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Faltou uma Copa do Mundo: Chato vencedor, Rafinha ri, chora e abre o coração sobre a carreira

Perto do adeus, lateral de 39 anos detalha mágoa com Tite, explica recusa à seleção alemã, fala do amor pelo São Paulo e faz revelações do Flamengo de Jorge Jesus: "Sabia que ia ganhar"

Rafinha chega acelerado no espaço anexo à sala de imprensa do São Paulo. Não era pressa — tanto que ficou por mais de duas horas sentado e com disposição para falar de tudo —, mas é o jeitão intenso do paranaense de Londrina. Caçula de sete irmãos, o Rafinha que leva "bonde" de 20 amigos para os jogos vive os últimos dias de uma trajetória que começou no salão em sua cidade.

Aos 39 anos, com desejo de jogar o máximo de quatro meses em 2025, Rafinha já olha para o futuro: também quer ser treinador. Não descarta se juntar ao amigo Filipe Luís, ex-companheiro de Flamengo, mas revela convites de Jorge Jesus e de outros companheiros da vitoriosa passagem alemã.

Ao Abre Aspas, do ge, lembrou do primeiro contrato de R$ 700 — e da emoção da mãe ao saber do valor para aquele guri então de cabelos cacheados —, foi franco sobre a zoeira com os brasileiros no Bayern depois do 7 a 1 e saiu do sério mesmo quando falou das denúncias de John Textor, que o tinha como um dos potenciais acusados. Próximo ao adeus dos gramados, vai levar esse espírito vencedor — e cobrador — para a beira do campo.

– Sou chato, mas sou campeão. Melhor ser assim do que um simpático que não ganha nada.

ge: Como anda a cabeça para o fim de carreira?

Rafinha: — É difícil, esse momento é o mais difícil para um atleta. Colocar um ponto final, pendurar as chuteiras. Esse ano eu perdi metade da temporada porque tive duas lesões graves e comecei a jogar no final de julho. Então, falei "não é justo", preciso terminar bem. Claro que eu vou querer até o meio do ano que vem ou até depois dos estaduais. Mas quero terminar bem esse ano. Terminar bem fisicamente para, com o São Paulo, chegar a um acordo para que possa ficar mais alguns meses e aí sim terminar minha carreira.

— Mas eu estou tranquilo nessa parte. Quanto a renovar o contrato ou com negociação das coisas, não esquento com isso, não. Estou com 39 anos e acho que essa é a parte mais fácil de se resolver. Acho que é mais uma questão minha mesmo, fisicamente e mentalmente também estar preparado, porque é uma responsabilidade muito grande jogar no São Paulo. Mas eu vou analisar depois que acabar o último jogo do campeonato, a gente senta e conversa com calma.

Pensar em parar é algo que dói ou você também pensa que já está de saco cheio de tudo?

— Tem hora que chego em casa e, não vou mentir, choro ali escondido, porque é complicado, né? São 20, 21 anos de futebol profissional, o jogo ali, é um detalhe. O gostoso é ali, a resenha, o convívio, as amizades que você faz. Claro, as conquistas ficam eternizadas nos lugares, mas o que envolve o futebol é também o ambiente, a parceria, o companheirismo, os amigos que você faz durante essa caminhada.
— Claro, a gente vai continuar no esporte, mas você sair desse meio é complicado. Às vezes dá aquela tristeza de saber que vou ter que parar. Mas também sou consciente que existe vida fora do futebol. Tenho amigos que pararam recentemente e falaram desse lado muito gostoso, sem ter limitação para fazer nada, poder ficar tranquilo, dormir sem ter hora para treinar no outro dia.

Esse processo de parar de jogar é individual ou você compartilha com a esposa, com pessoa mais próximas?

— Eu já conversei com a minha família desde o ano passado. É que quem vê a carcaça aqui por fora acha que está tudo bem, mas, após os jogos, os treinamentos, o corpo já começa a mostrar e ter as reações. Não é a mesma recuperação, as dores aumentam muito. E um lateral, tanto direito quanto esquerdo, com 39 anos, hoje em dia no futebol, não existe. Eu sou um dos últimos moicanos da minha geração de lateral.

– Cara, me sinto privilegiado em ter tido uma carreira como eu tive. É difícil também. Eles (familiares) gostam de me acompanhar nos jogos e sempre por onde passei fui campeão. E eles também sofrem muito. Sofri muito com as derrotas que eu tive na minha vida, que não foram poucas, mas já venho preparando minha família desde do ano passado, estão cientes de que está chegando a hora de me despedir também dos gramados.
O que é que dói em você?

