Com mais de 30 anos de Flamengo na bagagem, o presidente Marcio Braga elegeu que sua maior decepção em 2008 pode acontecer se o São Paulo conseguir ser hexa. Essa é apenas uma das muitas opiniões emitidas pelo dirigente na entrevista exclusiva concedida durante sua visita à redação do LANCE!, no Rio de Janeiro. Ele também falou sobre as perspectivas
rubro-negras de título, o que pensa sobre o atual time, a situação de Ronaldo e as divisões de base do Flamengo.
Carlos Alberto Vieira: O Fla está disputando o título ou não?
Marcio Braga: O Flamengo tem todas as condições de ganhar. Já esteve mais bem colocado, mas se vencer todas a partidas
estará no páreo. Rodrigo Benchimol: O senhor já declarou que estava preparando a festa do hexa e depois que não acreditava mais no título.
Rodrigo Benchimol: O que o senhor pensa agora?
Marcio Braga: Continuo preparando a festa, mas com menos intensidade. Já não estou mais com o telefone do faixeiro no meu bolso. Está com a minha secretária. Quando anunciei que o Flamengo estava preparando a festa, faltavam dez partidas. Mas aí
na primeira perde para o Atlético-MG por 3 a 0 no Maracanã? Já vi o Fla com times medianos ser campeão. A camisa significa a garra, a ousadia, a determinação de ganhar. O Fla que conheço decide, vai para cima, tem arrogância, puxa a torcida para cantar, cria uma interação no Maracanã que o torna imbatível. Esse Fla não tenho visto ultimamente. Se ganharmos do Palmeiras e do Cruzeiro, voltarei a ter o telefone do faixeiro no meu bolso.
Rodrigo Mandarini: Como resgatar essa ?rubro-negrice? do jogador? Seria montar um time com reforços que conhecem o Fla?
Marcio Braga: Acho que temos uma boa equipe. Vejo Marcelinho Paraíba sendo criticado nos últimos jogos, mas foi nossa melhor contratação. Ele deu equilíbrio na frente. Estou com o Júnior, que comentou isso na TV: falta um Gaúcho, um Nunes ali na frente. Essa é a grande falta. O Obina tem seus altos e baixos e Josiel e Vandinho ainda não se firmaram. Isso faz muita falta. Ano que vem tem de se replanejar o futebol.
Rodrigo Mandarini: Não é o caso de os jogadores verem vídeos da década de 80 para saberem o que é o Fla?
Marcio Braga: Esses filmes são passados na concentração pelo Isaías Tinoco (gerente de futebol). Não é por aí a argumenta ção. O que me parece nesse time é que ele talvez se iniba com a torcida, com 80 mil no Maracanã. Já ouvi comentário de que o Fla fica nervoso e que joga melhor fora. Não dá para compreender. Se pegar um juvenil e botar com a camisa numa decisão, ele joga como se fosse pelada de rua. Se pegar o craque consagrado e com alto salário, ele treme. Basicamente, time tem de ser feito em casa. Em 92, o time penta era campeão desde juvenil. Falava com Paulo Dantas, que era meu vice: "tira o Vanderlei Luxemburgo e põe o Carlinhos". Aí fomos campeões com a base: Marcelinho, Marquinhos, Júnior, Piá, Djalminha...
Carlos Alberto: Mas hoje o Fla tem uma base confiável para isso?
Marcio Braga: Temos bons jogadores. Conseguimos um tri nos juniores, mas as necessidades financeiras levam um ou outro para fora para equilibrar o orçamento. Hoje, só vejo três clubes com política de venda de jogadores correta: o Atlético-PR, que completou e fez seu estádio com a venda de jogadores; o Cruzeiro, que ensina até inglês; e o São Paulo, que fez um segundo CT visando à exportação. O Fla nem tem CT. O que fizemos foi vendendo pulseirinhas. Ainda faltam R$ 25 milhões para terminar o Ninho do Urubu.
Rodrigo Benchimol: Como o senhor vê a possibilidade de o São Paulo ser o primeiro hexa? E como está a questão do reconhecimento do título brasileiro de 87?
Marcio Braga: Se eu fiz algum pronunciamento representando a minha decepção foi exatamente quando o São Paulo estava atrás do Fla em um ponto e passou a nossa frente. Não poderia ter deixado passar. O São Paulo é o clube mais forte do Brasil na atualidade: é o mais equilibrado administrativa e financeiramente, tem dois CTs, tem receitas tão importantes como as do Fla e mais as do seu estádio, tem política de venda de jogador. Então é o clube mais perigoso. Além disso, o São Paulo tem um time basicamente feito na base. Demorou 15 anos para ser penta e agora, possivelmente, será hexa. É um desastre para a história do Fla. É decepcionante para mim. Eu quero que o Fla seja o hexa, porque estamos sempre na frente, somos o maior clube do país e um dos maiores do mundo. Mas parece que vamos ver o São Paulo. Sobre o título de 87, depende da CBF decidir. O Fla é o campeão de fato e de direito. O falecido Nabi Abi Chedid (vice-presidente da CBF na época) escreveu que o Sport é campeão e isso persiste até hoje. É uma iniqüidade, uma ilegalidade que ele cometeu. O Fla foi o campeão em campo e na Justiça Desportiva. São coisas que só acontecem no futebol brasileiro e que só a CBF pode resolver.
Carlos Alberto: Se pudesse, qual seria o erro cometido em 2008 que o senhor gostaria de mudar?
Marcio Braga: Acho que acerto tanto (risos). Mas em algum lugar errei...
Mandarini: Na saída do Joel?
Marcio Braga: Ele recebeu uma proposta irrecusável. Não tinha jeito.
Benchimol: No distrato com a Nike?
