
Em evento, presidente do São Paulo lembrou postura adotada com treinadores
Foto: Reinaldo Marques/Terra
A assessoria de imprensa do São Paulo havia prometido nesta terça-feira que o presidente do clube, Juvenal Juvêncio, responderia a perguntas de jornalistas por dez minutos na sala de imprensa do Estádio do Morumbi. Mas Juvenal, que foi à arena para anunciar reformas estruturais nas dependências, mudou os planos: ao longo de 14 minutos, o dirigente máximo do clube falou aos repórteres presentes quase sem interrupções, alternando a exaltação no discurso e o bom humor. Ao fim, recebeu até aplausos.
Juvenal chegou ao local para falar das obras, mas logo passou a falar sobre reforços. Deixou transparecer ainda algum ressentimento com as críticas que recebeu ao longo de 2011, em especial por conta das contratações de jogadores e pelos nomes que apostou para ocupar o cargo de técnico do time. E não se mostrou arrependido de assinar como Adilson Batista ou Emerson Leão sem multa de rescisão contratual.
"Eu dizia hoje para o Laudo Natel (ex-presidente do clube e ex-governador de São Paulo): às vezes não gostam da gente, e eu me pergunto o porquê", disse. "Às vezes a pessoa não gosta disso, por que só o São Paulo faz contrato sem multa. Por que o São Paulo faz sem multa? Os outros poderão fazê-lo. Não pode ficar com raiva de mim, tem que ficar daqueles que fazem (com multa). Quantos técnicos queriam ir embora, e seus presidentes não podiam mandá-los porque não queriam pagar a multa?", dissertou, citando os defeitos que detectou no próprio São Paulo e no futebol como um todo.
"Essas coisas não são agradáveis, mas nós não estamos aqui para falar as coisas agradáveis. Então, está na hora de mudar. Não é só técnico. São os jogadores. Os jogadores ganham muito. São promovidos, vêm de clubes menores, ganham salário absolutamente desproporcional - e eu falo isso - à economia do País. Ou não é verdade? Quanto ganha um médico neste país? Compra um carro que atravessa a rua, são endeusados, e as moçoilas... Aí você paga o salário, alimentação é balanceada, o medico é da melhor qualidade, a bola, o gramado e não sei o quê... Vai em campo e a bola não entra", completou - desta vez, em menção a jogadores que não correspondem aos investimentos feitos.
Com a fala muitas vezes pausada, Juvenal Juvêncio mostrou-se também chateado com as críticas que recebe pelo desempenho do time, e lembrou que encabeçou o clube em momentos de conquistas importantes - era, por exemplo, diretor de futebol na Libertadores e no Mundial de 2005, e já era presidente nos títulos brasileiros de 2006, 2007 e 2008. Delegando em causa própria, garantiu agregar conhecimento ao clube.
"Eu ouço ali: 'o Juvenal deve estar cansado, um pouco ultrapassado'. Quando o Juvenal ganhava uns campeonatos, o Juvenal até que melhorou (o clube). Eu conheço isso, eu conheço essas coisas. Essas coisas não me impressionam. Essas coisas existem, é futebol brasileiro", disse o presidente tricolor, reconhecendo o momento de excepcional sinceridade.
"Eu vou dizer para vocês (jornalistas) porque não falo muito: eu falo coisas que não podem se falar, esse é que é o problema. Isso eu não falo, de ganhar. Isso eu não falo. É difícil para mim, falar. Mas eu queria agradecer, pedir desculpas por vocês me aturarem esse tempo. Àqueles que dizem que eu desaprendi, não é verdade. Eu sei bastante, conheço esse negócio."