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No Sampa, Washington troca dinheiro por títulos

Atacante fala com exclusividade ao LNET! sobre nova fase na carreira e revela que proposta do Fluminense era melhor

A principal contratação do São Paulo para este ano, até aqui, foi o atacante Washington, algoz tricolor em 2008. De férias em Brasília-DF, onde o Sampa conquistou o tricampeonato seguido do Brasileirão, o centroavante aproveita para começar a se ambientar ao novo local de trabalho, já que está em contato diário com vários torcedores.

Leia abaixo a entrevista exclusiva que o atacante concedeu ao LANCENET!, onde ele conta sobre a nova etapa da sua carreira e sobre o desejo de conquistar títulos e fazer gols, muitos, agora a favor!!!



LANCENET!:Qual a visão que os jogadores de outros clubes têm do São Paulo? Se um atleta recebe a mesma proposta do São Paulo e de outro clube, ele acaba optando por jogar no Tricolor no ano seguinte?

Washington:É assim mesmo que acontece. O resultado que o São Paulo tem hoje é fruto da estrutura. Time que quer se dar bem hoje tem de ter estrutura, não adianta. Por isso o São Paulo está colhendo tantos resultados nos últimos anos. Quem está fora do São Paulo quer estar ali envolvido, quer um dia estar no clube, porque ele pensa que, estando ali, alguma coisa ele vai ganhar. Ou, se não ganhar nada, ele vai ter a certeza de que vai disputar vários títulos, vai estar na briga. E o jogador pensa nisso aí... E no meu caso não foi diferente. Eu tive uma proposta do Fluminense, de renovação, até melhor, mas eu pensei nisso, na estrutura do time, que tem uma condição boa para melhorar a minha parte física, para eu jogar ainda melhor e para, quem sabe, conquistar um título. A Libertadores, por exemplo, que eu deixei escapar em 2008 e é meu grande objetivo.

LNET!:Que tipo de experiência você pode levar ao São Paulo da Libertadores-2008?

W: A experiência de não deixar o título escapar na final. Foi maravilhoso tudo o que eu vivi no Fluminense em 2008, nós éramos os merecedores do título, porque tivemos a melhor campanha. Infelizmente futebol é assim. Mas o que tenho de fazer é a mesma coisa, ou melhor, para não deixarmos escapar a chance na decisão, caso a gente chegue lá. Claro que antes a gente vai pensar em cada fase. O pensamento é fazer um final diferente do de 2008.

LNET!:Em 2008, o São Paulo apostou no Imperador na Libertadores. Mas, para ter chegado mais longe, acha que a aposta teria de ter sido feita no Coração Valente?

W:Não, não... O Adriano foi muito bem no São Paulo, fez dois gols na gente naquele mata-mata (quartas-de-final), mas nós fizemos a diferença no Maracanã (o Flu venceu por 3 a 1) e merecemos passar de fase. Mas isso não quer dizer que ele foi mal, acho que o Adriano foi muito bem. É questão de momento e de o cara se identificar com o clube. Ele poderia ter continuado durante o ano, e aí teria sido campeão brasileiro. É relativo. Tomara que eu me identifique demais com o São Paulo e com a torcida. Espero conseguir fazer aquilo que eu desejo no clube.

LNET!:Já parou para pensar que, pela primeira vez na carreira, vai jogar em um clube grande do estado?

W: Sempre traço como meta jogar o maior número de jogos possíveis. É até difícil eu sofrer uma lesão. O que eu mais quero é jogar o máximo possível e minha meta é fazer gols, porque centroavante vive de gols, não tem jeito. Mas minha principal meta, em todo clube que eu jogo, é conquistar um título. Esse é o principal e, se vier uma artilharia, melhor ainda, porque aí eu estarei cumprindo com a minha missão. E uma coisa também leva a outra: se eu fizer vários gols, estarei ajudando a equipe a conquistar um título.

LNET!:Você costuma traçar um número de gols? Quem sabe uns 30...

W: Não traço número de gols, deixo a coisa acontecer. Deixo meu momento bom acontecer e vou levando ele até o máximo que puder. Mas não tenho um plano de quantos gols posso fazer em um ano. Isso não passa pela minha cabeça, não.

LNET!:Falando em gols, ser artilheiro do São Paulo é mais fácil, por você jogar em um time competitivo, com grandes jogadores, ou é mais difícil, por causa da concorrência interna e pela marcação dos rivais?

W: Na teoria poderia se dizer que é mais fácil, o São Paulo, uma grande equipe, que sempre vai lutar por títulos. Mas, na prática, é totalmente diferente. A marcação vai ser muito mais forte. Eu preciso muito que a gente consiga acertar o esquema de jogo, para as coisas começarem a fluir para o atacante. Muitas coisas estão envolvidas para o atacante ser o artilheiro. No Fluminense, o time pegou um jeito comigo de centroavante. E aí as coisas ficaram mais fáceis. A equipe jogou um pouco em função de mim, com algumas jogadas... Mas isso depende muito da equipe. Às vezes, o elenco tem várias jogadas, e a bola não precisa passar sempre pelo atacante. Neste caso, o time acaba tendo vários jogadores que marcam. Varia muito.

LNET!:Se você fosse o técnico de um time com Borges, Dagoberto, André Lima e Washington, ficaria preocupado ou feliz da vida, rindo à toa?

W: Eu estaria feliz com certeza, com tantos bons jogadores que podem mudar o esquema. Acho que o Muricy está feliz. Na hora de escalar ele vai ter aquele problema que os técnicos falam que é bom, que é ter várias opções para a mesma posição.

