o Campeonato Brasileiro de 2006 pelo Tricolor Paulista.

Babinhas

Beto Jamaica lembrou de casos do jogador, dos tempos de caseiro em Salvador. Segundo o músico, Edcarlos nem sempre foi zagueiro.

- Nas babinhas (como são chamadas as tradicionais peladas na Bahia) ele jogava no gol e era até um bom goleiro. Mas depois ele foi melhorando o passe, a impulsão, a técnica em geral e se tornou esse grande zagueiro - recorda.

- Eu jogava era de tudo. Queria era jogar e aonde tivesse vaga eu entrava – confirmou Edcarlos.

Mas Beto também aproveitou para fazer uma brincadeira com o amigo.

- Ele não canta nada. Como cantor é um zagueiraço.

Amizade

Os dois costumam se encontrar todos os finais de ano em Salvador. Beto Jamaica, torcedor do Bahia, contou que está na torcida pelo amigo nessta reta final de Brasileirão.

- Estou torcendo muito para o Edcarlos e para o Cruzeiro nesse campeonato. Em Minas, eu sempre gostei do Cruzeiro, apesar de ter sido ele quem rebaixou meu Bahia, em 2003, depois de nós termos levado sete, em pleno Fonte Nova. Mas quero muito encontrar o Edcarlos em dezembro com ele sendo campeão – espera.

Ao saber da torcida do amigo, Edcarlos não deixou por menos e não poupou elogios a quem foi um dos grandes responsáveis por ele ter se tornado um jogador profissional.

- Ele sempre foi extrovertido, mas muito humilde. Ele me deu um conselho que eu guardo sempre comigo e tento seguir à risca que é nunca esquecer da minha família. Ele sempre se preocupou com os familiares dele e eu também sou assim. Levo ele como espelho – declarou.

Ao final da conversa, com o pedido para definir Edcarlos em uma só palavra, Beto Jamaica mandou seu tradicional grito de guerra, presença constante nas músicas do 'É o Tchan!'

- Ordináááário!