Na tarde da última sexta-feira, o técnico Muricy Ramalho entrou em regime de concentração com o São Paulo, no CT da Barra Funda. O motivo é a partida final do Brasileiro, no qual pode se tornar tricampeão, caso consiga, no mínimo, um empate com o Goiás, no Bezerrão. Uma experiência, uma decisão de campeonato aguardada por um grande público, que viveu pela primeira vez quando tinha 14 anos. Do outro lado da rua.
Os pequeninos Colonese e Muricy, craques da equipe dente-de-leite do São Paulo, em imagem do final dos anos 60. Parceiros do futebol quando crianças, eles são amigos até hoje
Em uma manhã de sábado, em maio de 1970, Muricy também estava na Barra Funda, na mesma avenida onde seria construído o CT do Tricolor. No estádio Nicolau Alayon, o garoto são-paulino participava de um campeonato de futebol dente-de-leite, já vestindo a camisa do Tricolor Paulista. Nas acanhadas arquibancadas do Nacional, as pessoas se espremiam para ver o time do Morumbi, o melhor da competição, que tinha um verdadeiro esquadrão mirim. Atrasado para o jogo, o ex-governador Laudo Natel quase não conseguiu acompanhar a disputa, tamanha era a concorrência pelo espaço.
Valtinho com a camisa 7, Colonese, o número 9, Ministrinho, o 10, e Vitor Hugo, com a 11, formavam um time praticamente imbatível. Mas o pequeno motorzinho daquela equipe tão jovem vestia a camiseta 8 e era chamado pelos meninos de ‘Mujica’.
- O São Paulo tinha um grande time, mas o Muricy era o melhor de todos. Ele era muito habilidoso, tinha um bom passe e quase sempre era escolhido como o melhor em campo – relembra o jornalista Roberto Petri, idealizador do campeonato, que era transmitido nas tardes de sábado pela extinta TV Tupi.
As jogadas de Muricy ainda menino com a camisa do São Paulo impressionavam. E contagiavam as arquibancadas do Nicolau Alayon. Naquela partida contra o Nacional, o Tricolor, apesar de precisar somente de um empate, acabou sendo derrotado pelo time da casa, perdendo o título da competição –o gol foi marcado por Monga. Mas o revés não tirou o brilho do desempenho do camisa 8 do Morumbi, que foi eleito novamente o destaque do jogo e, por isso, ganhou uma bicicleta de presente dos patrocinadores.
Muricy aos 14 anos (o último da direita para a esquerda) posa com o time de futebol de salão do São Paulo. "Eu era bom pra caramba no salão, tinha de ver", diz ele
- Foi o meu primeiro grande público. Os jogos eram corridos, uma loucura. Era a primeira vez com um estádio tão lotado. E, naquele ano, eu ganhei umas cinco bicicletas. Com a primeira, andei um dia inteiro e não desgrudava dela. Já as outras eu passei a vender para ganhar um dinheirinho. Daí, depois dos jogos, quando chegava na escola na segunda-feira, estava cheio de moral, porque as partidas passavam na televisão – recorda-se, hoje, o não tão menino Muricy Ramalho, aos risos.
Mas não foi só Muricy que despontou como uma promessa para o futebol depois daquele campeonato de garotos. O lateral-esquerdo Wladimir, um dos símbolos da democracia corintiana, o atacante Milton Cruz, hoje auxiliar técnico do treinador são-paulino, e o ponta Toninho Vanusa, que anos depois se destacaria no Palmeiras, também foram revelados na competição.
- Os jogos eram em dois tempos de 15 minutos e nós só conseguimos o gol aos 10min do segundo tempo. O estádio estava lotado, muito cheio mesmo. Tanto que meus pais não conseguiram entrar para me ver – comenta Toninho Vanusa, que jogava no Nacional.
O rosto de menino faz lembrar o do hoje consagrado Muricy Ramalho. Mas o temperamento, segundo aqueles que participavam dos jogos do dente-de-leite, já estava moldado. E não sofreu grandes alterações com o passar dos anos.
- Ele jogava para caramba e dava muito trabalho. Quando não era correndo, era porque estava reclamando de alguma coisa. Ele não era um jogador violento, mas gostava de brigar pelo que achava que era certo. E, quando a gente levava vantagem nos jogos, ele ficava nervoso. Igualzinho agora com o São Paulo – compara Toninho.
