Dia 9 de agosto de 2010. O relógio marcava 16h, quando Sérgio Felipe Soares se preparava para comandar mais um treino da equipe sub-20 do São Paulo no CT de Cotia. Foi quando ele foi avisado por um segurança que deveria se apresentar imediatamente na sala da gerência do futebol amador. Lá, foi comunicado que deveria se dirigir para o CT da Barra Funda para uma reunião com o presidente Juvenal Juvêncio. Após 30 minutos de conversa, ele recebeu uma “simples” missão: fazer a equipe, que havia acabado de ser eliminada da Taça Libertadores da América, reencontrar seu caminho na temporada.
O início não foi nada fácil. A ausência de vitórias, somada a uma derrota para o rival Corinthians por 3 a 0, fizeram o treinador ser bombardeado de críticas. Muitos conselheiros pressionaram a presidência para que contratasse um técnico experiente, pois não era o momento de apostas. Mas, com personalidade e ajuda da família, esse paulista de 37 anos soube reagir e dar a volta por cima. E, de um time que lutava para fugir da zona de rebaixamento, hoje o São Paulo busca o grupo da Libertadores na tabela do Brasileirão.
Nesta quinta, na partida contra o Internacional, Baresi completará seu 39º dia à frente do Tricolor. Feliz da vida, ele só sente falta da rotina de antes. Os passeios de bicicleta, as corridas e as peladas com os amigos ficaram para trás. Hoje, ele se envolve de corpo e alma no clube do Morumbi.
Perto de ser pai pela segunda vez, ele revela nesta entrevista ao GLOBOESPORTE.COM que, desde que assumiu o novo posto, foram pouquíssimas as noites bem dormidas. Ele acredita na evolução da equipe, diz o que mudou na sua vida, reconhece seus erros e afirma: não se preocupa com o que vai acontecer no final do ano, quando termina seu acordo com a diretoria do São Paulo.
GLOBOESPORTE.COM – Passados 39 dias de sua efetivação, o que mudou na sua vida?
Sérgio Baresi - Ela mudou completamente. Foram poucas as noites que consegui dormir. Não consigo, fico pensando o tempo todo. Em Cotia, não existia pressão pelo resultado e sim para formar o atleta. Aqui é diferente. É pressão o tempo todo. A torcida e a imprensa te cobram, pegam pesado mesmo. No início foi difícil, mas depois você acaba se acostumando.
O seu início foi muito complicado, não?
Demais. Apesar de o time ter melhorado, os resultados não apareceram. Contra Cruzeiro e Vasco, fomos muito superiores ao adversário, mas a bola não entrou. Depois, para piorar, tivemos uma péssima atuação contra o Corinthians. Não deu nada certo, fomos completamente dominados pelo adversário. A pressão ali foi forte demais. Mas tive personalidade e continuei trabalhando. Não caí aqui à toa. Tive o respaldo do presidente e, logo depois, conseguimos a sequência de três vitórias.
Como conseguiu suportar a tudo isso?
Nessa hora, a família e os amigos ajudam muito. Sou casado há sete anos com a Márcia e tenho um filho, João Vitor, também de sete anos. Minha mulher está grávida de cinco meses, e isso me traz uma motivação que você não imagina. Por mais que as coisas estivessem complicadas, era só chegar e casa que tudo passava. Também converso muito com a minha mãe. Perdi meu pai e meu irmão em um acidente de carro, e ela sofreu muito no início com as críticas que recebi. Mas fiz questão de falar que era uma coisa normal e que ela não precisava se preocupar.
E com os atletas? Muito se fala que você teve problemas com alguns jogadores.
De maneira nenhuma. Só tenho a agradecer a todos. É claro que no começo eles estranham porque é uma metodologia de trabalho totalmente nova. O que procurei fazer desde o início foi me agregar aos atletas porque precisava deles para que o time reagisse.
O que mudou no seu dia a dia?
Hoje sou conhecido e cobrado nas ruas. Vou ao shopping e encontro gente que me dá apoio e gente que me pergunta o motivo de não ter colocado A, B ou C na equipe. O que passei a ter foi mais cuidado com a minha segurança. O resto do que fazia antes não consegui mais fazer. Sempre corri, nadei, andei de bicicleta. Agora não dá tempo de absolutamente nada. Estou totalmente voltado para fazer o São Paulo crescer na tabela. E o dossiê (material que ele prepara sobre o adversário antes de cada jogo para entregar aos atletas) me toma muito tempo. São três dias para deixar tudo pronto. E eu fiscalizo tudo. Nada é escrito ou gravado sem a minha autorização.
Hoje os jogadores encaram esse dossiê com mais naturalidade?
