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Você se lembra do jogo em que realmente se tornou são paulino?

Eu me lembro! Dia 25 de fevereiro de 1987…

Desde meus cinco anos de idade ia aos estádios junto com meu pai. Mas naquela reta final de Campeonato Brasileiro descobri o que era ter um coração de cinco pontas. E um dos grandes responsáveis por essa descoberta foi um cara chamado Antonio de Oliveira Filho. Para nós tricolores somente Careca!

Naquele campeonato Brasileiro de 1986 ele fez gol de tudo quanto é jeito. Impossível esquecer do gol contra o Fluminense nas quartas de final, quando ele recebeu a cobrança de lateral e chutou. A bola bateu nas três traves, isso mesmo nas três: mas quando o cara é artilheiro os deuses do futebol ajudam e mandam ela pra dentro do gol. Foi o que aconteceu e Careca ajudou na vitória por 2×0.

Fui ao Morumbi na semifinal. O adversário era o América do Rio de Janeiro, sim esse mesmo que teve o Romário no fim de carreira e que é o time de coração do José Trajano. E que trabalho deu o time Carioca.

No Morumbi vencemos por 1×0 e fomos para o Rio enfrentar um Maracanã lotado de torcedores de todos os times cariocas. Era Rio contra o São Paulo!

Empate em 1×1 e segundo o próprio Careca um dos gols mais bonitos dele com o manto sagrado em três cores. Bate rebate dentro da área, a bola sobra para ele na linha da pequena área. O goleiro fecha o ângulo, mas com a frieza que todo matador tem, Careca dá uma cavadinha por cima do arqueiro carioca. O zagueiro americano tenta tirar e a bola não chega nem a tocar as redes do maior estádio do mundo. Mas o juiz aponta o centro do campo e valida o gol que nos levaria para a grande decisão.

Pela primeira vez tive a oportunidade de estar no Morumbi em uma decisão. As ruas tomadas pelas três cores mais gloriosas do futebol nacional. Dentro do estádio um pequeno espaço reservado para a torcida do bugre campineiro. Sim, quis o destino que a grande decisão fosse contra o time que revelou Careca para o futebol nacional.

O Guarani tinha um plantel de jovens promissores: Ricardo Rocha, Boiadeiro, João Paulo e Evair eram os destaques do time. E como deu trabalho o tal Guarani. No Morumbi jogo tenso, Evair fez 1×0 para o time de Campinas, mas Careca não podia deixar o campo sem guardar o dele. Em rebote após chute de Müller, Careca mandou para o gol e empatou o jogo.

Em Campinas, clima totalmente adverso: estádio cheio, muita pressão e o Guarani jogando muita bola. E pra piorar as coisas eles abriram o placar logo no início da partida com um gol contra do nosso lateral esquerdo Nelsinho. Mas ainda antes dos 10 minutos de jogo o tricolor empatou com Bernardo que completou de cabeça, escanteio cobrado por Pita.

Com o jogo terminando empatado em 1×1 teríamos prorrogação. E foi o que aconteceu…

Início da prorrogação e Pita faz 2×1 pro São Paulo. E para quem acha que a emoção acabou com o nosso gol, está completamente enganado. Ainda no primeiro tempo da prorrogação Boiadeiro empatou para os campineiros e no início do segundo tempo João Paulo faz 3×2 para o Guarani. Festa em verde e branco e o Bi Campeonato Brasileiro muito próximo.

Mas pera ai: um jogo com 5 gols e nenhum deles marcado por Careca. Tem coisa errada ai não tem? Final de campeonato, parecendo uma mega produção de Hollywood, mas sem gol do artilheiro da competição?

E esse que vos escreve já estava sentado no chão da sala pensando no pior. No ano anterior comecei a entender a importância que o futebol tinha na minha vida. Vi a seleção brasileira ser eliminada da Copa do Mundo pela França em um jogo todo cheio de reviravoltas e chorei pela primeira vez por causa de futebol.

O filme da Copa do Mundo de 1986 já estava vivo em minha cabeça de um garoto de 6 anos. Meu pai já me mandava ir dormir: não queria que o filho tivesse a decepção e ficasse tão triste como ele estava naquele momento. Mas mesmo com minha pouca idade, já sabia que tinha que acompanhar meu tricolor até o fim, na vitória e na derrota.

Já eram 14 minutos do segundo tempo da prorrogação e o tricolor tinha um tiro de meta ao seu favor. Gilmar bateu tiro de meta para Vagner que deu um chutão pra frente , Pita resvalou para trás e a bola sobrou para ele Careca, que com a frieza do matador fuzilou o gol de Sergio Neri. Meu pai me jogava para o alto e comemorava o gol que levaria a decisão do título para os pênaltis.

Sim, depois de tudo isso ainda teríamos decisão nas penalidades máximas. Boiadeiro errou o primeiro para o Guarani e Careca também perdeu para o São Paulo. Não, os deuses do futebol não podiam fazer isso com meu primeiro ídolo tricolor. E não fizeram: João Paulo, o craque bugrino no campeonato chutou por cima do gol e ninguém mais errou para o Tricolor.

Tudo isso pra falar do meu primeiro ídolo. O cara que me fez entender o amor que sinto pelo nosso São Paulo. Ele fez 115 gols em 191 jogos pelo tricolor. Foi para o Napoli, time que passei a torcer na Itália para ver o meu ídolo jogar. Lá, junto com Maradona, fez de um time pequeno um dos grandes da Europa.

Voltou para o Brasil mas nunca mais foi aquele Careca que me fez entender o que era ser são paulino. Aliás pra quem ainda não viu o filme Soberano, a parte mais emocionante é sem dúvida o título de 86.

Valeu Careca! Como nosso tricolor precisa atualmente de um matador como você. Daqueles que sabe fazer golaços, mas quando tem que mandar de bico não tem a menor vergonha. Que você inspire nossos centroavantes nesse ano que promete ser cheio de emoções para nós…
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