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Com Morumbi protagonista, São Paulo enfrenta suas piores crises

Na história do clube, fases difíceis do time foram simultâneas a momentos de incertezas em relação ao estádio; em 2010, “fator casa” deixou de existir e apenas shows musicais são motivo de comemoração

A história dos maiores jejuns de títulos do São Paulo é recorrente. Com as atenções voltadas para o estádio do Morumbi - seja por conta da construção, reforma ou da luta para receber a Copa -, o clube vê seu time de futebol cair de produção e frequentar apenas posições intermediárias nas competições que disputa. Um cenário que pode estar se repetindo no momento atual.

Entre 2005 e 2008, a equipe foi a mais vencedora do futebol brasileiro, colecionando três títulos nacionais, um mundial, uma Libertadores e um Campeonato Paulista. Mas atualmente, ocupando apenas o nono lugar na tabela do Brasileirão, o time se vê perto do segundo ano consecutivo sem títulos. E o excesso de atenção dedicado ao estádio pode ser um dos fatores dos maus resultados.

Após o anúncio do Brasil como país sede da Copa de 2014, o presidente são-paulino Juvenal Juvêncio assumiu como prioridade máxima do clube a missão de conquistar para o Morumbi o direito de sediar os jogos da competição realizados na cidade de São Paulo, pleiteando inclusive o jogo de abertura do Mundial.

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Como se sabe, no entanto, uma série de exigências da Fifa (principalmente financeiras) em relação ao projeto de reforma do estádio e conflitos de interesses políticos com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, acabaram minando as chances da arena são-paulina. Com isso, a decisão foi de realizar os jogos da Copa em São Paulo no estádio que será construído pelo Corinthians em Itaquera.

Mesmo sem receber a Copa, contudo, o São Paulo promete continuar a reforma prevista pelo projeto rejeitado pela Fifa, de R$ 260 milhões. Segundo o departamento de marketing do clube, apenas a cobertura das arquibancadas não será feita, já que esta parte dependeria de financiamento do BNDES liberado apenas para estádios do Mundial.

Com a continuidade da reforma, alguns são-paulinos já começam a se preocupar com um possível novo jejum, depois da fase de glórias na segunda metade da década. Isso porque, dado o histórico do clube, os momentos de protagonismo do estádio acabam causando períodos de maus resultados para o time.


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Contra o Goiás, treinador Sérgio Baresi sofreu sua segunda derrota no Morumbi

Essa história começou já na construção do Morumbi. A obra teve início em 1953 e se arrastou até 1970 - uma inauguração parcial foi realizada em 1960 e a conclusão total apenas 10 anos depois. Nesse período, os únicos títulos conquistados foram três campeonatos paulistas, em 1953, 1957 e 1970. E os treze anos entre a segunda e a terceira dessas conquistas são até hoje o maior período de “fila” do São Paulo.

Já na década de 90, a prioridade dada a algumas reformas também afetou a força do time. Bicampeão da Libertadores e Mundial em 92 e 93, o São Paulo entrou em um período de vacas magras depois da derrota para o Velez Sarsfield na final da Libertadores de 94, justamente o ano em que começaram as obras no estádio.

Entre 94 e 2000 foram muitos os aspectos do Morumbi que passaram por melhorias, como a estrutura, que recebeu a instalação de amortecedores (estes renderam até manchetes de jornal como “São Paulo não sabe se compra jogadores ou amortecedores”), as arquibancadas, onde foram colocados assentos individuais e o sistema de iluminação, totalmente renovado.

Fora de campo, porém, mais uma vez o time conseguiu poucas conquistas enquanto o estádio era a principal preocupação. Foram apenas dois Campeonatos Paulistas vencidos no período, em 98 e 2000.

“Fator casa” perde força e shows viram salvação
Durante os recentes anos vitoriosos, um aspecto sempre esteve presente nas campanhas são-paulinas: o ótimo aproveitamento jogando dentro de casa. Mas em 2010, o São Paulo está muito próximo de uma marca negativa que não acontece desde 2003.

Naquele ano (coincidentemente o último em que o time não disputou a Libertadores), foram sete derrotas jogando no Morumbi, sendo cinco no Brasileirão e duas no Paulista (ambas para o Corinthians, nas decisões do torneio). Neste, já são seis até o momento, sendo duas no Paulistão, diante de Portuguesa e Santos, e quatro no Brasileiro, para Botafogo, Avaí, Internacional e Goiás.

O único outro ano recente em que o São Paulo sofreu seis derrotas no Morumbi foi em 2005. Mas naquele ano, com a conquista da Libertadores, o técnico Paulo Autuori deixou claro que o segundo semestre serviria apenas como treinamento para o Mundial de Clubes, que o time acabou conquistando no Japão. E foi justamente nesse período que vieram a maioria destes tropeços.

Nos outros anos, o aproveitamento dentro de casa sempre foi um diferencial, especialmente para a conquista do tricampeonato brasileiro consecutivo. Em 2004, foram três derrotas, duas no Brasileirão e uma no Paulista. Em 2006, foram quatro, sendo duas na Libertadores, uma no Brasileiro e uma no Paulista. Em 2007, o mesmo número total, mas três no Brasileiro e uma no Paulista.

No ano do tri, 2008, o melhor desempenho de todos: apenas uma derrota no estádio do Morumbi ao longo de toda a temporada, sofrida diante do Grêmio logo na primeira rodada do Brasileirão. E no ano passado, mais uma vez quatro derrotas no total, dessa vez duas no Paulistão, uma no Brasileiro e uma na Libertadores.

Depois de ter perdido dois dos últimos três jogos no Morumbi, contra Inter e Goiás (a única vitória foi sobre o Guarani), o São Paulo só tem certeza de que o “recorde” negativo não virá tão cedo porque vai demorar a atuar no estádio. O time pega, nas próximas rodadas, Grêmio, Avaí e Grêmio Prudente como visitante.

No único jogo como mandante, enfrentará o Vitória na Arena Barueri, já que no mesmo dia o Morumbi será usado para um show do cantor Bon Jovi. Com isso, o time do técnico Sérgio Baresi só voltará ao próprio estádio no dia 17 de outubro, quando recebe o Santos.

A realização de concertos musicais, aliás, se tornou o maior (senão único) ponto positivo do Morumbi na temporada. Nas próximas semanas, estão agendados, além de Bon Jovi, shows das bandas Rush e Black Eyed Peas, além de Paul McCartney, ainda não confirmado apenas por questões contratuais.

Em anos anteriores, o estádio já recebeu outras atrações de maior grandeza do cenário musical internacional, como U2 e Madonna. O aluguel para eventos como estes costuma girar em torno de R$ 1 milhão. Uma renda que já se tornou frequente nos balanços são-paulinos e que deve continuar presente nos próximos anos, pelo menos até a construção da arena corintiana e a conclusão das reformas na arena Palestra Itália.

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