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Era abril de 2023, e ele chegava para participar pela primeira vez de um programa com a abrangência nacional que tem o "Boleiragem", do sportv. No camarim, cumprimentou Caio Ribeiro e Roger Flores, antes de passar pela maquiagem. A participação na atração vinha após a vitória no primeiro jogo da final do Paulistão por 2 a 1 contra o Palmeiras. Nos bastidores, Carpini falava em tirar o peso do seu time e evitar oba-oba. Já havia pedido para a diretoria uma concentração em Guararema.

Perguntado sobre a força do projeto, ressaltou que não havia praticamente ninguém quando chegou. "Foi um grupo montado e escolhido por nós", disse. Sabia detalhes de cada atleta. Luan Dias, que depois foi para o Santos, era o tímido que necessitava de conversas particulares. Mezenga, o "boa praça" e experiente que orientava os outros. Extensão de Carpini em campo. Seus trabalhos sempre possuem um jogador mais maduro e com esse perfil.

Nos treinamentos que o ge acompanhou durante reportagens especiais, o técnico participava ativamente. Defensor de um jogo de posse e construção, o ex-jogador cobrava o tempo todo de seus goleiros e volantes. Talvez porque por ali considera que o domínio do jogo possa ser construído.

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Com o acachapante 4 a 0 contra no segundo jogo da final do Paulista, restou a sensação de bom trabalho e dever cumprido. De contrato renovado com o Água Santa, era hora de atualização. Acompanhado por uma pessoa do clube, Carpini partiu para a Argentina, onde visitou San Lorenzo, River Plate e Racing. A ideia era fazer ciclo de observações no Campeonato Argentino.

Carpini tem o curso da AFA. Por lá, assistiu a San Lorenzo x Fortaleza, pela Copa Sul-Americana. Viu um jogo do River Plate pela Libertadores e outro pelo argentino. Conheceu a estrutura e metodologia do clube no “River Camp”, complexo de treinamentos. O plano era aperfeiçoamento profissional, entender como é a estrutura do futebol argentino, ver alguns jogadores e realizar conexões.

Carpini pretendia realizar era uma nova leva de visitas em clubes europeus, mas apareceu um time de Caxias do Sul no meio do caminho.

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Antes de aceitar a proposta da equipe gaúcha, Carpini ficou muito balançado e ouviu inúmeras pessoas próximas. Pretendia tirar um período sabático estudando e voltar no Paulistão de 2024, mas acabou seduzido pelo convite de uma equipe da Série B. Thiago Carpini assumiu o Juventude, vice-lanterna da competição, que vinha de cinco derrotas em seis jogos.

De cara, conseguiu cinco vitórias seguidas. Encontrou em Nenê sua extensão dentro de campo (lembra do Mezenga?). O experiente jogador de 42 anos é três primaveras mais velho que o técnico. Durante uma gravação pro Esporte Espetacular, da TV Globo, falou com naturalidade sobre essa curiosidade e ressaltou a relação de respeito mútuo entre ambos.

Pelo Juventude, recuperou jogadores sem confiança. O maior exemplo é o meia-atacante Vini Paulista. Com Carpini, o jogador virou segundo volante e trouxe equilíbrio à equipe (lembra da importância que ele dá aos volantes?). Ajustar e utilizar jogadores em mais de uma função é outra característica de seus trabalhos. Reginaldo, lateral-direito de origem, costumava atuar na segunda linha, fazendo dobras pela direita com Daniel Bolt (mal comparando, é o que Dorival fez no final do ano com Rafinha e Nathan, por exemplo).

Em campo, o time do Juventude decolou e terminou com o acesso à Série A. Ao todo, foram 32 jogos - com 17 vitórias, 11 empates e 4 derrotas (aproveitamento de 65%).

Em papo com Duda Sgarbi no ano passado, Thiago Carpini falou sobre a montagem do Juventude e suas preferências no jogo:

– Tenho algumas coisas que acredito muito no futebol, de ter um time vertical, de gostar de ter a bola, de buscar o gol o tempo todo, de ser ofensivo, mas buscar o equilíbrio. Organizando a parte defensiva, começo a me organizar ofensivamente. Sou de uma linha que gosta de jogo de posse, de pé em pé, de construção, não de bola em disputa, não de tiro de meta toda hora. Ficando mais com a bola, a gente começa a controlar mais o jogo e começa a criar alternativas para jogar.

Destacando a parte do tiro de meta, vem a questão: lembra dos longos papos com os goleiros nos treinos do Água Santa?

Em conversas com atletas treinados por ele, Carpini é descrito como alguém que sempre interrompe as atividades quando considera que a posse não foi valorizada. Ex-volante enquanto atuava, o agora comandante sempre ressaltou o quão fundamental é essa posição. Seu jogo no São Paulo deve passar muito por ajustes em Pablo Maia, Luiz Gustavo, Alisson e Bobadilla.

Adepto de vídeos antes e depois das partidas, Carpini gosta de "provocações" aos atletas para comportamentos durante as partidas. Antes de enfrentar o Vitória em casa pela Série B, por exemplo, questionou o lateral Alan Ruschel sobre seu posicionamento defensivo e ofensivo, já que o time baiano atuaria com Osvaldo aberto pela direita. Atrás, mencionava sempre a utilização de dobra na marcação.

Aliás, sempre reiterava para todos no clube a história de vida de Ruschel, que sobreviveu à queda de avião do time da Chapecoense. O lateral tornou-se líder e um dos pilares da equipe.

À frente, utilizava Nenê quase como segundo atacante, flutuando atrás do centroavante, que na ocasião era Daniel Cruz. Sem a bola, Cruz voltava e o camisa 77 ficava como um "falso 9". A partida terminou 1 a 0 com gol de transição marcado por… Nenê.

No lado humano, os jogadores citam Carpini como alguém muito preocupado. O técnico defende que para performar bem o atleta precisa estar, antes de tudo, bem na vida pessoal. Por isso, sempre busca conhecer mais a vida de cada um. Nas concentrações, abusa das brincadeiras durante os almoços e é incentivador das partidas de truco entre os jogadores.

Dias antes das gravações com a Globo, o jovem goleiro Thiago Couto, na época cedido por empréstimo pelo próprio São Paulo , teve uma falha contra o Londrina em chute de fora da área. Foi possível observar o técnico conversando e dando forças ao garoto. Depois, confidenciou que confiava nele e que gostava de seu jogo também com os pés. Couto retomou o bom momento e terminou como um dos destaques do time que subiu. Foi vendido ao Sport pelo São Paulo para esta temporada.

A pessoas próximas, Carpini confidenciou que aguardava o momento de um clube grande. E ele chegou. O convite do São Paulo é encarado como a maior oportunidade da carreira do jovem e promissor técnico de 39 anos. Árdua missão. Irá comandar James Rodríguez, Lucas Moura, Calleri, Luciano, Arboleda… e Rafinha, só um ano mais novo que ele. Como gerir o vestiário? E se não der certo de início? Haverá paciência?

Para isso, terá o apoio de Muricy Ramalho, que foi entusiasta de sua contratação. Precisará provar num gigante que pode repetir os bons trabalhos de Água Santa e Juventude. Em março, o treinador concedeu uma entrevista para o Paulistão Play e falou sobre seu maior sonho.

– Disputar uma Libertadores.. nem penso em seleção brasileira porque é um sonho muito distante. Estou começando agora, aprendendo muito, mas quero trabalhar em níveis maiores. Eu gosto da Libertadores, jogar contra um argentino, em final, eu gosto disso. É um sonho que eu tenho.

E que nesta quinta-feira, 11 de janeiro de 2024, virou realidade.

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