Como disse antes, tudo que é novo leva um tempo para ser aceito. Hoje, isso melhorou bastante. Percebo os atletas conversando na concentração, discutindo o que pode ser feito. Mesmo nos treinamentos, em vários momentos eu paro a bola para falar e os atletas concordam porque leram o material. Isso facilita demais o meu trabalho.
Quais foram os seus maiores acertos e os maiores erros?
É nítido que a equipe evoluiu. Hoje o time está mais compactado, atuando da maneira como acho certo. Se você observar, as grandes equipes do futebol no momento jogam dessa maneira. Veja a quantidade de passes que o Barcelona e a seleção da Espanha dão em uma partida. É isso que eu quero. Meu erro foi ainda não conseguir fazer isso ser uma coisa frequente. Sofro com as alterações que sou obrigado a fazer em todos os jogos por causa de suspensões ou cartões. E isso não ainda me permitiu encontrar a base, uma espinha dorsal para a equipe.
Você também se equivocou em algumas substituições durante os jogos.
Sem dúvida. Contra o Flamengo, quando coloquei o Renato Silva, era para dar mais liberdade ao Jean, pela direita, e ao Richarlyson, pela esquerda. Mas simplesmente não funcionou. Contra o Botafogo, é claro que eu queria ter colocado uma peça nas costas do Renato quando o Marcelo Cordeiro machucou. Mas eu nao tinha. O Lucas pediu para sair, e no banco não havia ninguém destro. Quando eu erro, tenho humildade e reconheço. E gosto quando sou questionado sobre isso.
Você disse que os próximos quatro jogos do São Paulo no Brasileirão, que serão realizados na capital paulista, terão papel fundamental na campanha da equipe. Mas, entre eles, está o clássico contra o Palmeiras. Uma vitória no domingo fará com que a desconfiança acabe sobre o seu trabalho?
Sem dúvida. Até pelo que foi o jogo contra o Corinthians. Foi a pior atuação da equipe sob o meu comando. Tivemos até uma chance com o Ricardo Oliveira, no começo da partida, após a falha do William. Mas fomos tão mal que, mesmo se tivéssemos feito aquele gol, não teríamos suportado a pressão do adversário.
A diretoria sempre disse que você é interino e que vai trabalhar no clube até o fim do ano. Você acha que, se o time se classificar para a Libertadores de 2011, tem chance de continuar na próxima temporada?
Isso não passa pela minha cabeça. Estou voltado apenas para trabalhar até dezembro. Não sei o que vai acontecer até lá. Realmente não pensei nisso. Quero colocar o time no G-4, na Libertadores. Se isso acontecer, e torço demais para isso, será ótimo para todo mundo. E isso fará muita gente observar o meu trabalho.
É nítido que o time evoluiu. Mas ainda falta maior regularidade"
Sérgio Baresi
O início não foi nada fácil. A ausência de vitórias, somada a uma derrota para o rival Corinthians por 3 a 0, fizeram o treinador ser bombardeado de críticas. Muitos conselheiros pressionaram a presidência para que contratasse um técnico experiente, pois não era o momento de apostas. Mas, com personalidade e ajuda da família, esse paulista de 37 anos soube reagir e dar a volta por cima. E, de um time que lutava para fugir da zona de rebaixamento, hoje o São Paulo busca o grupo da Libertadores na tabela do Brasileirão.
Nesta quinta, na partida contra o Internacional, Baresi completará seu 39º dia à frente do Tricolor. Feliz da vida, ele só sente falta da rotina de antes. Os passeios de bicicleta, as corridas e as peladas com os amigos ficaram para trás. Hoje, ele se envolve de corpo e alma no clube do Morumbi.
Perto de ser pai pela segunda vez, ele revela nesta entrevista ao GLOBOESPORTE.COM que, desde que assumiu o novo posto, foram pouquíssimas as noites bem dormidas. Ele acredita na evolução da equipe, diz o que mudou na sua vida, reconhece seus erros e afirma: não se preocupa com o que vai acontecer no final do ano, quando termina seu acordo com a diretoria do São Paulo.
GLOBOESPORTE.COM – Passados 39 dias de sua efetivação, o que mudou na sua vida?
Sérgio Baresi - Ela mudou completamente. Foram poucas as noites que consegui dormir. Não consigo, fico pensando o tempo todo. Em Cotia, não existia pressão pelo resultado e sim para formar o atleta. Aqui é diferente. É pressão o tempo todo. A torcida e a imprensa te cobram, pegam pesado mesmo. No início foi difícil, mas depois você acaba se acostumando.
O seu início foi muito complicado, não?
Demais. Apesar de o time ter melhorado, os resultados não apareceram. Contra Cruzeiro e Vasco, fomos muito superiores ao adversário, mas a bola não entrou. Depois, para piorar, tivemos uma péssima atuação contra o Corinthians. Não deu nada certo, fomos completamente dominados pelo adversário. A pressão ali foi forte demais. Mas tive personalidade e continuei trabalhando. Não caí aqui à toa. Tive o respaldo do presidente e, logo depois, conseguimos a sequência de três vitórias.
