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Baresi ignora rótulo de interino e só pensa no presente no São Paulo

“Se eu fosse pensar em 2011 eu estava morto. Eu quero viver muito bem o 2010”, afirma o treinador em entrevista exclusiva ao iG Esporte



A desconfiança ainda existe e a cobrança é grande por conta da irregularidade de resultados do São Paulo no Campeonato Brasileiro. Mas depois de dez jogos no comando do time, Sérgio Baresi deixou de ser um treinador quase desconhecido, vindo das categorias de base do clube. E hoje, é nele que a diretoria aposta até o final da temporada para levar o time, pelo menos, a uma vaga na Copa Libertadores.

Em entrevista exclusiva ao iG Esporte, o comandante são-paulino ressalta algumas vezes um aspecto de seu trabalho que já virou padrão em suas declarações: pensar somente no presente. Ou, como ele diz, “rodada a rodada”. Tudo pelo objetivo inicial de aproximar o time do G4. Sem sonhar, por enquanto, com título nem se preocupar com a continuidade ou interrupção do trabalho em 2011.

“O que eu tenho pensado e tenho passado pro elenco é que a nossa importância é muito grande a partir do momento que temos uma meta, um objetivo. A nossa meta é bem clara, nos aproximarmos do G4. Isso é muito difícil, tem muitos problemas pela frente. Imagine, se eu fosse pensar em 2011 eu estava morto. Eu não penso em 2011, eu quero viver muito bem o 2010”, afirma Baresi.

Campeão da Copa São Paulo com o time sub-20 do São Paulo no começo do ano, Baresi encontrou dificuldades ao assumir a equipe profissional. A primeira vitória, por exemplo, veio apenas na quinta partida. No total, o retrospecto é de quatro vitórias, três empates e três derrotas, com um aproveitamento de apenas 50% dos pontos disputados.

Por outro lado, se existe um aspecto pelo qual o treinador vem se destacando, é a ausência de vaidade. Ele deixa isso claro ao dizer que não se preocupa em comandar jogadores com salários muito maiores que o dele, já que está começando a carreira e tem “muitos outros problemas para solucionar”. Além disso, também mostrou humildade após a derrota para o Internacional na última quinta-feira, quando assumiu ter errado taticamente na escalação do time.

Nesta quarta-feira, o treinador tenta engrenar uma nova sequência de vitórias. Depois de bater o Palmeiras no clássico do último domingo, o São Paulo terá duas partidas no Morumbi, a primeira esta noite, contra o Guarani, e a segunda no próximo sábado, contra o Goiás. Confira abaixo a entrevista completa com o técnico são-paulino:

iG Esporte - Uma coisa que tem chamado a atenção da imprensa é que você não vê problemas em admitir quando o time joga mal, algo que aconteceu principalmente após o jogo contra o Inter. Você atribui isso simplesmente a uma falta de vaidade ou é algo que acontece também por você ser um técnico sem tanta experiência no nível profissional?

Sérgio Baresi - Vou te dar uma resposta bem simples e é aquela que eu acredito. Eu não acredito em mentira. Você se iludir ou tentar passar uma mentira daquilo que não é a verdade. É simples assim. Jogou bem eu falo, jogou mal eu falo. Não tem esse negócio de ser experiente ou ser menos experiente. O acontecido as imagens mostram, vocês da imprensa são os primeiros a criticar... da mesma forma que quando joga bem são os primeiros a elogiar, e a gente vai administrando.

iG Esporte - E depois desse jogo contra o Inter especificamente, aconteceu de vocês analisarem o jogo e pensarem ‘erramos nisso, isso deveria ter sido diferente’?

Sérgio Baresi - Sim. Eu até na coletiva falei que taticamente nós erramos. A nossa marcação não fluiu energicamente em nenhum momento. Ao contrário, nós aceitamos passivamente a grande equipe que é o Inter. Muito mais méritos do Inter do que desméritos nossos.

iG Esporte - Sobre as oportunidades que você tem dado aos jogadores das categorias de base, até por você ter sido técnico deles. O Richarlyson apontou que o grande diferencial pra boa fase do Lucas é trabalhar com um técnico que já o conhecia. Você se sente realmente responsável por ele ter começado tão bem a carreira como profissional?

