Choques na cabeça: médicos apontam perigo de tragédia em campo

Fonte Gazeta Esportiva
O futebol está novamente em estado de alerta. No intervalo de apenas um mês, ídolos como o marfinense Didier Drogba e o corintiano Alex, além de desconhecidos como o jovem Fabiano, zagueiro do time sub-20 do São Paulo, sofreram problemas bem semelhantes que assustaram o mundo do esporte: fortes pancadas na cabeça. Os casos proporcionam, na maioria das vezes, desmaios e até concussões cerebrais, o chamado Traumatismo Crânioencefálico (TCE), tema de uma discussão antiga fora das quatro linhas.
Nas ocorrências noticiadas recentemente, as concussões foram consideradas leves, mesmo com algumas imagens assustadoras. Em virtude dos choques, os atletas foram levados ao hospital e acabaram liberados depois de exames que não apresentaram lesões graves. Porém, médicos alertam que o futebol não está livre de um futuro caso que pode ser trágico em função do TCE.
"Sem dúvida é possível ocorrer algo mais grave, existe esse risco, é um traumatismo craniano, o atleta pode ter uma convulsão, entrar até em coma dependendo da energia e da localização da pancada", comenta o médico do Palmeiras, Vinícius Martins. "Tudo é possível com a velocidade com que os jogadores atuam hoje em dia, pode haver um impacto mais forte, por exemplo, contra a trave", concorda Márcia Lorena Chave, integrante da Academia Brasileira de Neurologia.
Fernando Dantas/Gazeta Press

As concussões são classificadas em leves, moderadas e graves. Cerca de 70% das ocorrências apresentam uma intensidade menor, situação que até a década de 90 era pouco valorizada. Ainda assim, os especialistas apontam que esses casos também trazem problemas no futuro.
"Um estudo feito pela Universidade de Londres acompanhou pessoas que tiveram concussões leves. O resultado mostrou que, mesmo depois de um ano, havia uma porcentagem de pessoas com comprometimentos na questão comportamental, ou com impacto na vida cotidiana, com perda de memória e dificuldade no trabalho", alerta Márcia Lorena Chave.
Durante a American Orthopaedic Society for Sports Medicine de 2008, médicos alegaram que jogadores de futebol vítimas de TCE perderam até poder de reação e velocidade em campo. Por fim, o estudo reforçou uma teoria: os reflexos das pancadas na cabeça em atletas do sexo feminino foram maiores.
Em Portugal, o ortopedista Francisco Santos Silva criou um site em que discute todas as lesões relacionadas ao esporte e escreveu um artigo apenas sobre a questão da concussão cerebral. Em um dos alertas, o médico lembra que o problema pode aparecer até sem desmaios. Portanto, é importante ficar atento aos sintomas.
"Muitos atletas, com bastante frequência e sem darem a devida importância, referem apenas experimentar um zumbido nos ouvidos na sequência de uma pancada na cabeça, mas obviamente sem saberem que esse sintoma é precisamente um dos mais consistentes com a concussão", descreve o especialista europeu.
Mesmo com a sequência de lesões, a ordem entre os atletas é rejeitar um sentimento de receio nas disputas mais ríspidas em campo. "Não assusta. Se estamos neste meio de contato, temos de saber que estamos sujeitos a isso. Ficamos um pouco preocupados, mas a estrutura e os médicos do estádio estão ajudando os jogadores a saírem de lá o mais rápido possível, com todo o tratamento necessário. Nunca aconteceu comigo e espero que não aconteça", torce o volante Chico, do Palmeiras.
Alternativas - Scott Delaney, professor de medicina esportiva da Universidade de McGill, no Canadá, é um dos defensores do uso de capacetes no futebol pelo número de concussões semelhantes ao futebol americano e ao hóquei, esportes que permitem contato brusco. Em uma análise feita em adolescentes, foi constatada a diminuição do TCE pela metade naqueles que usaram o objeto.
Na Inglaterra, o goleiro tcheco Petr Cech utiliza há mais de quatro anos um capacete projetado e construído por uma empresa especializada em materiais de rúgbi. No Brasil, o arqueiro Fábio, do Cruzeiro, apelou a artifício parecido nos recentes jogos contra o América-MG e Coritiba depois de sofrer um choque em dividida com Carlinhos, do Fluminense. E avisa que vai continuar com o objeto até recuperar a confiança.
"A proteção existe, é algo funcional, mas complicado, pois não faz parte da regra do futebol, diferente do futebol americano", compara Vinícius Martins. "A proteção sempre ajuda, mas tenho a impressão de que complica para a execução do esporte. Devemos ver com que frequência esses casos ocorrem. Neste mês aconteceu de forma mais agrupada, mas normalmente o índice não é grande", emenda Márcia Lorena Chave.
Mesmo com os recentes sustos, os esportes não aparecem no topo da lista das causas de TCE. A neurologista Márcia Lorena Chave aponta que os maiores índices de concussões ocorrem em acidentes de carro e de trabalho, além de atos de violência urbana.
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