O São Paulo enfrenta um 2025 pautado pela austeridade financeira. Em um cenário de inflação no futebol brasileiro, o clube se vê obrigado a respeitar um teto de despesas, uma exigência imposta pelo Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDC), que atua na amortização de sua expressiva dívida financeira.

Apesar das dificuldades no campo financeiro, o time busca renascer como protagonista no cenário internacional, com a participação na Copa Libertadores. No entanto, os desempenhos aquém do esperado em 2024 deixam um legado de preocupação, pois os resultados da temporada passada ainda reverberam. Após conquistar o inédito título da Copa do Brasil, o São Paulo investiu mais de R$ 120 milhões em contratações. Esses gastos, reminiscentes de gestões anteriores, elevaram a dívida total do clube para a marca recorde de aproximadamente R$ 900 milhões. Desses, cerca de R$ 666,7 milhões são comprometidos com bancos e instituições financeiras.

Para lidar com essa situação, o FIDC se propõe a fornecer solução financeira, captando recursos necessários para amortizar parte da dívida e cobrando juros menores do São Paulo. Em contrapartida, o clube deve se comprometer a alcançar metas financeiras, incluindo a necessidade de apresentar um superávit em 2025. Assim, um teto foi fixado para salários, direitos de imagem, encargos e novas contratações: R$ 350 milhões, ou metade da receita bruta de 2024, prevalecendo o que for menor.

No orçamento aprovado pelo Conselho Deliberativo, o São Paulo previu um superávit de quase R$ 45 milhões, com receitas projetadas de R$ 859,9 milhões e despesas de R$ 815,1 milhões. Contudo, a aprovação enfrentou resistência, com 42 votos contrários, representando cerca de 20% do total, questionando a viabilidade das propostas da atual administração. Destaca-se ainda que cerca de 20% da nova receita depende da venda de jogadores, além de novos empréstimos e antecipações de recebíveis do fundo.

A gestão de Julio Casares, apoiada pela maioria dos conselheiros, acredita que o superávit projetado é viável. A saída de jogadores como Orejuela e Jhegson Méndez já está contribuindo para a necessária redução da folha salarial. Entretanto, o clube ainda terá que negociar renovações com jogadores que têm contratos prestes a se encerrar, como o goleiro Rafael, o lateral-direito Igor Vinicius e o zagueiro Alan Franco, que poderão assinar pré-contratos com outras equipes a partir do meio do ano.

Por outro lado, a chegada de Oscar representa uma boa notícia, aumentando a qualidade do elenco. O atleta, que atuou por sete anos no futebol chinês, terá parte de seu salário custeado pela Superbet, patrocinadora máster do clube, o que ajudará a aliviar a pressão sobre a folha salarial. Oscar se junta a uma base já estruturada por Luis Zubeldía em 2024 e será uma das principais referências técnicas da equipe, ao lado de Lucas Moura. A renovação de Luiz Gustavo e o retorno de Alisson, ainda no final da última temporada, também trazem um fôlego à área meio de campo do São Paulo.

Um aspecto crucial para o sucesso do clube está na comissão técnica. Diferentemente de 2024, que enfrentou a saída de Dorival Júnior e a frustração com Thiago Carpini, o São Paulo começa 2025 com Zubeldía no comando desde o início. O argentino iniciará sua jornada no dia 8, quando a equipe viajará para os Estados Unidos para partidas amistosas pela FC Series. Antes disso, parte do elenco terá um retorno antecipado, participando da segunda rodada do Paulistão, onde enfrentará o Botafogo-SP no dia 20.

Com todas essas mudanças e desafios, o São Paulo tem a oportunidade de se reconstruir e almejar um desempenho melhor do que em 2024. Porém, será essencial manter um controle rígido sobre os gastos e administrar as finanças de forma equilibrada, evitando que dívidas e as incertezas nos bastidores impactem negativamente o desempenho em campo.