18 de agosto de 1960. Los Angeles, Estados Unidos. Entre as cordas do ringue do Olimpic Auditorium um são-paulino lutando bravamente para se manter em pé: Éder Jofre, ainda construindo sua lenda. O combate que travava, transmitido para todo o Brasil por rádio, era uma eliminatória para a disputa do cinturão mundial da categoria dos pesos galos (até 53,524 kg) da Associação Mundial de Boxe. Seu adversário: o oitavo do ranking daquela associação, o mexicano Joe Medel.
Como somente os 10 primeiros colocados do ranking possuem o direito de desafiar o campeão mundial, Jofre teria que derrotar seu oponente em território hostil (o público, cerca de 3 mil pessoas, era composto basicamente por imigrantes do país vizinho) para obter esta posição e ter chances de enfrentar, posteriormente, o campeão mundial da categoria.
Durante os 10 rounds ocorridos naquela noite (eram previstos 12), porém, o cinturão mundial era o que menos importava para Éder Jofre. Preocupava-se mesmo em permanecer erguido. Foi, sem dúvida alguma, o combate mais difícil de toda sua carreira, que até então apresentava um cartel invicto, de 35 lutas, 32 vitórias (22 nocautes) e 3 empates. Éder era favorito, mas Medel era experiente - havia enfrentado antes vários campeões mundiais.
O combate começou favorável para o brasileiro, contudo, no sexto assalto, um liver blow (espécie de gancho curto, direto no fígado) de Mendel quase lhe pôs abaixo, salvando-se nas cordas. Foi tão pesado que Jofre deixou escapar pela boca sua dor, o que só motivou ainda mais o mexicano a ir ao ataque...
Resistiu, ao golpe e ao passar do 6º, 7º e 8º round. No 9º já estava por de mais grogue. Tonto, não foi à lona por incentivo de seu pai e treinador pessoal, Kid Jofre - o criador da escola de boxe do São Paulo, nos anos 40 - que lhe apoiava, não somente com noções técnicas, mas com lembranças de sua família e sua jornada. Em certo momento, já com o nariz quebrado e mal conseguindo respirar, Éder confessou que estava por cair, desistindo: "Pai, acho que não dá mais".
Mas deu. Mesmo sem ar, sem pernas, sem equilíbrio algum, restando-lhe somente a garra e a superação, firmou-se ao ouvir a tranqüilidade do pai: "Ele está pior que você, vamos. Só falta um golpe". E assim, no 10º assalto, com um potente e espetacular direto de direita no ponto mais frágil que existe em um boxeador, o queixo (o impacto e a vibração de um soco nessa parte da cabeça causa reflexos imediatos no cérebro), Éder Jofre pôs seu adversário a beijar a lona e a dormir profundamente - ao menos por alguns segundos.
Assim Éder Jofre iniciou sua jornada para a conquista do mundo, a qual completaria ainda em novembro daquele mesmo ano, distante, de 1960. Há cinqüenta anos...
21,03 - O Pugilista ex- Éder Jofre em Visita AO Treino do São Paulo
Crédito : Lucas Willian
Como somente os 10 primeiros colocados do ranking possuem o direito de desafiar o campeão mundial, Jofre teria que derrotar seu oponente em território hostil (o público, cerca de 3 mil pessoas, era composto basicamente por imigrantes do país vizinho) para obter esta posição e ter chances de enfrentar, posteriormente, o campeão mundial da categoria.
Durante os 10 rounds ocorridos naquela noite (eram previstos 12), porém, o cinturão mundial era o que menos importava para Éder Jofre. Preocupava-se mesmo em permanecer erguido. Foi, sem dúvida alguma, o combate mais difícil de toda sua carreira, que até então apresentava um cartel invicto, de 35 lutas, 32 vitórias (22 nocautes) e 3 empates. Éder era favorito, mas Medel era experiente - havia enfrentado antes vários campeões mundiais.
O combate começou favorável para o brasileiro, contudo, no sexto assalto, um liver blow (espécie de gancho curto, direto no fígado) de Mendel quase lhe pôs abaixo, salvando-se nas cordas. Foi tão pesado que Jofre deixou escapar pela boca sua dor, o que só motivou ainda mais o mexicano a ir ao ataque...
Resistiu, ao golpe e ao passar do 6º, 7º e 8º round. No 9º já estava por de mais grogue. Tonto, não foi à lona por incentivo de seu pai e treinador pessoal, Kid Jofre - o criador da escola de boxe do São Paulo, nos anos 40 - que lhe apoiava, não somente com noções técnicas, mas com lembranças de sua família e sua jornada. Em certo momento, já com o nariz quebrado e mal conseguindo respirar, Éder confessou que estava por cair, desistindo: "Pai, acho que não dá mais".
Mas deu. Mesmo sem ar, sem pernas, sem equilíbrio algum, restando-lhe somente a garra e a superação, firmou-se ao ouvir a tranqüilidade do pai: "Ele está pior que você, vamos. Só falta um golpe". E assim, no 10º assalto, com um potente e espetacular direto de direita no ponto mais frágil que existe em um boxeador, o queixo (o impacto e a vibração de um soco nessa parte da cabeça causa reflexos imediatos no cérebro), Éder Jofre pôs seu adversário a beijar a lona e a dormir profundamente - ao menos por alguns segundos.
Assim Éder Jofre iniciou sua jornada para a conquista do mundo, a qual completaria ainda em novembro daquele mesmo ano, distante, de 1960. Há cinqüenta anos...
21,03 - O Pugilista ex- Éder Jofre em Visita AO Treino do São Paulo
Crédito : Lucas Willian
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