Adílson, ex-zagueiro e atual técnico do sub-13 do São Paulo, compartilha sua abordagem única na formação de jovens atletas. Ao contrário de muitos treinadores que se concentram em táticas desde cedo, Adílson opta por priorizar a técnica. Em suas palavras, "No sub-13, eu não faço nenhum tipo de tática, mas faço muito trabalho técnico. Deixo jogar futebol." Sua filosofia se inspira em renomados treinadores como Telê Santana e Cilinho, que também enfatizavam a importância da habilidade técnica.
Durante sua carreira como jogador, Adílson era conhecido por seu estilo de jogo que valorizava a posse de bola e a precisão, evitando chutões. Ele aplica essa mesma mentalidade ao trabalhar com as crianças, incentivando-as a explorar suas habilidades em campo, mesmo permitindo dribles ousados, desde que o objetivo final permaneça o gol. "Se vocês quiserem dar um chapéu, dar um boné, façam!" explica Adílson, revelando seu desejo de promover a criatividade entre os jovens jogadores.
Cilinho, uma de suas maiores inspirações, foi responsável por formar várias estrelas no São Paulo, incluindo jogadores que se destacaram na época como o time conhecido como "Menudos do Morumbi". Adílson lembra com carinho dos métodos inovadores de treinamento de Cilinho, como o uso de diferentes tamanhos de bolas para facilitar o domínio e aumentar a confiança dos jogadores. Ele acredita que a educação e o comportamento dos atletas também são fundamentais: "No meu treino não tem palavrão, não gosto de palavrão, porque eu acho que o palavrão traz coisas ruins para o grupo." Essa postura já mostrou resultados positivos em casa, conforme relataram os pais dos jogadores.
Como jogador, Adílson conquistou oito títulos pelo São Paulo, incluindo a Copa do Mundo de 1992 e a Copa Libertadores nas edições de 1992 e 1993. Foi também um dos poucos a ter mais de 50 partidas consecutivas como titular. Contudo, sua saída do clube não foi das melhores. Ele relata que após sua boa fase, uma proposta tentadora do Gamba Osaka, do Japão, esbarrou na resistência da diretoria do São Paulo, o que lhe trouxe algumas mágoas. "Eles me prejudicaram nesse sentido", reflete Adílson sobre a sua saída e o contrato que teve que renovar por um período menor para a disputa da Libertadores a pedido de Telê.
Embora tenha sonhado em jogar fora do Brasil, o ex-zagueiro acabou encerrando sua carreira sem ter essa experiência. Tentativas de transferências para Portugal e para o Paris Saint-Germain, onde Raí, seu ex-companheiro de equipe, o recomendou, não se concretizaram devido a obstáculos diversos. "Acredito que faltou esse pedaço, mas mágoas jamais", comenta sobre sua trajetória.
A mágica de Adílson está em sua capacidade de moldar não apenas atletas, mas também cidadãos conscientes. Com uma nova geração de jogadores sob sua tutela, ele espera deixar um legado que vai além da técnica e das táticas, mas que valoriza o caráter e as lições de vida que o esporte pode proporcionar.