A sensação do torcedor são-paulino ao olhar Ricardo Gomes dirigindo o time ainda é estranha. Mas, na décima partida do treinador à frente do São Paulo, ele já pode conquistar a sua sexta vitória, a quarta consecutiva, um número que hoje surpreende.
A partir das 21h, no Morumbi, nesta quarta-feira, o décimo adversário do Tricolor sob o comando de Ricardo Gomes vai ser o Botafogo, com transmissão ao vivo pelo LANCENET!, que também busca uma recuperação na tabela.
Por enquanto, o comandante não faz projeções audaciosas. Em entrevista exclusiva ao LANCE! nesta terça-feira à tarde, depois do almoço, ele não colocou (ainda) o São Paulo na disputa pelo tÃtulo com equipes que estão no G4. Mas disse que isso pode mudar, caso a ótima fase continue.
Além disso, o ex-técnico do Mônaco falou sobre a mudança que foi trocar a Europa pelo Brasil, os novos desafios na carreira e o desejo, claro, de somar tÃtulos no Tricolor.
Confira parte da entrevista com o técnico:
LANCE!: Você completa hoje dez jogos, com o time em ascensão. Você planejava isso ou é surpresa?
RICARDO GOMES: Isso não estava dentro do script, mas não vou conseguir fazer uma análise depois de dez jogos, pois acho muito pouco. Estou começando a implantar a minha filosofia ainda. No inÃcio, bom resultado não é sinal de trabalho bem feito e vice-versa. A curto prazo também existe uma série de variantes que interferem, como suspensões, lesões, perdas de jogadores, falhas individuais... Com tempo, as variantes passam a ter menos importância.
L!: Mas o time brigará pelo tetra?
R.G.: Após cada vitória nesta sequência que estamos tendo, eu falei que a evolução aconteceria normalmente, não foi porque eu cheguei, aconteceria da mesma forma. Essa evolução aconteceria depois da Libertadores, que o clube priorizou, mas não chegou. O São Paulo sempre entra para vencer em uma competição. Olhando para a tabela, não dá para pensar em tÃtulo ainda, tem muita gente na nossa frente e o caminho ainda é longo. Não dá para dizer nem que sim, nem que não.
L!: Na má fase, a estrutura conta?
R.G.: Ajuda muito. Na fase ruim, em um clube sem tanta estrutura, o jogador desanima rápido. Aqui, com tudo isso que temos, não tem este espaço. Todo mundo trabalha e cumpre suas funções. Quando o atleta chega no dia seguinte, chateado depois de uma derrota, ele logo encontra um ambiente favorável para trabalhar e anima outra vez. Este ambiente faz com que o São Paulo resista a tudo isso. Porque, no paÃs, nenhum clube fica só no topo.
L!: Você já foi jogador. Dá vergonha para o atleta ficar só perdendo?
R.G.: Eu não usaria o termo vergonha, mas aqui não tem espaço para o cara que está derrotado. Vergonha é o cara que não gosta de trabalhar. Se o jogador chutou quatro bolas para o gol, mas não acertou, isso não é vergonha. Eu não acredito nisso.
L!: Em agosto, com a utilização do González e do Saavedra e do retorno do Rogério Ceni, dá para prever a equipe jogando ainda melhor?
R.G.: Claro que sim, a tendência é evoluir. Talvez não seja uma evolução contÃnua, por isso que a gente fala das variantes. Mas no novo curto prazo deve ter uma evolução. Nós, treinadores, temos dificuldades em avaliarmos o time jogo a jogo, porque algumas coisas são incontroláveis, como erro de arbitragem, falha individual... Nesse mês de agosto nós não podemos nos distanciar dessa atuação do jogo contra o Grêmio. Não gosto de usar uma partida como referência, mas não deu para ser igual no primeiro, nem no segundo, no outro temos de igualar.
L!: Já deu bronca em algum atleta?
R.G.: Já, claro, no intervalo do jogo contra o Internacional, eu peguei um pouco mais pesado. Individualmente, acho que falei umas duas ou três vezes só. Contra o Inter, eu fiquei bravo porque tomamos dois gols iguais. O primeiro, tudo bem. Mas o segundo não podia ter levado. Não gosto de desatenção.
L!: Você cultiva a qualidade do jogo, não é? Não é adepto da teoria de que o importante é a vitória?
R.G.: Acho que podemos classificar assim: primeiro, temos de tentar ganhar e jogando bem. Depois, só ganhar. Se você não consegue jogar bem, pode ser porque o adversário estava bem estruturado, então fica aquele jogo preso, como em uma final. Não dá para ficar prisioneiro da qualidade do jogo, porque não é só isso, é competição. Se pudermos aliar os dois, ótimo, mas é evidente que primeiro nós temos de vencer.