Sérgio Baresi - É mais fácil quando você trabalha com determinado atleta, já sabe a caracterização do atleta e o atleta já sabe como que você gosta. Agora, é muito mais mérito do atleta, que encarou um desafio grande, de você provar... porque eles [Lucas e Casemiro] estão provando a cada dia, a cada jogo que merecem ser titulares. Eu acho que isso é o mais legal. A cada jogo eles provam e merecem a titularidade.

iG Esporte - Está acontecendo nesse momento no São Paulo algo que não acontecia há alguns anos, que é o fato de vários atletas das categorias de base terem subido ao mesmo tempo para o profissional. E foi algo que aconteceu também quando você começou no time como jogado. É possível comparar esses dois momentos?

Sérgio Baresi - É muito parecido. Primeiro tem a transição de um departamento pro outro, que é muito mais complicada. Quando você passa pela transição sabe que vai ser um momento difícil, porque senão a chance não viria. E você tem que saber administrar, as coisas boas, as coisas ruins, como aqui nós estamos passando, vivenciando muito mais coisas boas do que ruins. Muito mérito ao trabalho, ao desempenho dos atletas, inclusive outros que saíram da base, caso do Lucas Gaúcho, do Lucas que vem jogando, do Casemiro, o Zé Vitor que entrou no começo do primeiro tempo [contra o Palmeiras] e teve uma belíssima atuação. São atletas que o São Paulo aposta e estão passando por essa transição assim como a gente. A diferença é que nós estamos muito mais experientes hoje, porque lá trás era diferente, o elenco do São Paulo na minha época tinha muito mais gente do que tem hoje, então pra você brigar por um lugar na equipe você tem a probabilidade de conseguir muito mais do que naquela época.

iG Esporte - E naquela época, início dos anos 90, por causa da fase vitoriosa do time, muitos jogadores apareciam já com status de craque e a maioria acabou não vingando. Como comparar essa situação com o período atual?

Sérgio Baresi - As situações são bem claras. Em outras épocas não foram aproveitados os atletas da base, e hoje estão sendo aproveitados porque mereceram essa chance, estão atuando muito bem e por isso as oportunidades foram dadas. Em relação às épocas diferentes, naturalmente que quando você volta lá pra trás, outra época, outra situação, o time do São Paulo é um time que está sempre cobrando. A torcida cobra, a diretoria cobra, os jogadores sabem que precisam estar brigando pelo título, pela conquista da Libertadores, do Brasileiro, do Paulista. Então dentro do São Paulo isso é normal. O que nós estamos fazendo nesse momento é que estamos com as forças completamente voltadas nesse primeiro instante é para alcançar o G4. Agora, como nós vamos alcançar é justamente com essa perseverança, com essa luta, com essa disposição, contando com todos. Isso é importante.

iG Esporte - Gostaria que você falasse um pouco sobre a importância do papel do presidente Juvenal Juvêncio, que ficou conhecido por estar muito presente nos títulos recentes do São Paulo. Qual é a real influência dele no time?

Sérgio Baresi - O presidente assim como o São Paulo, quer vencer, quer abrilhantar o São Paulo. Quer alcançar o G4 e, consequentemente, as metas e os objetivos a serem alcançados. O presidente quer a mesma coisa que nós queremos. Ou seja, colocar o São Paulo onde o São Paulo tem que estar. É isso que o presidente quer. Agora, o presidente nos incentiva, nos apoia, nos cobra porque tem todo o direito, mas de uma forma bem natural, fechada como tem que ser.

iG Esporte - Mas faz diferença ver o dia que o presidente vem ao treino? O Richarlyson, por exemplo, comentou que quando vê ele assistindo o treino já sabe que alguma coisa está errada...

