Antes de virar titular absoluto do São Paulo, o goleiro Rafael teve de lidar com um drama comum entre goleiros revelados em grandes clubes. Cria do Cruzeiro, cresceu ao lado do ídolo Fábio, que estava longe de pendurar as chuteiras (que ainda não foram penduradas). Para finalmente ter espaço e tentar mostrar o potencial que o manteve no Cruzeiro por tanto tempo, Rafael decidiu pular o muro: trocou a Raposa pelo Atlético-MG. No Galo, porém, deu azar. Chegou ao clube com Jorge Sampaoli, o técnico argentino fã do trabalho do também goleiro Everson.

Um dos primeiros pedidos de Sampaoli no Atlético-MG, em 2020, foi comprar outro goleiro: Everson, com quem o argentino havia trabalhado no Santos na temporada anterior. E lá foi o agora titular absoluto do São Paulo para a reserva mais uma vez. Quando a bola rolar para a partida de volta das quartas de final da Copa do Brasil, nesta quinta-feira, às 21h45 (de Brasília), na Arena MRV, Rafael reencontrará seu passado.

Agora dono da meta tricolor e um dos líderes do elenco, o goleiro terá de ser decisivo para o São Paulo ter mais chances de avançar. Como perdeu o jogo de ida por 1 a 0, o Tricolor precisa vencer por dois gols de diferença para se classificar direto para a semifinal da Copa do Brasil. Se conquistar uma vitória pela vantagem mínima, a vaga na fase seguinte será decidida nos pênaltis.

Contratado pelo São Paulo sem a certeza de que seria titular, Rafael arriscou. E deu certo. Chegou ao clube em 2023, depois de disputar apenas nove jogos pelo Atlético-MG em 2022 - Sampaoli já havia saído, mas Everson ainda era o dono da posição. No Tricolor, Rafael teria a companhia de Felipe Alves, que havia sido titular na temporada anterior, e precisaria conquistar sua vaga. Mas não demorou muito para isso acontecer.

Aos 35 anos, Rafael desfruta, pela primeira vez, de uma titularidade absoluta, depois de ter vivido essa ilusão no Atlético-MG. Ele chegou ao São Paulo aos 33 - imagine só, ainda em busca de uma oportunidade para ser dono de posição num grande clube, depois de anos e anos como reserva no Cruzeiro e no Galo. As boas atuações pelo Tricolor levaram, inclusive, Rafael à seleção brasileira.

Ele foi convocado por Dorival Júnior, seu ex-treinador, nesta temporada. Campeão da Copa do Brasil e da Supercopa do Brasil pelo São Paulo, o goleiro espera viver uma noite decisiva nesta quinta-feira, em solo mineiro, onde nasceu, para buscar o bi do maior título de sua carreira nos próximos meses.