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Jogadores seguem na contramão nacional e conciliam estudos com futebol

Enquanto os números de estudantes avançados ainda são baixos, profissionais explicam a diferença que a educação faz na vida de um atleta

Os jogadores brasileiros são conhecidos mundialmente pelo belo futebol que apresentam dentro de campo. No entanto, fora das quatro linhas, os atletas deixam a desejar quando o assunto é educação. Os ex-jogadores Sócrates e Tostão, formados em Medicina, encabeçam uma lista de formandos que ainda é pequena no meio. Atualmente, nomes como o do goleiro Víctor, do Grêmio, Richarlyson, do São Paulo, e o jovem goleiro Danilo, do Corinthians, fazem parte das poucas exceções nacionais que atingem o nível superior.

De acordo com Suzy Fleury, especialista em psicologia do esporte e que trabalhou para clubes como Atlético-PR, Corinthians, Goiás, Palmeiras, Santos e São Paulo, deixar o estudo de lado pode interferir no desenvolvimento do atleta tanto em campo, como fora dele.

"O jogador precisa saber que, com o passar dos anos, ele se desenvolve não só fisicamente, ele também se desenvolve como homem. Eles (jogadores) já não vêm de um núcleo familiar que possa dar muitos valores, e nem têm um núcleo de relacionamento estável. Poucos tiveram como suprir esta carência na vida acadêmica e, com a dedicação total aos treinamentos e competições, eles acabam não convivendo nem mesmo com a família", destacou a psicóloga.

O goleiro Víctor, do Grêmio, se formou em educação física, mesma área do são-paulino Richarlyson. Antes deles, "Doutor Sócrates" (como ficou conhecido) e Tostão foram exemplos para as suas gerações. E para que eles não sigam como meras exceções, a psicóloga pede a volta do "técnico formador, como era Telê Santana".

"Esta figura sumiu neste cenário. O Telê (Santana) se preocupava com a formação do craque, mas também cuidava da formação do homem. Esta função não está mais sendo executada pelos técnicos", disse. "É um benefício que eles vão dar para o atleta de médio a longo prazo, talvez, só surta algum efeito quando ele encerrar a carreira", completou.

O treinador Estevam Soares, que atualmente treina o Guaratinguetá-SP, não concorda e defende a sua classe. "Eu discordo um pouco dela, os treinadores, pelo contrário, são os que mais lutam por isso. O técnico tem horas que está em um time e horas que está em outro, e tem 800 coisas para cuidar. Agora, os clubes sim, eles têm condições de se prepararem culturalmente para que os atletas estudem e joguem paralelamente", opinou.

Recém-promovido à equipe profissional do Corinthians, o goleiro Danilo Fernandes Batista, 20 anos, acredita que os estudos também servem para tirar um pouco o foco da bola. "Estou fazendo faculdade de administração, já fiz um ano e vou para o terceiro semestre. Acho que se você só treinar, às vezes, a cabeça fica meio centrada nisso. Assim, você vai estudar, vai para a faculdade, fala com os amigos. Estou gostando bastante desta experiência", afirmou o garoto, que faz o curso em uma universidade particular da Vila Maria.

Além de distração, segundo Suzy Fleury, a educação pode ajudar nas inconstâncias da vida de um jogador. "Horas eles estão bem e horas estão mal, são mudanças muito bruscas que provocam aquilo que ocorre no nosso exemplo máximo: o gênio da bola, Maradona, que fora de campo é perdido no mundo", disse.

De acordo com a psicóloga, as obrigações e os compromissos do atleta crescem em paralelo com a sua carreira. Quanto mais frutos ele colhe por meio do futebol, mais responsabilidade ele terá que ter. "Especialmente porque não é só força. É estratégia, é controle emocional, cuidado com a carreira, e, muitas vezes, envolve o histórico do clube. Às vezes, uma transação representa uma transferência do atleta para o mundo. Todos estes aspectos não dizem que ele vai jogar mais, mas terá uma estabilidade e os resultados vão aparecer melhor", salientou.

Para o goleiro corintiano, as baladas e as confusões em que já se meteram ícones como Ronaldo, Romário e Edmundo, ou o próprio Maradona, estão distantes da sua realidade. "Eu sou tranquilo. Tenho um amigo da faculdade que fala que, se fosse jogador, ia ser boleirão. Mas eu não gosto, eu sou tranquilo. Pouca gente sabe que eu jogo no Corinthians. Agora que a turma vai ver, não tem como, mas lá em casa a gente não costuma dizer", afirmou.

E sobra tempo para estudar?
Apesar de dizer que não passa de cinco o número de jogadores com estudo avançado que já dirigiu, o técnico Estevam Soares acredita que é possível conciliar o futebol com a educação. "Não há problema nenhum o atleta sair para estudar. É importante o cara se dedicar e abrir outras portas", incentivou.

No entanto, para o goleiro Danilo, esta resposta ainda não pode ser respondida com tanta certeza. "Pelo menos na (categoria de) base não me atrapalhava, agora é que vamos ver. Se ficar muito puxado, daí eu vou trancar o curso e, dependendo, vou voltar. Depois que tranca é difícil voltar, mas vou tentar levar", finalizou.

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