L!: Tem muitos testes para fazer ou já está perto da escalação ideal?
R.G.: Não, acho que estou perto, basta ver as repetições das escalações. Mas, ao mesmo tempo, não posso deixar de observar alguns valores que estão dentro aqui do elenco. E, no Brasileirão tão desgastante, você paga um preço depois de usar o mesmo jogador três semanas seguidas, sempre quarta e domingo.
L!: Como foi a mudança repentina da França para o Brasil? Você chegou para passar férias e ficou...
R.G.: Foi uma mudança tão grande que minhas coisas pessoais estão na França ainda. Eu tinha algumas propostas da França e de alguns times do mundo árabe, para decidir enquanto estivesse no Brasil. Quando surgiu a possibilidade de trabalhar em um clube como o São Paulo, perto da famÃlia, eu aceitei.
L!: Monaco é bem menor que São Paulo. Muito diferente agora?
R.G.: Eu morava em Monaco, mas lá é muito pequeno. Lá é ótimo, mas o Brasil é melhor. É a nossa casa.
L!: Qual a diferença de dirigir um time médio na Europa e comandar uma equipe de primeira no Brasil?
R.G.: A diferença é que no time médio, você vai ficar na parte média da tabela. Aqui você pega o Vitória, nosso último adversário, e vê quanto tempo ele ficou no G4, e ainda está na briga. É muito mais difÃcil lá, com um time sem riqueza de material humano. No Brasil, você pode vender o seu melhor jogador que na base pode aparecer outro melhor. Aqui, do nada surge um grande jogador, com pouca idade, que entra e faz a diferença. Na Europa isso não existe. Essa riqueza é nossa.
L!: Você é um técnico que valoriza muito a palavra “projeto�
R.G.: Eu não levo muita fé nesse negócio de projeto, não. No Brasil, isso depende muito mais da forma de pensar da diretoria do clube. Projeto, pra mim, é ter responsabilidades pelos resultados e também ver dentro do clube o que a diretoria pede: investir ou só formar?
L!: Você é um técnico linha dura ou adota o estilo mais paizão?
R.G.: Acho que o treinador precisa estar preparado para os dois tipos de situações. Já assumi clubes que no primeiro dia já cheguei chutando a porta, porque sabia que algumas coisas estavam erradas, que havia problema de indisciplina e o técnico nessa hora precisa mostrar comando. Na Europa é diferente, você tem tempo para montar a equipe, selecionar jogadores... Aqui no São Paulo sabia que o grupo era bom e trabalhei mais conversando com os atletas.
*Atualizado às 23h45
A partir das 21h, no Morumbi, nesta quarta-feira, o décimo adversário do Tricolor sob o comando de Ricardo Gomes vai ser o Botafogo, com transmissão ao vivo pelo LANCENET!, que também busca uma recuperação na tabela.
Por enquanto, o comandante não faz projeções audaciosas. Em entrevista exclusiva ao LANCE! nesta terça-feira à tarde, depois do almoço, ele não colocou (ainda) o São Paulo na disputa pelo tÃtulo com equipes que estão no G4. Mas disse que isso pode mudar, caso a ótima fase continue.
Além disso, o ex-técnico do Mônaco falou sobre a mudança que foi trocar a Europa pelo Brasil, os novos desafios na carreira e o desejo, claro, de somar tÃtulos no Tricolor.
Confira parte da entrevista com o técnico:
LANCE!: Você completa hoje dez jogos, com o time em ascensão. Você planejava isso ou é surpresa?
RICARDO GOMES: Isso não estava dentro do script, mas não vou conseguir fazer uma análise depois de dez jogos, pois acho muito pouco. Estou começando a implantar a minha filosofia ainda. No inÃcio, bom resultado não é sinal de trabalho bem feito e vice-versa. A curto prazo também existe uma série de variantes que interferem, como suspensões, lesões, perdas de jogadores, falhas individuais... Com tempo, as variantes passam a ter menos importância.
L!: Mas o time brigará pelo tetra?
R.G.: Após cada vitória nesta sequência que estamos tendo, eu falei que a evolução aconteceria normalmente, não foi porque eu cheguei, aconteceria da mesma forma. Essa evolução aconteceria depois da Libertadores, que o clube priorizou, mas não chegou. O São Paulo sempre entra para vencer em uma competição. Olhando para a tabela, não dá para pensar em tÃtulo ainda, tem muita gente na nossa frente e o caminho ainda é longo. Não dá para dizer nem que sim, nem que não.
L!: Na má fase, a estrutura conta?
R.G.: Ajuda muito. Na fase ruim, em um clube sem tanta estrutura, o jogador desanima rápido. Aqui, com tudo isso que temos, não tem este espaço. Todo mundo trabalha e cumpre suas funções. Quando o atleta chega no dia seguinte, chateado depois de uma derrota, ele logo encontra um ambiente favorável para trabalhar e anima outra vez. Este ambiente faz com que o São Paulo resista a tudo isso. Porque, no paÃs, nenhum clube fica só no topo.