LNET!:Já conversou com o Muricy?

W: Ainda não... Não falei com o Muricy! Acho que só no dia 12, mesmo.

LNET!:Para quem quase teve a carreira encerrada em 2004, por causa de um problema cardíaco, como você se sente chegando na melhor equipe do país nos últimos três anos?

W: É muito difícil dar uma virada na vida como essa. Eu, que estava praticamente fora do futebol, consegui voltar, e voltar bem, que é uma coisa complicada. Porque voltar é uma coisa, mas voltar bem é diferente, conquistando sem a artilharia dos campeonatos. Agradeço muito a Deus, sou católico, sempre vou à missa, então eu agradeço muito. E sempre acreditei também muito em mim para dar essa virada. Desde que que eu voltei a jogar no Atlético-PR, só em 2005 eu não fui artilheiro em nenhum campeonato (veja a lista na página seguinte). Poxa, isso é uma marca legal. Para mim sempre é uma vitória e fico feliz e agradeço a Deus estes presentes.

LET!:Depois de tanto ser artilheiro, chegou a hora de ser campeão?

W: Fui campeão no Japão em 2007. Se eu fosse campeão da Libertadores no ano passado, eu seria, em dois anos, campeão em dois continentes diferentes, porque em 2007 eu conquistei a Copa da Ásia, mas agora eu troco as artilharias por um título pelo São Paulo, com certeza.

LNET!:Até você estrear e marcar os primeiros gols pelo São Paulo, terá de lidar com o fato de ter sido algoz da equipe na Libertadores; Como espera que isso vai ser no começo?

W:Pois é (risos). Já ouvi muito são-paulinos dizendo que me xingaram demais em 2008. Outros me cobraram dizendo que agora terei de fazer todos aqueles gols a favor. Outros falaram que era minha função mesmo, mas que estão torcendo para eu continuar fazendo gols. Sei que fui muito feliz contra o São Paulo, mas sei que isso é normal na profissão. Coincidiu que pegamos o São Paulo na Libertadores e depois fizemos um bom jogo no primeiro turno Brasileirão (vitória do Flu por 3 a 1). Mas não guardo essas coisas, quero continuar fazendo o meu trabalho tranquilo e tenho certeza que vou fazer a torcida ficar feliz.

LNET!:Como foram as conversas com o Rogério Ceni antes de você assinar com o São Paulo? Ele costuma fazer convites para os jogadores...

W: A gente conversou muito na premiação (da CBF), mas foi uma coincidência. Falamos sobre diversos assuntos, sobre a premiação, de quem merecia, ou quem foi bem e não estava no momento sendo indicado ali na festa. E é claro que conversas sobre o São Paulo apareceram, parabenizei ele pelo título, mas não foi uma coisa direta para que eu fosse para o São Paulo. Conversamos sobre vários assuntos.

LNET!:Você batia faltas e pênaltis no Fluminense, agora espera dividir esta responsabilidade com o Rogério Ceni? Ele é o batedor oficial.

W: (risos) O Rogério é que é o dono ali no São Paulo, ele que vem batendo as faltas e os pênaltis. O direito é dele, mas é claro que, se eu tiver na luta pela artilharia, eu posso chegar nele e falar: “pô, Rogério, deixa eu bater esse aqui...” Mas é normal isso, ele vem batendo muito bem. Mas, se tiver oportunidades, vou falar com ele. E vou treinar muito também. É questão de momento.

LNET!:O Corinthians tem o Ronaldo, o Santos, o Kléber Pereira, o Palmeiras está perto de acertar com o Keirrison e o São Paulo contratou você. Como imagina esta disputa, caso ela ocorra, no Paulistão?

W: Vai ser uma briga boa. Todos são grandes jogadores, artilheiros, e ainda cito alguns jogadores do interior que vão aparecer, o Guarani tem o Amoroso, por exemplo. Tem vários times com grandes jogadores, que podem chegar. Independentemente da artilharia ou não, o Paulistão este ano vai ser disputadíssimo, com grandes estrelas. O torcedor da capital vai sair ganhando, porque será uma boa disputa.

LNET!:O São Paulo já acertou com o Junior Cesar e negocia para que o Arouca se apresente no dia 12 também. Isso, de certa forma, vai ajudar no seu entrosamento?

W: Com o Junior (Cesar) eu ainda não consegui conversar, ele estava viajando e eu também. Já falei com o Arouca, a gente é muito amigo e ele está esperando para ver se vai se apresentar agora. Além dos dois, já joguei com outros jogadores em outros clubes.

LNET!:Pelo visto você já está se sentindo em casa, está até em Brasília-DF, onde o São Paulo conquistou há um mês o tri brasileiro...

W: Exatamente, eu ando aqui e vejo muitos são-paulinos, o pessoal aqui fala bastante, eu me sinto realmente um jogador que já vem jogando pelo São Paulo. Quando as coisas acontecem desta maneira, fica bem mais fácil de se adaptar, e aí apresentar meu futebol.

LNET!:Como um jogador que está chegando ao São Paulo aproveita as férias? Ele descansa os 30 dias ou já começa a se preparar antes, para sair na frente na concorrência por uma vaga no time titular.

W: O segredo é esse. A gente tenta curtir o máximo possível, ainda mais depois do ano desgastante como eu tive no Fluminense. Mas como eu tenho essa responsabilidade de trocar de clube agora, não digo nem que tenho de chegar em forma, mas não pode chegar tão mal, para não sentir tanto quando os treinamentos começarem. Estou dando minhas corridas aqui.

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