Sérgio Baresi - Sempre faz a diferença a presença dele. No sentido de estar acompanhando os atletas. E o presidente acompanha de perto. Hoje tem alguns treinos que vocês não entram e ele está presente da mesma forma. Atuante, ele é um presidente atuante, a todo momento está com a gente e isso é muito importante, o atleta se sente seguro, se sente respaldado porque tem a confiança do presidente.

iG Esporte - Dentro do Campeonato Brasileiro, você sempre fala de pensar na próxima rodada, pelo objetivo de se aproximar do G4. Mas falando a longo prazo, quando você chegou para treinar o time profissional já estava pré-definido que seria até o fim de 2010. O que você pensa para 2011 sobre voltar pra Cotia ou assumir um outro papel na equipe profissional?

Sérgio Baresi - Na realidade o que eu tenho pensado e tenho passado pro elenco é que a nossa importância é muito grande a partir do momento que você tem uma meta, um objetivo. A nossa meta é bem clara, nos aproximarmos do G4. Isso é muito difícil, tem muitos problemas pela frente. Imagine, se eu fosse pensar em 2011 eu estava morto. Eu não penso em 2011, eu quero viver muito bem o 2010.

iG Esporte - Sobre o episódio em que o Rogério Ceni teria pedido a entrada do Cléber Santana [no jogo contra o Atlético-GO]. Foi uma coisa que aconteceu por ser o Rogério, é uma liberdade que você dá também pra outros atletas experientes, de dar palpites no time? Ou você acha até que foi uma polêmica maior que o necessário?

Sérgio Baresi - É, foi uma polêmica desnecessária. É que nós vínhamos de três empates, aquela coisa, no começo que tava muito difícil, então a imprensa, vocês querem martelar, essa que é a grande verdade, e a gente sabe disso. Da minha parte e da parte do Rogério não aconteceu nada disso. A substituição já estava sendo efetivada, o que o Rogério fez foi pedir pra que os atletas fossem aquecer bem mais próximo ali, mas a substituição já estava sendo efetivada. Então foi isso. E no mesmo dia eu falei isso pra imprensa, que se o Rogério teve essa mesma leitura parabéns pra ele, porque lá de dentro é mais difícil, você está na ansiedade do jogo, respondi dessa forma que estou respondendo. Agora, claro que os jogadores mais experientes tem a maturidade suficiente de ter a leitura do jogo. Porque são anos de experiência e o que a gente faz é que a gente às vezes tem a mesma leitura do lado de fora que bate com a leitura dos atletas em campo. Mas o episódio do Rogério foi uma coisa bem natural, que poderia acontecer com outros atletas, ia administrar da mesma forma. Isto é natural no relacionamento de técnico com jogadores, é que às vezes não fica visível.

iG Esporte - Hoje em dia o futebol vive uma fase em que os treinadores também viraram grandes estrelas, com salários milionários. Mas você treina uma equipe em que alguns jogadores tem salários muito maiores que o seu. Como é isso pra você, de comandar alguns jogadores com carreiras consolidadas, jogadores de nível de seleção brasileira, sendo um treinador que está começando agora?

Sérgio Baresi - Esses atletas fizeram por onde, construíram a história. Eu estou começando agora, até pouco tempo atrás eu era da base, estava na equipe sub-20 de treinamento. Agora, imagina se eu fosse me preocupar com isso. É aquilo que eu falei pra você e da minha parte se torna até repetitivo, porque eu tenho muito mais problemas pra me preocupar que eu tenho que solucionar. Eu estou começando a minha carreira, a minha projeção está muito bem delineada, está muito bem projetada, assim como você se projeta também. Nós que somos novos temos que nos projetar, temos que sonhar, mas também trabalhar a todo momento, você tem que matar um leão por dia e é isso que eu estou fazendo. Eu procuro me fechar com o elenco, com os atletas, pra gente encontrar soluções pros problemas, porque isso que vai fazer com que lá na frente as coisas aconteçam de uma forma muito mais positiva do que hoje.

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