L!: Você já foi jogador. Dá vergonha para o atleta ficar só perdendo?
R.G.: Eu não usaria o termo vergonha, mas aqui não tem espaço para o cara que está derrotado. Vergonha é o cara que não gosta de trabalhar. Se o jogador chutou quatro bolas para o gol, mas não acertou, isso não é vergonha. Eu não acredito nisso.
L!: Em agosto, com a utilização do González e do Saavedra e do retorno do Rogério Ceni, dá para prever a equipe jogando ainda melhor?
R.G.: Claro que sim, a tendência é evoluir. Talvez não seja uma evolução contÃnua, por isso que a gente fala das variantes. Mas no novo curto prazo deve ter uma evolução. Nós, treinadores, temos dificuldades em avaliarmos o time jogo a jogo, porque algumas coisas são incontroláveis, como erro de arbitragem, falha individual... Nesse mês de agosto nós não podemos nos distanciar dessa atuação do jogo contra o Grêmio. Não gosto de usar uma partida como referência, mas não deu para ser igual no primeiro, nem no segundo, no outro temos de igualar.
L!: Já deu bronca em algum atleta?
R.G.: Já, claro, no intervalo do jogo contra o Internacional, eu peguei um pouco mais pesado. Individualmente, acho que falei umas duas ou três vezes só. Contra o Inter, eu fiquei bravo porque tomamos dois gols iguais. O primeiro, tudo bem. Mas o segundo não podia ter levado. Não gosto de desatenção.
L!: Você cultiva a qualidade do jogo, não é? Não é adepto da teoria de que o importante é a vitória?
R.G.: Acho que podemos classificar assim: primeiro, temos de tentar ganhar e jogando bem. Depois, só ganhar. Se você não consegue jogar bem, pode ser porque o adversário estava bem estruturado, então fica aquele jogo preso, como em uma final. Não dá para ficar prisioneiro da qualidade do jogo, porque não é só isso, é competição. Se pudermos aliar os dois, ótimo, mas é evidente que primeiro nós temos de vencer.
L!: Tem muitos testes para fazer ou já está perto da escalação ideal?
R.G.: Não, acho que estou perto, basta ver as repetições das escalações. Mas, ao mesmo tempo, não posso deixar de observar alguns valores que estão dentro aqui do elenco. E, no Brasileirão tão desgastante, você paga um preço depois de usar o mesmo jogador três semanas seguidas, sempre quarta e domingo.
L!: Como foi a mudança repentina da França para o Brasil? Você chegou para passar férias e ficou...
R.G.: Foi uma mudança tão grande que minhas coisas pessoais estão na França ainda. Eu tinha algumas propostas da França e de alguns times do mundo árabe, para decidir enquanto estivesse no Brasil. Quando surgiu a possibilidade de trabalhar em um clube como o São Paulo, perto da famÃlia, eu aceitei.
L!: Monaco é bem menor que São Paulo. Muito diferente agora?
R.G.: Eu morava em Monaco, mas lá é muito pequeno. Lá é ótimo, mas o Brasil é melhor. É a nossa casa.
L!: Qual a diferença de dirigir um time médio na Europa e comandar uma equipe de primeira no Brasil?
R.G.: A diferença é que no time médio, você vai ficar na parte média da tabela. Aqui você pega o Vitória, nosso último adversário, e vê quanto tempo ele ficou no G4, e ainda está na briga. É muito mais difÃcil lá, com um time sem riqueza de material humano. No Brasil, você pode vender o seu melhor jogador que na base pode aparecer outro melhor. Aqui, do nada surge um grande jogador, com pouca idade, que entra e faz a diferença. Na Europa isso não existe. Essa riqueza é nossa.
L!: Você é um técnico que valoriza muito a palavra “projeto�
R.G.: Eu não levo muita fé nesse negócio de projeto, não. No Brasil, isso depende muito mais da forma de pensar da diretoria do clube. Projeto, pra mim, é ter responsabilidades pelos resultados e também ver dentro do clube o que a diretoria pede: investir ou só formar?
L!: Você é um técnico linha dura ou adota o estilo mais paizão?
R.G.: Acho que o treinador precisa estar preparado para os dois tipos de situações. Já assumi clubes que no primeiro dia já cheguei chutando a porta, porque sabia que algumas coisas estavam erradas, que havia problema de indisciplina e o técnico nessa hora precisa mostrar comando. Na Europa é diferente, você tem tempo para montar a equipe, selecionar jogadores... Aqui no São Paulo sabia que o grupo era bom e trabalhei mais conversando com os atletas.
*Atualizado às 23h45
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