Até parecia que era o São Paulo que havia vencido a Copa do Brasil. E o Palmeiras era o time que precisava se recuperar. O clássico em Barueri foi uma decepção para o lado tricolor. A estreia de Ney Franco não impediu a velha desorganização e inacreditável apatia. O São Paulo foi dominado em quase toda a partida. E não teve raciocínio para explorar o fato de ter um jogador a mais desde os oito minutos do segundo tempo. Luiz Felipe Scolari havia avisado que estava preocupado com o fato de seu time ter sido campeão quarta-feira. Festejado até além da conta durante a quinta-feira. A esperada ressaca não apareceu. Seus jogadores entraram de uma maneira vibrante, decidida em campo. A conquista do título trouxe confiança. E partiu para cima do São Paulo desde o começo do jogo. Surpreendidos com a postura agressiva do adversários, os atletas do São Paulo se encolheram. Tomaram uma pressão inesperada. E pareciam que sofreriam o gol. Mas marcaram. Em uma cobrança de falta da intermediária, Jadson cobrou para a área. Luís Fabiano se aproveitou da desatenção da zaga e, sozinho, tocou para as redes de Bruno. 1 a 0 para o São Paulo. Nem o gol animou a equipe de Ney Franco. O Palmeiras ganhava de maneira muito fácil a batalha nas intermediárias. E parecia ter sede de vitória. Casemiro, Cícero e Jadson estavam muito encolhidos. Mesmo assim, Valdívia fazia o que queria. Mazinho e Betinho atormentavam a defesa e obrigaram Denis a trabalhar muito. O goleiro fez uma espetacular intervenção em uma cabeçada fulminante de Mauricio Ramos. O jogo estava tão ao jeito do Palmeiras que, quando o mesmo zagueiro se machucou, Felipão foi contra a sua natureza. Colocou Maikon Leite no intervalo. E o Palmeiras voltou com três atacantes. O São Paulo ficou acuado e só tentando esporádicos contragolpes. Em um deles, Henrique foi infantil e deu um carrinho no lateral Douglas na intermediária. Tomou o cartão vermelho. A partir dos oito minutos do segundo tempo, o São Paulo tinha a vantagem no placar. E um homem a mais. Só que faltou personalidade para o time e imaginação para Ney Franco. A superioridade verde continuou. E Valdívia foi esperto e cavou o pênalti em entrada descuidada do estreante Rafael Toloi. O meia quis esnobar, tomou pouca distância. E cobrou no meio do gol, facilitando o trabalho de Denis que se adiantou e defendeu. Houve também invasão da área por parte de Casemiro, mas o árbitro Péricles Bassols não percebeu a irregularidade. O Palmeiras foi prejudicado. Mas a justiça veio aos 36 minutos. Mazinho obrigou Denis a outra grande defesa, a bola sobrou para Leandro Amaro. Ele tocou a bola de volta para a pequena área e Mazinho, aí sim, empatou. O Palmeiras continuou tentando a virada. Mas foi o São Paulo quem jogou fora a vitória. Rodrigo Caio ia se aproveitando de um cochilo da zaga palmeirense. E livre dentro da pequena área teve a coragem de perder o gol cabeceando para fora. O empate foi pouco para o Palmeiras. Mas o jogo deixou claro duas realidades distintas. O título da Copa do Brasil fez muito bem ao time de Felipão. Ganhou confiança e amor próprio. Já o São Paulo contratou um ótimo treinador, Ney Franco. Mas continua apático, desinteressado, sem vibração. É a falta crônica de um líder em campo. Alguém com raiva, com gana e que não aceite ser dominado pelo adversário. Talvez Rogério Ceni que volte no final do mês resolva a situação. Ela está muito complicada. Time sem sangue, sem vibração, sem coração... {cosme}