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Entre provocações de bambi e bilhete único, Tricolor rivaliza com Timão



Luiz Ricardo Fini São Paulo (SP)

A rivalidade entre Corinthians e São Paulo não é nova. Desde a criação definitiva do atual Tricolor, em 1935, os clubes duelam e alimentam uma disputa por títulos. Porém, o Majestoso ficou ainda mais acirrado nas últimas duas décadas, com decisões, tabus e uma onda de provocações dos dois lados, que resultou no apelido mais detestado pelos são-paulinos: bambi. A história recente faz até o Tricolor se candidatar ao novo maior rival do Corinthians, tentando aproveitar a brecha da má fase do Palmeiras.

A obsessão do Timão pela Copa Libertadores da América e a extrema felicidade do Tricolor na competição intensificaram uma relação que já vinha esquentando desde a época do carrasco Raí. Em um duelo de duas gerações bem diferentes, em 2002, o experiente e provocador Vampeta alfinetou a equipe simbolizada por Kaká e Júlio Baptista com o apelido tão indesejado.

"Os caras são meus amigos. Quis brincar com eles. Aí, inventei que ganharia deles no domingo e chamei de 'bambis'. Essa é a história, mesmo, que todo mundo já sabe. Eles tinham perdido na Copa do Brasil e no Rio-São Paulo para nós. Fiz uma brincadeira, e a parada pegou", recorda o ex-volante.

Desde então, a brincadeira feita pelo corintiano se propagou entre as outras torcidas e virou o grande incômodo dos são-paulinos de arquibancadas. Mas o Tricolor também sabe muito bem machucar o ego dos corintianos. Brasileiro com maior número de títulos na Libertadores (1992, 1993 e 2005), o clube não deixa os alvinegros esquecerem que nunca levantaram o troféu da competição.

Marco Aurélio Cunha costuma provocar corintianos de forma sarcástica

Ícone das provocações pelos lados do Morumbi, o superintendente de futebol são-paulino, Marco Aurélio Cunha, já chegou a andar com um bilhete de metrô no bolso para alfinetar o Alvinegro.

"Pouco me importa o apelido de bambi. Tem gente que não gosta. O pessoal da periferia não compreende bem e fica com raiva, mas eu deixaria passar batido. O bilhete do metrô é uma brincadeira por causa da Libertadores, falei que é o passaporte do Corinthians. Eles não têm Libertadores, mas, com certeza, conseguirão um dia, só não sei se eu estarei vivo. Futebol tem que ser essa coisa amena, de lazer e brincadeira, e não motivo de briga e morte", defende.

O retrospecto entre os rivais aponta vantagem ao Timão ao longo dos tempos, com 108 vitórias, 87 derrotas e 91 empates. Mas os tropeços diante do Tricolor costumam ser dolorosos. Um número nada agradável para os alvinegros é a quantidade de treinadores que perderam o emprego depois de resultados adversos no Majestoso: foram 15 trocas de comando (Joseph Tiger, Alcides Aguiar, Rato, Oswaldo Brandão, João Lima, Dino Sani -duas vezes-, Julinho, Cilinho, Júnior, Juninho Fonseca, Tite, Daniel Passarella, Antônio Lopes e Ademar Braga).

Dentre as recentes demissões provocadas pelo São Paulo, a de Passarella com certeza foi a mais marcante, já que o Timão levou uma chacoalhada por 5 a 1, no Pacaembu. "Eu me diverti muito com aquele jogo. Nem valeu muito para o campeonato, mas foi interessante. Assisti ao lado do Lugano, que estava suspenso e se virou para mim para dizer: 'um jogo desse e não estou em campo para me divertir'", recorda Marco Aurélio, que lembra também como partidas marcantes um empate por 3 a 3 e uma derrota por 1 a 0 em 1967.

A história do clássico começou em 22 de março de 1936, logo no quarto jogo oficial do novo São Paulo Futebol Clube, que substituiu o São Paulo da Floresta. A vitória corintiana por 3 a 1, no Parque São Jorge, mostrou que a vida para o Tricolor não seria fácil em seus primeiros anos.

O Corinthians não deu moleza para o clube que se tornaria um de seus principais rivais e, depois do primeiro triunfo, seguiu mais seis jogos sem derrotas (quatro vitórias e dois empates). O primeiro resultado positivo tricolor aconteceu apenas em 25 de agosto de 1938.
Acervo/Gazeta Press

Leônidas protege a bola diante de Aleixo

Mas, aos poucos, o equilíbrio se estabeleceu e o Tricolor até manteve um tabu de seis anos sem derrotas para o rival pelo Campeonato Paulista. Liderado por Leônidas, foram dez partidas de invencibilidade entre 1945 e 1951. Com a rivalidade estabelecida, a disputa por títulos também faz parte da história do Majestoso.

Em 1967, o São Paulo precisava de uma simples vitória sobre o oponente para ser campeão estadual, mas cedeu o empate nos minutos finais e foi obrigado a decidir contra o Santos, quando perdeu e deu adeus ao sonho de um troféu que não vencia por dez anos.

Mais tarde, o Timão impediu o São Paulo de conquistar seu primeiro tricampeonato consecutivo. Dono dos troféus do Paulistão de 1980 e 1981, o Tricolor foi à final do campeonato na temporada seguinte e precisava apenas do empate. A torcida, inclusive, começou a provocar, apelidando seu estádio de 'Morumtri'. Mas quem fez a festa no gramado do Cícero Pompeu de Toledo foi Biro-Biro, que marcou dois gols na vitória por 3 a 1, no auge da democracia corintiana. A resposta dos alvinegros em relação às provocações foi clara e o estádio virou 'Morumbiro'.

Em 1990, o Timão conquistou seu primeiro título do Campeonato Brasileiro, justamente contra o São Paulo. Na segunda partida da final, Tupãzinho garantiu a vitória por 1 a 0. Mas o placar não era sinal de vida fácil nos anos seguintes. Irmão do corintiano Sócrates, Raí se transformou em um carrasco do Timão e marcou três gols no primeiro confronto da final do Paulistão de 1991. Depois de uma passagem pela Europa, o meio-campista castigou o Alvinegro também na decisão do Estadual de 1998, quando reestreou marcando um gol de cabeça na vitória por 3 a 1 que deu o título ao São Paulo).
Acervo/Gazeta Press

Dida defende pênalti de Rai no Morumbi

Porém, a vingança do Corinthians aconteceu no ano seguinte. Dida pegou dois pênaltis de Raí e levou o clube à final do Brasileirão para conquistar o troféu. A rivalidade só acirrou e virou briga até política. "O Palmeiras era o maior rival. Hoje é o São Paulo", pondera Vampeta.

Nos últimos anos, o presidente corintiano Andrés Sanchez se aproximou da CBF, enquanto o São Paulo se transformou no maior desafeto da entidade máxima do futebol brasileiro. Os estádios não são mais divididos pelas duas torcidas (o visitante fica com uma pequena porcentagem em cada clássico) e a promessa é de que mais taças sejam definidas no Majestoso.

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