Crédito: Gaspar Nóbrega/VIPCOMM
Em treino de bola parada, o novo técnico são-paulino, Sérgio Baresi, posiciona cada um dos jogadores para cortar o cruzamento. Mas o goleiro Rogério discorda e começa a fazer, por conta própria, uma alteração na formação dos defensores à sua frente.
Resultado: Carlinhos Paraíba e Junior César trocam de lugares, seguindo a orientação do goleiro e capitão.
O lance é um retrato do cenário que Baresi encara para impor seus métodos sobre um grupo experiente.
Treinador da divisão de base até semana passada e agora interino, ele tem 37 anos e só uma passagem à frente de um time profissional, o Toledo. Seu principal feito foi a conquista da Copa São Paulo de juniores, neste ano. Baresi é só 20 dias mais velho que o camisa 1 tricolor.
"Ele [Rogério] tem essa característica de dar orientações para fazer o melhor posicionamento. Isso acontece porque queremos o nosso goleiro seguro", explica Baresi, aprovando as instruções.
Rogério também ensinou Casemiro a marcar mais perto do corpo do rival. E Fernandão, 32, passou a dar instruções nos cruzamentos.
Não que faltem palavras ao técnico, que fala durante todo o treino e dá orientações detalhadas aos atletas até para cobranças de escanteio.
Foi assim que ele agiu com Jorge Wagner. Mas o meia não acertou nenhuma das cobranças da forma pedida pelo treinador, que então o trocou pelo meia Marcelinho, que veio da base.
A Rogério, em bola parada, Baresi gritou: "Quando der margem, sai do gol".
Esse tipo de orientação remete a treinos da divisão de base, em que atletas ouvem ensinamentos sobre os fundamentos. É como se uma sala de aula se transferisse para o campo, com o técnico atuando como um professor.
A cada lance ele pergunta --usa "OK?" ou "Deu?"-- se os alunos entenderam. Formula questões retóricas para respondê-las em seguida. "Quem vai armar [um contra-ataque]? Casemiro vai armar, Carlinhos vai armar."
O técnico encosta nos jogadores para posicioná-los no lugar certo, tanto para as saídas de bola quanto para as marcações de ataques.
Fora de campo, o treinador dá dever de casa aos atletas. Preparou material didático sobre detalhes técnicos e táticos do Cruzeiro, adversário de amanhã. Cada jogador recebeu um kit individual.
"É uma mídia para cada um. O atleta já levou algumas informações em três ou quatro páginas de texto e sete minutos de vídeo", conta.
Questionado sobre a apostila, Junior César admitiu ser um material inédito para ele. "É uma situação interessante", elogiou.
Baresi entende que precisará de diálogo com os atletas para convencê-los de seus métodos. E tem falado com os mais experientes.
Ao final do treino, Baresi conversava com Fernandão. Ouvia mais do que falava.
Crédito: Wagner Carmo/VIPCOMM
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