Luís Fabiano: "O mais bonito do futebol é a polêmica"

Fonte Estadão
Ele acha que está ficando “velhinho”. A razão são os 30 anos completados no último dia 8. “Estou fazendo três ponto zero e ficando preocupado, poxa”, diz, fazendo graça. Luís Fabiano Clemente, o Fabuloso, hoje, tem um único objetivo: voltar à Seleção Brasileira de Futebol. Para isso, diz não poupar esforços. Embalado pela máxima do “sou brasileiro e não desisto nunca”, o jogador sabe dos limites físicos, mas também de suas superações: “Só depende de mim”, afirma.

A história é a seguinte: esse paulista de Campinas, que seria engenheiro se não fosse atleta, ganhou o coração dos são-paulinos em sua passagem pelo clube, quando foi apelidado de Fabuloso. A temporada no tricolor paulista foi um intervalo entre duas idas à Europa. A primeira, aos 19 anos, quando não se adaptou. E o retorno, anos mais tarde, quando conseguiu se estabelecer. “Não aconselho jogadores muito novos a saírem do Brasil. Eles não têm maturidade para encarar todas as dificuldades de uma vida na Europa”, afirma.
Há cinco anos o craque mantém uma sólida carreira no Sevilha e vê com bons olhos o futuro da carreira. “Conheci vários jogadores acima dos 30, e até dos 33, jogando na Copa em ótimo estado físico”. Nos planos, além de um futuro retorno ao Brasil está, claro, a Copa de 2014. O jogador conversou com a coluna por telefone. A seguir trechos da entrevista.
Passados quase seis meses, qual é sua reflexão sobre a atuação da Seleção na Copa? O que pensou sobre os erros e acertos?
Com certeza não estou satisfeito. Só estaria se tivéssemos conquistado o título. Ou pelo menos chegado até a final. Não foi o que eu esperava. Tinha expectativa de ir longe, passar da Holanda. Mas o trabalho foi feito da melhor maneira. Futebol é feito de surpresas e nem sempre das melhores. Infelizmente aconteceu a falha naquele jogo. E na Copa do Mundo não pode haver falhas.
Você afirmou que quer uma revanche contra a Holanda.
Eu gostaria muito. Se a idade permitir… (risos).
Sua idade será 33 anos na Copa de 2014…
Acho que vou estar em uma idade boa. Vi vários jogadores acima dos 30, e até dos 33, jogando na Copa em ótimo estado físico. Isso só depende de mim. Se eu me dedicar e me cuidar, tenho grandes chances de poder defender o Brasil.
Como avalia seu desempenho e a vida na Europa depois de cinco anos no Sevilha?
A experiência de viver fora é muito boa. Serve para conhecer outras culturas e marca o resto da nossa vida. Além do que, é muito mais tranquilo. Em termos de segurança, é totalmente diferente do Brasil. Vivo num país de Primeiro Mundo.
Você foi com 19 anos para a Europa e não se adaptou. Discute-se muito a idade com que o jogador vai para um time estrangeiro. Na sua opinião, é melhor sair do País mais maduro, com mais bagagem e cacife emocional?
Eu, por experiência própria, não aconselho jogadores muito novos a saírem do Brasil. Isso se ele for um jogador parecido comigo, com personalidade e história. Acho que, sendo muito novo, o atleta não está preparado para encarar todas as dificuldades na Europa. Se for para vir sozinho, então, é melhor nem viajar. Porque com certeza vai voltar. É muita pressão, são mudanças de costumes. Esperar um pouco, amadurecer e se preparar é a melhor saída.
E como explica seu retorno bem sucedido à Europa alguns anos mais tarde?
Depois de dois anos e meio no São Paulo, voltei preparado. Já sabia o que teria de fazer para manter minha vida diária agradável. No começo, você sente falta dos amigos e da família. Como o treino é só na parte da manhã, a tarde é livre. No inverno é muito frio, mal dá para andar na rua. Há também uma outra questão: a maioria dos jogadores de 17 anos sabe da dificuldade de se vencer no Brasil, e se vê na obrigação de aceitar qualquer proposta estrangeira.
A torcida espanhola é muito diferente da brasileira? Acredita que falta alegria ou paixão?
Torcida é igual em todo o mundo. Quando você está jogando bem, te colocam no céu. Quando não, te puxam para baixo. Agora, no campo, realmente é diferente. No Brasil o jogo é mais agitado, as torcidas organizadas cantam, gritam. Aqui, o jogo se parece com um espetáculo de teatro, eles aplaudem e só. Eu, afortunadamente, jogo em um lugar onde a torcida é muito parecida com a do Brasil.
O que pensa do uso de novas tecnologias na arbitragem, como a consulta de TV para rever os lances, por exemplo?
Sou contra. O mais bonito do futebol é a polêmica. Senão fica como o futebol americano: tudo certinho, mecanizado. Eu já fui prejudicado muitas vezes e beneficiado outras. Futebol é isso. É lógico que quando fui prejudicado eu fiquei “pê” da vida. Mas, pensando bem, tem que ter um pouquinho de polêmica para dar graça (risos).
Como avalia o episódio em que Dorival Júnior, técnico do Santos, foi demitido depois de um desentendimento com Neymar?
Tem que entender o lado do garoto. É uma grande pressão para um menino novinho que se deslumbra fácil com as coisas. Eu com 20, 21 anos, também fazia e falava besteiras sem pensar. Não estava preparado para tudo que compete uma carreira de futebol. Acredito que tem de compreendê-lo. Mas isso não significa deixá-lo fazer o que quiser. O Neymar tem talento de sobra. É um grande jogador e que precisa de ajuda. Porque, sem isso, ele vai se perder.
E onde você conseguiu encontrar o seu equilíbrio?
Hoje, com 30 anos, tenho minha família, que é a base de tudo. Mas quando eu era garoto e tinha problemas de disciplina, tive ajuda de todos os lados. Fui até a um psicólogo.
Romário, um dos seus grandes ídolos, foi eleito deputado federal pelo Rio. Você tem essa aspiração política também?
Não é minha praia. E eu não entro em lugar desconhecido.
Como você reagiu ao saber do caso Bruno? Se assustou?
Eu fiquei chocado. Não é algo normal de acontecer com um jogador. Ainda mais de um grande clube como o Flamengo. E fiquei chocado também pelo final trágico dessa história.
A sua trajetória é como a de muitos jogadores brasileiros. O que o dinheiro lhe trouxe?
Sabe, eu não sou obcecado por dinheiro. Não saí da favela e nem de Alphaville. Venho de uma família de trabalhadores. Minha mãe sempre trabalhou, assim como meu tio. Então, nunca me faltou o que comer ou condições dignas. O que o dinheiro me trouxe foi conforto, mas não felicidade. Isso eu encontro na família, nos amigos.
Pensa em voltar a jogar no Brasil em algum momento?
Sim. Meu plano é voltar após o término do meu contrato com o Sevilla, em 2013. É cedo para falar sobre isso e, principalmente para pensar no clube. Vamos deixar acontecer.
Quais são seus desafios profissionais daqui para frente?
Voltar à Seleção. Mas sei que só serei convocado se estiver jogando bem. E isso é bom para o meu clube também. Se tudo der certo, disputo mais uma Copa. No Brasil. E com 33 anos.
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