— Eu nunca tive lesão muscular na minha carreira. Só que agora, de um tempo para cá, ano passado, no penúltimo jogo contra o Atlético-MG, no Mineirão, eu acabei tendo uma lesão que rompi o ligamento importante atrás do joelho e aí me complicou muito. Eu tive que fazer um tratamento muito intenso para poder jogar a final contra o Palmeiras, em fevereiro.

– Fiz algumas manobras que, fosse há dez anos, eu não faria para poder jogar aquele jogo, mas depois acabou piorando a situação. Depois daquele jogo contra o Palmeiras eu fiz muito tratamento, infiltração, muitas coisas fortes para poder jogar aquele jogo e aí depois do jogo piorou. Depois não consegui mais correr, fazer as coisas que eu estava fazendo na base de remédio. Então isso aí me travou um pouco. Eu nunca tive lesão muscular de ligamentos, de tendão, nada dessas coisas.

– Quando eu volto, treino duas semanas, joguei contra o Novorizontino em casa, perdemos nos pênaltis. Volto depois de duas semanas, estreia da Libertadores e quebro a perna. Aí fiquei quatro meses parado. Tive problemas de torção de tornozelo ou pancada, mas nunca coisa grave de ficar três, quatro meses parado, e esse ano aconteceu. Hoje eu estou jogando, mas sinto que não estou 100%, porque fiquei muito tempo parado.

A gente está falando da dificuldade no fim da carreira. Mas e o início, foi difícil também?

— O meu começo foi terrível. Jogando futebol de salão com dificuldade, sem ter tênis, sem ter vale-transporte para ir treinar. Se a gente falar em dificuldade, eu vou ficar aqui até amanhã, porque a minha infância foi triste. Passei necessidade, passei apuros mesmo, mas tinha esse sonho. Não vou mentir, nunca tive assim: "ah, quero jogar na Europa, jogar na Seleção, ter aquele título". Não, cara, eu queria virar jogador para poder dar uma vida melhor para minha família.

– Eu gostava de jogar bola, mas sabia que jogando futebol, fazendo aquilo ali, ia ser bem remunerado. Mas não tinha essa ambição. Meu pensamento era totalmente outro. Era poder jogar, ganhar dinheiro para poder levar comida para minha casa. Minha mãe comer, meus irmãos comerem. Somos em sete, e a gente não tinha nem o que comer. Então era esse era meu objetivo maior.

– Quem sabe de onde veio, sabe pra onde vai, né? Faço as coisas, mas sempre: "Olha, para ganhar isso aqui tem que fazer isso". Então, sempre mostrando o outro lado para não ter tudo fácil, porque na minha vida foi tudo difícil.

– As minhas irmãs às vezes tiravam da cartela de vale-transporte do mês para dar um dinheiro para mim. "Olha, pega esse vale-transporte e troca por um dinheiro para cachorro-quente ou pelo suco". Era complicado, com sete, ainda! Se tirasse de um ali, ia faltar. Minha casa era uma refeição só. Ou era almoço ou era a janta. Não tinham duas refeições. Não sabia o que era isso. Natal, Ano Novo, era uma bandeja de iogurte. Cada um tomava um. E minha mãe nada.

— Às vezes o que eu não gosto é quando acaba um jogo, porque tem jogador que já vai direto para o telefone, ver o que falaram... Cara, isso não é saudável. Não é só moleque não, viu. Jogadores experientes fazem isso. Não é aqui no São Paulo, é em todo lugar. Na Europa faz. Acaba o jogo, vai ver o que os caras estão falando, se estão falando bem, se estão falando mal. Hoje em dia, muitos estão deixando a identidade ser moldada pela rede social.

— E sobre o Neymar, a gente tem que tratar o Neymar com muito mais carinho, o torcedor e a imprensa às vezes pegam muito forte com ele. Neymar é o melhor que nós temos agora depois de Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, essas feras que passaram, ele é o melhor que temos.

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Comentários (2)
06/12/2024 20:15:07 F L G

Grande Rafinha. Parabéns pela luta e superação.

06/12/2024 19:29:41 Anderson Molina

linda história ...a infância pobre...a superação...valeu Rafinha!! Deus continue a abençoa-lo.

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