Marcio Braga: Acho que chegou tarde demais. Deveria até ter sido feito antes. Talvez tenha sido esse o erro: ter esperado tanto. Ela é a pior companhia que já vi em 30 anos de Fla. Ela deve muito ao Flamengo.
rubro-negras de título, o que pensa sobre o atual time, a situação de Ronaldo e as divisões de base do Flamengo.
Carlos Alberto Vieira: O Fla está disputando o título ou não?
Marcio Braga: O Flamengo tem todas as condições de ganhar. Já esteve mais bem colocado, mas se vencer todas a partidas
estará no páreo. Rodrigo Benchimol: O senhor já declarou que estava preparando a festa do hexa e depois que não acreditava mais no título.
Rodrigo Benchimol: O que o senhor pensa agora?
Marcio Braga: Continuo preparando a festa, mas com menos intensidade. Já não estou mais com o telefone do faixeiro no meu bolso. Está com a minha secretária. Quando anunciei que o Flamengo estava preparando a festa, faltavam dez partidas. Mas aí
na primeira perde para o Atlético-MG por 3 a 0 no Maracanã? Já vi o Fla com times medianos ser campeão. A camisa significa a garra, a ousadia, a determinação de ganhar. O Fla que conheço decide, vai para cima, tem arrogância, puxa a torcida para cantar, cria uma interação no Maracanã que o torna imbatível. Esse Fla não tenho visto ultimamente. Se ganharmos do Palmeiras e do Cruzeiro, voltarei a ter o telefone do faixeiro no meu bolso.
Rodrigo Mandarini: Como resgatar essa ?rubro-negrice? do jogador? Seria montar um time com reforços que conhecem o Fla?
Marcio Braga: Acho que temos uma boa equipe. Vejo Marcelinho Paraíba sendo criticado nos últimos jogos, mas foi nossa melhor contratação. Ele deu equilíbrio na frente. Estou com o Júnior, que comentou isso na TV: falta um Gaúcho, um Nunes ali na frente. Essa é a grande falta. O Obina tem seus altos e baixos e Josiel e Vandinho ainda não se firmaram. Isso faz muita falta. Ano que vem tem de se replanejar o futebol.
Rodrigo Mandarini: Não é o caso de os jogadores verem vídeos da década de 80 para saberem o que é o Fla?
Marcio Braga: Esses filmes são passados na concentração pelo Isaías Tinoco (gerente de futebol). Não é por aí a argumenta ção. O que me parece nesse time é que ele talvez se iniba com a torcida, com 80 mil no Maracanã. Já ouvi comentário de que o Fla fica nervoso e que joga melhor fora. Não dá para compreender. Se pegar um juvenil e botar com a camisa numa decisão, ele joga como se fosse pelada de rua. Se pegar o craque consagrado e com alto salário, ele treme. Basicamente, time tem de ser feito em casa. Em 92, o time penta era campeão desde juvenil. Falava com Paulo Dantas, que era meu vice: "tira o Vanderlei Luxemburgo e põe o Carlinhos". Aí fomos campeões com a base: Marcelinho, Marquinhos, Júnior, Piá, Djalminha...
Carlos Alberto: Mas hoje o Fla tem uma base confiável para isso?
Marcio Braga: Temos bons jogadores. Conseguimos um tri nos juniores, mas as necessidades financeiras levam um ou outro para fora para equilibrar o orçamento. Hoje, só vejo três clubes com política de venda de jogadores correta: o Atlético-PR, que completou e fez seu estádio com a venda de jogadores; o Cruzeiro, que ensina até inglês; e o São Paulo, que fez um segundo CT visando à exportação. O Fla nem tem CT. O que fizemos foi vendendo pulseirinhas. Ainda faltam R$ 25 milhões para terminar o Ninho do Urubu.
Rodrigo Benchimol: Como o senhor vê a possibilidade de o São Paulo ser o primeiro hexa? E como está a questão do reconhecimento do título brasileiro de 87?
Marcio Braga: Se eu fiz algum pronunciamento representando a minha decepção foi exatamente quando o São Paulo estava atrás do Fla em um ponto e passou a nossa frente. Não poderia ter deixado passar. O São Paulo é o clube mais forte do Brasil na atualidade: é o mais equilibrado administrativa e financeiramente, tem dois CTs, tem receitas tão importantes como as do Fla e mais as do seu estádio, tem política de venda de jogador. Então é o clube mais perigoso. Além disso, o São Paulo tem um time basicamente feito na base. Demorou 15 anos para ser penta e agora, possivelmente, será hexa. É um desastre para a história do Fla. É decepcionante para mim. Eu quero que o Fla seja o hexa, porque estamos sempre na frente, somos o maior clube do país e um dos maiores do mundo. Mas parece que vamos ver o São Paulo. Sobre o título de 87, depende da CBF decidir. O Fla é o campeão de fato e de direito. O falecido Nabi Abi Chedid (vice-presidente da CBF na época) escreveu que o Sport é campeão e isso persiste até hoje. É uma iniqüidade, uma ilegalidade que ele cometeu. O Fla foi o campeão em campo e na Justiça Desportiva. São coisas que só acontecem no futebol brasileiro e que só a CBF pode resolver.
Carlos Alberto: Se pudesse, qual seria o erro cometido em 2008 que o senhor gostaria de mudar?
Marcio Braga: Acho que acerto tanto (risos). Mas em algum lugar errei...
Mandarini: Na saída do Joel?
Marcio Braga: Ele recebeu uma proposta irrecusável. Não tinha jeito.
Benchimol: No distrato com a Nike?
Marcio Braga: Acho que chegou tarde demais. Deveria até ter sido feito antes. Talvez tenha sido esse o erro: ter esperado tanto. Ela é a pior companhia que já vi em 30 anos de Fla. Ela deve muito ao Flamengo.
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