Como há 38 anos, Muricy tem mais uma decisão pela frente. Como no dente-de-leite, um novo grande público o aguarda no Bezerrão, no Gama. Neste domingo, ele não vai ganhar nenhuma bicicleta pelo jogo. Mas o final dessa história, agora mais experimentado, pode ter um desfecho bem mais feliz.
Os pequeninos Colonese e Muricy, craques da equipe dente-de-leite do São Paulo, em imagem do final dos anos 60. Parceiros do futebol quando crianças, eles são amigos até hoje
Em uma manhã de sábado, em maio de 1970, Muricy também estava na Barra Funda, na mesma avenida onde seria construído o CT do Tricolor. No estádio Nicolau Alayon, o garoto são-paulino participava de um campeonato de futebol dente-de-leite, já vestindo a camisa do Tricolor Paulista. Nas acanhadas arquibancadas do Nacional, as pessoas se espremiam para ver o time do Morumbi, o melhor da competição, que tinha um verdadeiro esquadrão mirim. Atrasado para o jogo, o ex-governador Laudo Natel quase não conseguiu acompanhar a disputa, tamanha era a concorrência pelo espaço.
Valtinho com a camisa 7, Colonese, o número 9, Ministrinho, o 10, e Vitor Hugo, com a 11, formavam um time praticamente imbatível. Mas o pequeno motorzinho daquela equipe tão jovem vestia a camiseta 8 e era chamado pelos meninos de ‘Mujica’.
- O São Paulo tinha um grande time, mas o Muricy era o melhor de todos. Ele era muito habilidoso, tinha um bom passe e quase sempre era escolhido como o melhor em campo – relembra o jornalista Roberto Petri, idealizador do campeonato, que era transmitido nas tardes de sábado pela extinta TV Tupi.
As jogadas de Muricy ainda menino com a camisa do São Paulo impressionavam. E contagiavam as arquibancadas do Nicolau Alayon. Naquela partida contra o Nacional, o Tricolor, apesar de precisar somente de um empate, acabou sendo derrotado pelo time da casa, perdendo o título da competição –o gol foi marcado por Monga. Mas o revés não tirou o brilho do desempenho do camisa 8 do Morumbi, que foi eleito novamente o destaque do jogo e, por isso, ganhou uma bicicleta de presente dos patrocinadores.
Muricy aos 14 anos (o último da direita para a esquerda) posa com o time de futebol de salão do São Paulo. "Eu era bom pra caramba no salão, tinha de ver", diz ele
- Foi o meu primeiro grande público. Os jogos eram corridos, uma loucura. Era a primeira vez com um estádio tão lotado. E, naquele ano, eu ganhei umas cinco bicicletas. Com a primeira, andei um dia inteiro e não desgrudava dela. Já as outras eu passei a vender para ganhar um dinheirinho. Daí, depois dos jogos, quando chegava na escola na segunda-feira, estava cheio de moral, porque as partidas passavam na televisão – recorda-se, hoje, o não tão menino Muricy Ramalho, aos risos.
Mas não foi só Muricy que despontou como uma promessa para o futebol depois daquele campeonato de garotos. O lateral-esquerdo Wladimir, um dos símbolos da democracia corintiana, o atacante Milton Cruz, hoje auxiliar técnico do treinador são-paulino, e o ponta Toninho Vanusa, que anos depois se destacaria no Palmeiras, também foram revelados na competição.
- Os jogos eram em dois tempos de 15 minutos e nós só conseguimos o gol aos 10min do segundo tempo. O estádio estava lotado, muito cheio mesmo. Tanto que meus pais não conseguiram entrar para me ver – comenta Toninho Vanusa, que jogava no Nacional.
O rosto de menino faz lembrar o do hoje consagrado Muricy Ramalho. Mas o temperamento, segundo aqueles que participavam dos jogos do dente-de-leite, já estava moldado. E não sofreu grandes alterações com o passar dos anos.
- Ele jogava para caramba e dava muito trabalho. Quando não era correndo, era porque estava reclamando de alguma coisa. Ele não era um jogador violento, mas gostava de brigar pelo que achava que era certo. E, quando a gente levava vantagem nos jogos, ele ficava nervoso. Igualzinho agora com o São Paulo – compara Toninho.
Como há 38 anos, Muricy tem mais uma decisão pela frente. Como no dente-de-leite, um novo grande público o aguarda no Bezerrão, no Gama. Neste domingo, ele não vai ganhar nenhuma bicicleta pelo jogo. Mas o final dessa história, agora mais experimentado, pode ter um desfecho bem mais feliz.
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