O nome do técnico Paulo César Carpegiani, que já dirigiu o São Paulo em 1999, foi bem recebido por um membro importante da diretoria do clube. Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, por telefone, no final da tarde deste domingo, o superintendente de futebol Marco Aurélio Cunha elogiou a contratação do ex-treinador do Atlético-PR, mas lamentou algumas decisões “casuístas” tomadas pelo clube este ano.

“(Carpegiani) Sempre foi um nome muito lembrado por alguns. Ele está um pouco fora do estrelismo e tem conhecimento técnico e tático comprovado. É uma boa alternativa”, afirmou Marco Aurélio, que não trabalhava no São Paulo quando Carpegiani comandou a equipe pela primeira vez. “Eu não estava aqui na época, mas o Milton Cruz (auxiliar técnico) trabalhou com ele e dá ótimas referências. É uma boa alternativa”, elogiou o superintendente de futebol.

Apesar dos elogios ao novo técnico do São Paulo, o cartola não economizou nas críticas a algumas decisões tomadas pelo presidente Juvenal Juvêncio durante o ano. Cunha deixou clara sua insatisfação com a saída do ex-treinador Ricardo Gomes após a eliminação nas semifinais da Copa Libertadores da América diante do Internacional. E também avaliou como equivocada a aposta nas categorias de base do clube.

“Quiseram evidenciar a base, mas infelizmente do jeito errado. Foi um pouco de casuísmo pensar que as categorias de base resolveriam o problema do São Paulo. Mudanças não se fazem por decreto”, atacou o superintendente do clube, que também não poupou a escolha de Sérgio Baresi como técnico interino após a saída de Gomes. “Foi um devaneio imaginar que poderíamos conquistar algo sem experiência”, disparou.

Para Marco Aurélio Cunha, o foco do trabalho de Carpegiani deve ser a temporada de 2011, já que o ano de 2010, para o São Paulo, estaria “perdido”. “O São Paulo muda muito pouco até o fim da temporada. Esse ano é um ano perdido, principalmente pelos resultados”, avalia. “Acredito que o time até foi bem no primeiro semestre, chegando à semifinal da Libertadores e ficando fora do Mundial por um gol. Mas o resultado é o que importa, e eles não apareceram”, continuou o dirigente, que praticamente descartou qualquer possibilidade de classificação à Libertadores do próximo ano. “É quase impossível”, diz.

Marco Aurélio Cunha também disse que o ex-treinador Ricardo Gomes não continuou no Morumbi por conta da ausência de títulos e até fez uma comparação com as pressões sofridas por Muricy Ramalho no clube em alguns momentos de sua segunda passagem pelo comando técnico da equipe, entre 2006 e 2009. “Com o Ricardo, havia insatisfação com a maneira como o São Paulo jogava. Mas não tivemos títulos, ao contrário do que aconteceu com o Muricy, que também foi muito questionado, mas ganhou três Brasileiros”, analisou.

A reportagem do ESPN.com.br também tentou entrar em contato com o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, o vice-presidente de futebol, Carlos Augusto de Barros e Silva, e o diretor de futebol, João Paulo de Jesus Lopes, mas nenhum deles atendeu aos telefonemas.

Desgaste

Alijado das principais decisões do departamento de futebol há alguns meses, Marco Aurélio Cunha já criticou publicamente a concentração de poder nas mãos de Juvêncio e chegou a colocar seu cargo à disposição no início de agosto deste ano, poucos dias após a queda do time na Libertadores. Na ocasião, em entrevista à Rádio Globo, Cunha sinalizou um possível desligamento do clube até o fim do ano.

"Estou aqui há oito anos e tenho mais méritos e erros. Não sei se será agora ou no final do ano, mas acho que chegou a hora de sair. Quando eu sentir que perdi o meu poder de decisão, vou embora. Não quero deixar o São Paulo de maneira negativa", afirmou, na época.