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Argentina e Brasil, Boca e São Paulo, a diferença nos patrocínios

Nessa semana, o Boca Juniors assinou seu novo contrato de patrocínio máster, com a multinacional coreana de eletroeletrônicos LG.

Valor do acordo: 2 milhões de dólares anuais.

Na mesma data foi assinado, também, contrato de patrocínio com a Total, companhia petrolífera francesa, que estampará sua marca nas mangas da camisa xeneize, espaço até então ocupado graciosamente pela UNICEF, em troca de 500 mil dólares anuais.

Embora o valor seja pequeno para os padrões brasileiros, esse dinheiro chega num momento mais que necessário para o Boca Juniors, que não guardará boas recordações de 2009.

A mesma LG renovou o patrocínio com o São Paulo para 2009 depois de uma novela de média duração. Essa história é antiga já, mas, em resumo, o novo acordo contempla apenas o ano corrente e tem o valor de 15 milhões de reais, equivalentes hoje a 7,5 milhões de dólares ou, ainda, 5,5 milhões de euros.

Como explicar tão grande diferença entre os patrocínios de São Paulo e Boca se aqui mesmo, neste Olhar Crônico Esportivo, digo e repito que nossos times são paroquiais, e que o Boca é um time global, ou melhor, uma marca global (não um player global, esse papel, hoje e por muito tempo, é privilégio dos top europeus)? Por essa lógica, e considerando ainda o tamanho da torcida do clube na Argentina, patrociná-lo deveria custar mais do que patrocinar o São Paulo. Como entender diferença tão grande?


Em quatro vocábulos: Néstor e Cristina Kirchner. O casal presidencial conseguiu detonar o PIB argentino, que mesmo tendo apresentado um bom índice de crescimento em 2007 - 8,7%a - foi na base do “cresceu muito em cima de pouco”. Enquanto o produto interno bruto brasileiro fechou 2008 com algo como 1.8 trilhão de dólares, o argentino fechou com cerca de 300 bilhões de dólares, somente. Para efeito comparativo, o PIB do estado de São Paulo em 2008 foi da ordem de 480 a 490 bilhões de dólares (todos esses valores referem-se a 2008 e são estimativos). Para o ano corrente estima-se uma queda de 3% no PIB platino e 0,5% no brasileiro.

Como parte desse processo, a Argentina, que historicamente sempre teve uma forte classe média, viu e vê esse segmento diminuir ano a ano, com o aumento da pobreza. Apenas no período março/08 a março/09, o número de pobres cresceu 3% na Argentina e diminuiu 2% no Brasil.

Este é o cenário básico que explica o porque de um clube como o Boca Juniors ter um patrocínio de valor tão baixo como esse.

Ao mesmo tempo, a CONMEBOL pagou 2 milhões de dólares ao Estudiantes como prêmio pela conquista da Libertadores, ou seja, um valor idêntico ao patrocínio de 1 ano do time mais poderoso e economicamente forte da Argentina.

Essa é a explicação para simples e direta para a disputa intensa pelas vagas na Libertadores e o porque da AFA praticamente garantir vagas cativas aos dois grandes - Boca e River - na Copa Sul Americana.

Explica, também, por consequência, a manutenção das duas copas continentais em períodos diferentes do ano, quando o correto e ideal seria a simultaneidade das mesmas, disputadas de fato por equipes diferentes, tal como ocorre com as copas europeias, pelo qual os melhores times disputam a Champions League e os demais a antiga Copa da UEFA, atual UEFA Europa League.

Poderia fazer outra comparação, como, por exemplo, os salários de Cristiano e Kaká, mas, sinceramente, não vale a pena. Deixa quieto, fiquemos aqui em nosso canto de LatinoAmerica sem maiores comparações.

Mudança de cor

Certamente por pressão boquista, mas também por uma melhor e maior visibilidade, a LG mudou a cor de seu tradicional logotipo, trocando o vermelho pelo azul.

O vermelho poderia trazer associações com o grande rival xeneize, o River Plate.

Essa foi uma medida sensata e muito inteligente da LG. Mudar a cor de uma logomarca não é nenhum pecado mortal, como pregam muitos profissionais de marketing e publicidade. Pelo contrário, creio que o logo em azul não só ganha em visibilidade como também aumenta ao infiinito a simpatia da torcida patrocinada, sem, ao mesmo tempo, cometer nenhuma ofensa com as demais.

Da mesma forma que um logotipo pode continuar vivo e fortalecido com uma mudança de cor, o mesmo acontece com os uniformes dos clubes. Aqui, diretores, conselheiros e torcedores em grande número apegam-se de forma até doentia à preservação a ferro e fogo de um uniforme.

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