Como conseguiu suportar a tudo isso?
Nessa hora, a família e os amigos ajudam muito. Sou casado há sete anos com a Márcia e tenho um filho, João Vitor, também de sete anos. Minha mulher está grávida de cinco meses, e isso me traz uma motivação que você não imagina. Por mais que as coisas estivessem complicadas, era só chegar e casa que tudo passava. Também converso muito com a minha mãe. Perdi meu pai e meu irmão em um acidente de carro, e ela sofreu muito no início com as críticas que recebi. Mas fiz questão de falar que era uma coisa normal e que ela não precisava se preocupar.
E com os atletas? Muito se fala que você teve problemas com alguns jogadores.
De maneira nenhuma. Só tenho a agradecer a todos. É claro que no começo eles estranham porque é uma metodologia de trabalho totalmente nova. O que procurei fazer desde o início foi me agregar aos atletas porque precisava deles para que o time reagisse.
O que mudou no seu dia a dia?
Hoje sou conhecido e cobrado nas ruas. Vou ao shopping e encontro gente que me dá apoio e gente que me pergunta o motivo de não ter colocado A, B ou C na equipe. O que passei a ter foi mais cuidado com a minha segurança. O resto do que fazia antes não consegui mais fazer. Sempre corri, nadei, andei de bicicleta. Agora não dá tempo de absolutamente nada. Estou totalmente voltado para fazer o São Paulo crescer na tabela. E o dossiê (material que ele prepara sobre o adversário antes de cada jogo para entregar aos atletas) me toma muito tempo. São três dias para deixar tudo pronto. E eu fiscalizo tudo. Nada é escrito ou gravado sem a minha autorização.
Hoje os jogadores encaram esse dossiê com mais naturalidade?
Como disse antes, tudo que é novo leva um tempo para ser aceito. Hoje, isso melhorou bastante. Percebo os atletas conversando na concentração, discutindo o que pode ser feito. Mesmo nos treinamentos, em vários momentos eu paro a bola para falar e os atletas concordam porque leram o material. Isso facilita demais o meu trabalho.
Quais foram os seus maiores acertos e os maiores erros?
É nítido que a equipe evoluiu. Hoje o time está mais compactado, atuando da maneira como acho certo. Se você observar, as grandes equipes do futebol no momento jogam dessa maneira. Veja a quantidade de passes que o Barcelona e a seleção da Espanha dão em uma partida. É isso que eu quero. Meu erro foi ainda não conseguir fazer isso ser uma coisa frequente. Sofro com as alterações que sou obrigado a fazer em todos os jogos por causa de suspensões ou cartões. E isso não ainda me permitiu encontrar a base, uma espinha dorsal para a equipe.
Você também se equivocou em algumas substituições durante os jogos.
Sem dúvida. Contra o Flamengo, quando coloquei o Renato Silva, era para dar mais liberdade ao Jean, pela direita, e ao Richarlyson, pela esquerda. Mas simplesmente não funcionou. Contra o Botafogo, é claro que eu queria ter colocado uma peça nas costas do Renato quando o Marcelo Cordeiro machucou. Mas eu nao tinha. O Lucas pediu para sair, e no banco não havia ninguém destro. Quando eu erro, tenho humildade e reconheço. E gosto quando sou questionado sobre isso.
Você disse que os próximos quatro jogos do São Paulo no Brasileirão, que serão realizados na capital paulista, terão papel fundamental na campanha da equipe. Mas, entre eles, está o clássico contra o Palmeiras. Uma vitória no domingo fará com que a desconfiança acabe sobre o seu trabalho?
Sem dúvida. Até pelo que foi o jogo contra o Corinthians. Foi a pior atuação da equipe sob o meu comando. Tivemos até uma chance com o Ricardo Oliveira, no começo da partida, após a falha do William. Mas fomos tão mal que, mesmo se tivéssemos feito aquele gol, não teríamos suportado a pressão do adversário.
A diretoria sempre disse que você é interino e que vai trabalhar no clube até o fim do ano. Você acha que, se o time se classificar para a Libertadores de 2011, tem chance de continuar na próxima temporada?
Isso não passa pela minha cabeça. Estou voltado apenas para trabalhar até dezembro. Não sei o que vai acontecer até lá. Realmente não pensei nisso. Quero colocar o time no G-4, na Libertadores. Se isso acontecer, e torço demais para isso, será ótimo para todo mundo. E isso fará muita gente observar o meu trabalho.
É nítido que o time evoluiu. Mas ainda falta maior regularidade"
Sérgio Baresi
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