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Juvenal Juvêncio: o presidente que não tem medo

Reservado, Juvenal Juvêncio defende o São Paulo com vitalidade e não se intimida frente aos desafetos que ousam prejudicar o clube de coração

Juvenal Juvêncio é um senhor de poucas palavras. É definido como reservado e até tímido por pessoas próximas. Ele prefere muito mais ouvir do que falar, mas quando solta a voz o efeito é tão devastador quanto de um Tsunami.

O presidente do São Paulo não tem papas na língua, defende o clube que comanda há quatro anos baseado em suas convicções, nem que para isso crie inimizades ou, em casos extremos, inimigos declarados.

Todos os seus movimentos são calculados com muita calma antes de serem executados. Advogado de formação, Juvenal aplica no futebol o que aprendeu ao longo dos seus 75 anos de vida.

Natural de Santa Rosa do Viterbo, cidade a 310 quilômetros de São Paulo, ele também sabe fazer política. Foi deputado estadual e presidente do Cecap (Companhia Estadual de Casas Populares), atual CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), no governo de Laudo Natel, que também foi presi.dente do Tricolor entre 1956 e 1972.

“Ele usa uma citação que nós aprendemos com o ex-governador Laudo Natel: você é senhor do que ouve e escravo do que fala”, conta o diretor de futebol João Paulo de Jesus Lopes, que conhece Juvenal há 40 anos. “Não que ele conheça futebol mais do que os outros dirigentes. Mas o Juvenal é um homem de gestão, ele sabe administrar como poucos”, elogia Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol e ex-genro de Juvenal.

O maior defeito é ser teimoso. Por isso, quando julga ter razão em um assunto, bate o pé. Só reconhece que está errado depois de ouvir argumentos convincentes. Juvenal dificilmente esquece quem lhe faz mal, costuma ser rancoroso. “Mas nunca leva para o lado pessoal. Ele é sempre cordial”, defende João Paulo.

dezembro de 2008, quando o dirigente enviou à CBF denúncia de um suposto esquema de favorecimento ao São Paulo contra o Goiás, pela última rodada do Brasileirão. O árbitro Vagner Tardelli foi afastado do jogo na véspera do confronto em Brasília em um episódio que ficou conhecido como “caso Madonna”, porque, segundo Del Nero, Juvenal teria enviado ao árbitro ingressos do show da cantora no Morumbi.

Os dois até conversam em eventos em que se encontram, como recentemente no lançamento do livro de Aldo Rabello, “Palmeiras x Corinthians 1945”, no Museu do Futebol, mas há poucas chances de reconciliação.

A relação também não é muito amistosa com o presidente do Corinthians, Andres Sanches, com quem já bateu boca publicamente em algumas oportunidades, nem com o do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo. Há ainda a polêmica interminável com o Flamengo pela Taça das Bolinhas. Os opositores acusam Juvenal de ser arrogante. Dizem que ele só prejudica o São Paulo ao brigar com todo mundo. O prejuízo, defendem, é do clube, que não é dele e sim dos são-paulinos.

Juvenal não liga. Alega estar defendendo os interesses do São Paulo, mesmo que, para isso, sofra retaliações. Recentemente, o dirigente comprou briga com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ao apoiar Fábio Koff contra Kléber Leite, candidato de Teixeira, na eleição do Clube dos 13.

Ao ver Leite derrotado, o mandatário da CBF golpeou o ponto fraco de Juvenal: o Morumbi. Ninguém tira da cabeça de Juvenal que a notícia do veto da Fifa ao estádio para a Copa de 2014 foi arquitetada por Teixeira, que é também presidente do Comitê Organizador.

Ele bateu de frente com a Fifa pelo mesmo motivo. Juvenal custou a aceitar todas as exigências do secretário-geral da entidade, Jérome Valcke, para o Morumbi ter condições de abrigar o jogo de abertura. E não deu o braço a torcer até ser convencido de que precisava contratar uma empresa especializada no assunto (GMP) para cuidar do projeto, sem que tivesse falhas.

Agora, dentro do clube, já há pessoas duvidando de que o estádio será escolhido para o jogo inaugural - o Maracanã abrigaria abertura e final -, mas ninguém tem dúvida de que o Morumbi vai ser o estádio da cidade de São Paulo na Copa de 2014. Tudo por causa da dedicação de Juvenal.

Hoje, afastado há algum tempo do seu escritório de advocacia, Juvenal respira o clube praticamente 24 horas por dia. “A disposição dele impressiona”, comenta João Paulo. “É capaz de ficar despachando coisas até tarde no Morumbi e, no dia seguinte bem cedo, já está de pé indo para Cotia (no Centro de Formação de Atletas), ou ao CT (na Barra Funda)”, completa o diretor, acrescentando que ninguém acompanha o pique do presidente.

Ele cuida do patrimônio do clube com o mesmo apreço que tem com sua fazenda em Santa Rosa do Viterbo. “É quase uma obsessão. Você não vê uma lâmpada queimada. Tudo é um brinco”, brinca João Paulo. A fazenda é também o recanto de reflexão. Sempre que precisa tomar uma decisão importante, viaja para sua cidade natal. “Fica lá dois, três dias e aí volta com tudo definido”, comenta Marco Aurélio Cunha.

Em episódios como esse é que aparece o lado excêntrico de Juvenal. Alguns jogadores que passaram pelo clube contam, pedindo obviamente que seus nomes sejam preservados, que muitas vezes o dirigente, depois de uma vitória em jogo importante, entrava no vestiário com dinheiro vivo para dar ao grupo, o chamado bicho.

Juvenal também tem outras passagens que o transformam em um personagem caricato. A começar pelo sotaque carregado, “como se Santa Rosa do Viterbo fosse no Rio de Janeiro”, brinca João Paulo. Uma vez, em meados da década de 1980, quando era diretor de futebol do presidente Carlos Miguel Aidar, depois de mais um pedido de demissão do então técnico Cilinho, Juvenal fez o treinador entrar em seu Chevrolet Caravan ouro e ficou dando voltas nos arredores do estádio do Morumbi até convencê-lo de que não deveria deixar o clube. E conseguiu segurar Cilinho.

A relação com os treinadores sempre foi um capítulo à parte na gestão de Juvenal. E isso antes mesmo de ele se tornar presidente em 2006.Dois anos antes, ao assumir o comando do Tricolor, Emerson Leão exigiu dos seguranças do clube que ele fosse avisado sempre que alguém entrasse no CT da Barra Funda.

Ao saber disso, Juvenal, na época diretor de futebol de Marcelo Portugal Gouvêa, desfez a ordem e pediu ainda que fosse avisado de todos os convidados que o técnico levava ao CT. Leão deixou o São Paulo reclamando que “era impossível mandar alguma coisa” com Juvenal Juvêncio por lá

E o presidente é assim mesmo. Não permite muita interferência em seu trabalho. Claro que escuta, e muito, os conselhos de seus pares, mas, quando precisa tomar uma decisão, o faz sozinho. Com mão de ferro, é hoje um dos dirigentes mais respeitados do futebol brasileiro.

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